Etimologia

Redação Publicado em 12/03/2012, às 15h55 - Atualizado às 16h01

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Admoestar: do latim vulgar admonestare, repreender, étimo presente também em outras línguas neolatinas: no italiano ammonestare, no francês amonester, no espanhol admonester. Educadores admoestam com delicadeza, sem insultar, mas as próprias metáforas da língua indicam que a agressão verbal substitui a física, cada vez mais rara, devido ao rigor das leis, de que são exemplos essas expressões: “mijar diante do adversário”, ter medo; “mijar para trás”, descumprir o combinado, faltar com a palavra; “mijar fora do penico”, ter comportamento inadequado, sair da linha; “mijar na cabeça de alguém”, humilhar; “levar uma mijada do patrão”, ser admoestado.

Górgone: do grego Gorgónes, filhas de Gorgo, terrível, pelo latim gorgones, designando as três deidades que tinham serpentes no lugar dos cabelos: Esteno, Euríale e Medusa, sendo mais conhecida essa última. No português designa tipo de decoração. Elas petrificavam quem as encarasse. Suas figuras ainda aparecem hoje nas carrancas, por cujas bocas flui a água dos chafarizes. Eram mulheres muito feias, monstruosas não só pela aparência física mas também pela perversidade de seus atos.

Mijar: do latim vulgar mejo, como era pronunciado o verbo meiare na primeira pessoa do presente do indicativo. No latim clássico, mijar era meiere, mas o jota tinha também som de “i”, como em juris, direito, pronunciado também iuris. O português manteve o jota: jurídico, jurisdição, jurisdicional. Mejo foi sempre pronunciado com o som que tem o jota em português e passou a significar não apenas o ato, mas também o sinônimo de urina, do latim urina, do grego oûron. O verbo, entretanto, em seus primórdios, não se aplicou apenas ao ato de eliminar a urina, mas a qualquer líquido que vazasse, como se colhe na expressão “o cano mijava água”.

Paca: do grego charax, pelo latim characulum, estaca, significando também mastro, no alto do qual está a cesta da gávea, lugar de trabalho dificultoso para o marinheiro encarregado de avistar novas terras. Foi da casa do characulum, para onde em momentos de raiva mandamos tanta gente, servindo a palavra também para designar beleza e quantidade, que o Brasil foi descoberto. Por passar de vulgar a chulo no português do Brasil, teve a expressão reduzida a paca e pacas, evitando o palavrão: bonita paca; havia gente paca. Quando exprime admiração ou raiva, uma de suas variantes é caraca. No italiano a equivalente é cazzo, pronunciada catzo e ainda não registrada em nossos dicionários. “Vada a bordo, cazzo!” (“Volte a bordo, caraca!”) foi a ordem dada ao comandante que abandonara o navio Costa Concordia antes que os passageiros fossem socorridos.

Sanitário: do francês sanitaire, relativo à saúde, mas fixando o significado em banheiro, com todos os recursos necessários à higiene íntima, incluindo pia e vaso. Pode ter havido influência de sanita, vaso sanitário em Portugal, do latim sanitas, saúde. A água sempre foi item obrigatório nesses locais, mas nos finais do primeiro milênio um viajante árabe muçulmano estranhou que os chineses usassem papel em vez de água. Quase um milênio depois, no século XIX, nos Estados Unidos, surgiu o papel higiênico.

Vulgar: do latim vulgare, aquilo e aquele que pertencem ao vulgus, povo, os plebeus, em oposição aos patrícios, da nobreza. O latim falado pelo povo era o vulgar, em oposição ao dos oradores e escritores, o latim clássico. Tradicionalmente, os nobres teriam tido costumes mais refinados do que os vulgos, não apenas na língua, mas também nas roupas, nos perfumes, nos sapatos — mas não na higiene. No Brasil, franceses e portugueses aprenderam muito com os nativos nesse quesito, incluindo o costume de banhos diários. No século XIX, as ruas não tinham lixeiras e eram locais de despejo de toda sorte de detritos domésticos, agravados pelo costume vulgar de mijar em público. A princesa Isabel (1846-1921), para combater o mau cheiro do Rio de Janeiro, mandou instalar mijadouros públicos. Todavia, achando vulgar a denominação, pediu ao escritor Visconde de Taunay (1843-1899) que criasse outro nome para esses banheiros. Ele foi ao latim mictorium, diurético, e desde então eles são conhecidos por mictórios, plural de mictório.

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