Itália propõe criminalização para criadores de sites Pró-Anorexia

Os defensores do projeto de lei dizem que a lei vai ajudar a enviar uma mensagem poderosa sobre os efeitos de distúrbios alimentares, como anorexia grave.

CARAS DIGITAL Publicado em 02/09/2014, às 14h25 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

Itália quer criminalizar sites de anorexia - Getty Images

Pró-anorexia, ou pró-ana sites, blogs e fóruns têm atraído simultaneamente preocupação e ira sobre o seu papel na perpetuação da anorexia. Os sites oferecem dicas "criativas" como, por exemplo, formas de vomitar ou como enganar o seu estômago. Eles também espalham slogans como: "Café, cigarros e Coca Diet: é disso que as meninas bonitas são feitas".

Mas acusar as pessoas que criam esses sites - e que muitas vezes sofrem de anorexia, é o caminho certo a seguir?

"Eu ficaria muito preocupada com a criminalização dessas pessoas", diz Christine Morgan, diretora executiva da Fundação Butterfly, grupo que oferece ajuda à pessoas que sofrem de transtornos alimentares."É um local onde as pessoas que não estão bem vão para obter apoio, ajuda e compreensão. Devemos estar de olho para ajudá-los com a recuperação, e não realizar a criminalização da doença".

Enquanto muitos usuários pro-ana sentem que têm encontrado um lugar onde eles pertencem e onde podem discutir a sua doença, sem medo de julgamentos, Morgan vê a existência dos sites como algo perigoso e prejudicial.

Depois de trabalhar com Instagram para proibir qualquer "thinspiration", ou imagens "thinspo" - que promovem a magreza como uma escolha "estilo de vida", seja através de fotos de alimentos com baixo teor de gordura ou fotos de mulheres e homens extremamente magros, muitas vezes com costelas proeminentes e lacunas da coxa - Morgan diz que ela ficou chocada ao ver o retorno das "thinspo" como "fitspo", imagens de mulheres anoréxicas com equipamentos esportivos.

"Na Austrália, temos um código de conduta voluntário nos meios de comunicação, a melhor maneira de abordá-los é envolver as pessoas na conversa a respeito do porque não se deve fazer essas coisas", diz Morgan.

O conceito de um código voluntário de mídia foi colocado à prova na França, em 2008, quando o país introduziu uma lei que tornou crime  "incitar" pessoas a magreza em sites, revistas e em anúncios, depois que dois jovens modelos morreram de anorexia.

O projeto de lei deu aos juízes poder para prender os infratores e aplicar uma multa de até US $ 50.000 AUD se forem considerados culpados de "incitar outros a se privar de comida" em um grau "excessivo".

A decisão foi recebida com protestos por parte da indústria da moda, como pelo estilista francês Jean-Paul Gaultier: "Esse tipo de problema não pode ser resolvido com as leis".

Desde então, as discussões sobre o impacto da anorexia e sites de pro-ana na Austrália têm sido em grande parte escondida do público, só emerge quando outros países - como a Itália, neste caso – se posiciona publicamente sobre a questão.

Jennifer Beveridge, diretora executiva de Transtornos Alimentares Victoria, diz que as abordagens internacionais para combater a ascensão do "thinspo" e sites pró-ana oferecem uma oportunidade para os australianos se engajarem em um "diálogo aberto sobre a doença, e para explorar maneiras pelas quais nós podemos fornecer um bom suporte para as pessoas que têm distúrbio alimentar".

No entanto, Beveridge reconhece que sites pro-ana podem ser bastante prejudiciais, muitas vezes perpetuando comportamentos inúteis e perigosos, em vez de incentivar as pessoas a se recuperar.

 

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