Quando só um se dispõe a crescer, a relação perde o calor e o sentido

Redação Publicado em 19/07/2011, às 15h55 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

. -

Caso 1: ela fez regime após anos de casada e se tornou outra mulher. Redescobriu o prazer de sair, de ir a baladas e até a micaretas, mas ele dorme ou prefere se divertir vendo televisão.

Caso 2: ele sempre foi submisso aos desejos dela. Agora descobriu outros interesses e ela se sente ameaçada por isso.

O que há de errado com cada uma dessas pessoas? Nada. Com os relacionamentos? Tudo!

Para entendermos melhor o que acontece, vamos voltar ao início do casamento. De qualquer casamento. A mulher em geral se casa esperando que o homem mude com o passar do tempo — e ele não muda. O homem em geral se casa esperando que a mulher não mude com o passar do tempo — e ela muda. Se nenhum dos dois está preparado para lidar com a frustração das expectativas ou se só um se transforma nessa relação, passando a ter novo olhar sobre a vida, o casamento está fadado a acabar. A outra alternativa é que se transforme em solidão a dois. Isso é pior do que estar realmente só, situação em que ao menos a pessoa pode contar consigo mesma e refletir sobre seus erros e acertos. Um casamento em que um dos parceiros não percebe (ou não aceita) que o outro cresceu ou se modificou — e fica preso na relação como um bicho que não quer perder sua presa — lembra o pires de uma xícara: serve apenas de apoio, mas não tem profundidade.

Em seu livro Por Que os Homens São como São, o norte-americano Warren Farrell (68) sinaliza que homens e mulheres se sentem frustrados por razões diferentes. Cada um tem seu desejo secreto, sua fantasia primária, aquela que o impulsiona para o que está faltando em sua vida. Se esses desejos são muito diferentes após o casamento, um hiato começa se estabelecer entre os dois, a ponto de não se reconhecerem mais um no outro e começarem a se questionar: “O que estou fazendo aqui?”.

O que, afinal, significa estar junto? Ou, melhor dizendo, até quando vale a pena estar junto? Se há uma receita para fazer o amor durar é esta: não deixar de cuidar de si mesmo — e aqui falamos de mente e corpo —, não deixar de pensar sobre sua vida e sobre o que está fazendo dela, qual o seu futuro, e não abandonar os amigos. Além disso, deixar que seu parceiro ou parceira faça o mesmo. Adequar-se ao papel conjugal não quer dizer ficar sujeito às supostas preferências — ou ordens — do outro. A liberdade de cada um é o que oxigena a relação. A regra é simples: se você gosta mesmo da pessoa, deixe-a livre. Se ela voltar é porque sempre foi sua; se não voltar, é porque nunca foi.

Mas liberdade combina com casamento? Sim. Liberdade combina com crescimento individual, que é saudável para a vida a dois, em que um se recarrega com a energia do outro e os dois crescem juntos, amadurecendo e fortalecendo o vínculo. Casais que vivem assim aprendem a enfrentar os desafios constantes que toda relação apresenta.

Mas isso não é tão simples, e muitas vezes resulta em dor. Amar, mais do que uma gostosura, é um consumo grande de energia. Quando, numa relação, um dos dois percebe que o envolvimento é unilateral, ele segue adiante, buscando amar a si mesmo primeiro, até o momento em que fica pronto para encontrar outra pessoa e começar tudo de novo. Afinal, como escreveu Clarice Lispector (1920-1977): “Quem caminha sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai acompanhado com certeza vai mais longe”.
 

Arquivo

Leia também

Marido de Isadora Ribeiro morre após sofrer infarto no Rio de Janeiro

Drake tem cartão de crédito recusado durante live: ‘Vergonhoso’

BBB 23: Key Alves diz que nunca leu um livro na vida: "ficava nervosa"

Matheus Yurley tem casa roubada e ameaça: "Não vai passar batido"

Priscilla Alcantara abre álbum de fotos e arranca elogios: ‘Sempre mais legal’

Diretor de 'Travessia' comenta críticas sobre performance de Jade Picon: "normal"