Etimologia

Redação Publicado em 02/08/2011, às 16h30 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

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Astro: do grego ástron, pelo latim astrum, astro, constelação de estrelas, presente em palavras como astronomia e astrologia. Como o fulgor dos astros celestes foi associado ao brilho do talento, astro passou a designar o indivíduo que se destaca em algum ofício, sobretudo de natureza artística ou esportiva. O Astro, novela exibida entre 1977 e 1978, atualmente em nova versão, foi escrita por Janete Clair, pseudônimo de Jenete Stocco Emmer Dias Gomes (1925-1983). O título tem a ver com a ascensão econômica e social do vidente Herculano Quintanilha, braço direito do industrial libanês Salomão Hayala, cujo filho, Márcio, em atitude franciscana, põe-se nu diante do pai, recusando a riqueza que lhe cabe.

Controle: do latim contrarotulus, o que está escrito no verso do rolo, do cilindro, pelo francês antigo contrerole, lista em duplicata, controle no francês moderno. Analisando os modelos de exercício de poder, dizem o dramaturgo e ex-editor da revista Esquire Robert Green e o produtor gráfico Joost Elffers: “Metade do seu controle de poder vem do que você não faz, do que você não se permite ser arrastado a fazer”.

Patrício: do latim patricius ou patricium, designando membro da aristocracia romana, em oposição a plebeius, plebeu, pertencente à plebes, plebe, povo. Tomou o sentido de elegante, nobre, mas também conterrâneo, compatriota. Com esse último significado aparece em Reinvenção da Infância, romance de Salim Miguel (87). Nascido no Líbano, mas alfabetizado em alemão e em português, em Biguaçu (SC), ele retoma os temas de Nur na Escuridão, romance referencial de sua obra, ao narrar com maestria e verve que lhe são peculiares as peripécias de imigrantes libaneses a caminho do Brasil: “Fiquei sabendo que o patrício infelizmente não teve como continuar a viagem, vim aqui preveni-lo e ajudá-lo no que for preciso, deve tomar cuidado, tudo no porto é perigoso, por exemplo se tem joias ou muito dinheiro não é bom deixar no quarto”. A seguir, o larápio leva o imigrante a depositar suas economias em agência bancária inexistente. Para disfarçar o embuste, sugere pagamento adiantado de duas semanas na pensão onde está hospedado com a família.

Singelo: do latim tardio singellus, diminutivo de singulus, um só, do mesmo étimo de singular, do latim singularis, único, simples, em oposição a plural, do latim pluralis, muitos. Singelo consolidou-se na língua portuguesa como sinônimo de simples, em oposição a complexo. Na linguagem cotidiana, este adjetivo tomou o sentido de desprovido de enfeites, como em decoração singela, e de inocente, inofensivo, como em brincadeiras. Aparece em Singelo Menestrel, letra do compositor Guará, pseudônimo de Guaracy Sant’Anna, na voz de Dudu Nobre, pseudônimo do músico João Eduardo de Salles Nobre (37): “Aquele neguinho que andava/ Descalço na rua e ao léu/ Assobiando Beethoven, Chopin/ Porém preferindo Noel/ Foi assim se transformando/ Num singelo menestrel”.

Tremedeira: de tremer, do latim tremere, agitar-se, do mesmo étimo de tremor (de febre, mas também de apreensão e medo) e tremular (como a bandeira ao vento). Designa estado de forte emoção, como neste trecho de Nem Te Conto, João, novela de Dalton Trevisan (86), obra-prima de sua carreira de contista extraordinário: “E me deu uma tremedeira. Até ofegante fiquei. Passava acetona nas unhas. Me vesti bem depressa. Aquela calça branca e a sandália mais chique. Fiquei linda, já viu, — Garanto que sim. — Difícil contar, Não sei se você entende. O que se passava dentro de mim. Ia ver o famoso sargento. Que tinha me largado na estrada. Por quem  lágrimas de sangue chorei”.

Vidente: do latim vidente, declinação de videns, designando aquele que vê. Passou a qualificar a pessoa que vê o que não vemos no presente, não veremos no futuro ou não vimos no passado. O vidente diz-se dotado de percepções extraordinárias, mas tem dificuldade de demonstrar isso. Tal contexto serve a que inescrupulosos, dizendo-se videntes, explorem a boa-fé dos simples. A novela O Astro foi inspirada no argentino Luiz Lopez Rega (1916-1989), apelidado El Brujo, ex-ministro que se dizia vidente. Mas a grande atração das tramas é outra: quem matou Salomão Hayala? Em 1978, foi o amante de sua mulher, Clô. Agora os roteiristas prometem desfecho diferente.
 

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