A sedução semeia o amor e nutre o desejo. Não podemos ter medo dela

Redação Publicado em 26/03/2013, às 11h37 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Há algumas semanas, escrevi aqui sobre como o desejo é importante no desencadeamento de uma relação amorosa. Hoje quero ressaltar que não basta desejar, é preciso que o desejo tenha mão dupla e que cada um internalize a atração recebida para que a sedução aconteça e, assim, a história prossiga, podendo se transformar em amor. Nas palavras do psicanalista francês Daniel Sibony (70), que estão em seu livro Sedução, O Amor Insconsciente (Brasiliense), “o jogo começa quando o outro, por algum motivo que só os deuses conhecem, incorpora o nosso desejo”.

E que jogo é esse? É aquela fase da relação em que um diz para o outro o que ele quer ouvir, o que desperta seus prazeres e fantasias, mesmo sem ter muita certeza sobre quem de fato é aquela pessoa, o que pensa e deseja. É um período em que ambos seguem o insconsciente, com o objetivo único de despertar o afeto e o desejo. Um momento em que fica difícil saber o que é fantasia e realidade, o que é palpável ou imaginário — a distinção entre uma e outra coisa só será perceptível quando o casal se aproximar e ocorrer o encontro.

Toda essa sedução, diz Sibony, “eterniza o desejo”. Ou seja: não acaba na fase inicial do encontro, mas se perpetua no relacionamento, permanece quando começa a história de amor — se ela começa, claro. Por isso é tão importante. Faz com que o desejo caminhe de “mãos dadas” com o amor. Se ela não acontece, como um prenúncio do amor, este esfria, o sexo deixa de existir e os sonhos tomam rumos diferentes. Resumindo, o casal se afasta. É o desejo que impulsiona a busca, o querer o outro junto em todos os sentidos e para todos os planos e projetos da vida.

O que pode atrapalhar a passagem da sedução para a história de amor? O medo, principalmente. O medo que todos temos da entrega, da dúvida sobre se é a pessoa que procuramos, com quem sonhamos. E também o medo de o desejo não perdurar quando a sedução “der no pé” e ficar só o amor — se ele ficar. Isso tudo afugenta os enamorados, dificulta a entrega e a aproximação, inibe a sedução. Uma vez bloqueado esse canal de comunicação, a relação não anda, estaciona. E, como sabemos, quem não se envolve não se desenvolve.

O medo é compreensível. De início, ninguém sabe mesmo aonde a “brincadeira” vai parar, o que pode acontecer dali pra frente. Sem saber e eventualmente ressabiadas por amores frustados no passado, acendem o sinal vermelho antes do tempo. É uma defesa. Mas é possível administrar esse medo.

Para amar, precisamos deixar que a sedução e o desejo aconteçam, ou nunca viveremos uma história de amor. A coragem pode vir da consciência desse fato, dessa ordem natural dos acontecimentos. Claro que vale a pena também evitar a armadilha de confundir o que é real e com o que é imaginário. Isso é possível, se ficamos atentos aos sinais. E no momento em que a sedução ultrapassar a atração do corpo e cada um sentir um desejo aparentemente inexplicável de estar com o outro, achando, ambos, que já se conhecem muito bem e que se completam, que se sentem plenos juntos, quando a ausência de um fizer a existência do outro se tornar insurportável, neste momento o desejo transformou a sedução em uma história de amor. Na sua história de amor.

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