As crises pedem soluções realistas. De nada adianta alimentar ilusões

Redação Publicado em 11/09/2012, às 11h10 - Atualizado às 13h51

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Se o parceiro diz “precisamos conversar”, a maioria das pessoas logo pensa: “Vem encrenca por aí”. É que as “DRs”, ou discussões sobre a relação, que deveriam ser experiências gratificantes de entendimento e aprendizado mútuo, muitas vezes se tornam situações tensas, fadadas a terminar em briga. As razões para esse resultado em geral passam pela comunicação sem qualidade, pela negação da realidade e pela postura rígida dos parceiros. Como mudar isso?

Primeiro, precisamos lembrar que o modo de comunicar é um hábito adquirido na família de origem. As pessoas que se comunicam mal não se dão conta de sua dificuldade e muito menos percebem que ela compromete a harmonia com o parceiro e o crescimento da relação.

Já escrevi aqui sobre como certas simplificações nas conversas do casal transmitem erroneamente a ideia de que algo vai mudar — quando não há sincera disposição para isso. Outro modo de usar a comunicação para “fingir” mudanças é falar em grandes soluções. “Enquanto buscamos o inacessível, tornamos impossível o realizável”, escreveu o norteamericano Robert Ardrey (1908-1980). Ou seja, criar utopias não resolve problemas. A Lei Seca de 1920, lançada pelo governo norte-americano para acabar com o problema do alcoolismo, e a decisão da Prefeitura  de São Paulo para “eliminar” os drogados da região central da cidade são exemplos de soluções utópicas. Em ambos os casos o resultado foi o agravamento dos problemas.

Para os casais, as soluções utópicas geradas nas DRs criam expectativas de que mudanças ocorrerão. Com o tempo, as expectativas não se confirmam, os problemas se tornam mais complexos e a frustração agrava a crise da união.

Vejamos alguns exemplos:

1. Ao descobrir uma infidelidade do marido, a mulher o convence, durante uma DR, de que é hora de terem um filho. “Tenho certeza de que, ao se tornar pai, ele vai ficar mais maduro e caseiro, não vai mais querer ‘pular a cerca’”, disse depois para as amigas — e nem revelou ao marido que sabia da traição. 

2. A jovem, irritada por pagar as despesas do namorado, que não se esforçava para arrumar emprego melhor, convoca uma DR para cobrar mudanças. Na conversa, ele a pede em casamento, alegando que homens casados são mais bem-vistos e têm mais chances de conseguir boa colocação.

3. Após conviver por 20 anos com o marido alcoólatra, a mulher resolve separar-se. Na DR em que comunicaria a decisão, ele a convence de que deixaria de beber dali a dois anos, ao se aposentar, pois a bebida era só recurso para aguentar o estresse e a pressão do trabalho. 

Ora, seria mais sensato e eficaz que a primeira mulher tivesse sido franca com o marido sobre sua descoberta, a segunda visse que estava sendo usada pelo namorado e terceira enfrentasse o fato de que um alcoólatra precisa de ajuda profissional.

Soluções para problemas de relacionamento devem  ser realistas, objetivas e funcionais, ainda que dolorosas. Não se resolvem problemas reais com soluções idealizadas que apenas prolongam as crises e empatam o tempo das pessoas. Agir de modo realista, porém, requer coragem, amor próprio, atitude prática e coerência. Para aqueles que não estão dispostos a encarar as dificuldades, existem os contos da carochinha.

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