Etimologia

Redação Publicado em 31/01/2012, às 12h00 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

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Bissexto: do latim bissextus ou bis sextus, sexto repetido, porque era contado duas vezes o sexto dia de  fevereiro antes das calendas de março, que caía no dia 23. Em latim, a alteração foi resumida em bis sextus dies ante calendas Martii, repetir o sexto dia antes das calendas de março. Martii é declinação de Mars, Marte, deus da guerra, da economia, do pastoreio e das messes, a quem a sacerdotisa Reia Sílvia, obrigada à castidade perpétua, atribuiu a paternidade de seus filhos gêmeos, Rômulo e Remo, que, no século VIII a.C., fundaram Roma. O objetivo é adequar o calendário vigente ao tempo que a Terra demora para fazer a transação (em torno do Sol), em média 365 dias e meio. O ano de 2012 é bissexto e por isso fevereiro tem 29 dias.

Calendário: do latim calendarium, do mesmo étimo de calendae. Calendarius era o que se realizava no dia 1º de cada mês, dia de pagamento das contas, as calendae. No primeiro calendário da antiga Roma, o ano começava em março e tinha 10 meses, como se vê pelos étimos presentes no nome dos meses september (setembro, sétimo), october (outubro, oitavo), november (novembro, nono) e december (dezembro, décimo). Com a introdução de januarius (janeiro) e februarius (fevereiro), passou a ter 12. O primeiro mês do ano homenageava Janus, deus de duas faces, uma normal, outra na nuca, olhando ao mesmo tempo para o passado e para o futuro. O segundo mês homenageava a sogra de Reia Sílvia, Februa, que presidia às festas de purificação. Quando o ano era de 10 meses, o quinto mês, quintilis, mudou para julius, julho, e sextilis, sexto, tornou-se augustus, agosto, para homenagear Júlio César (101-44 a.C.) e Otávio Augusto (63 a.C.-14 d.C.).

Homenagear: de homenagem, do occitano omenatage, a partir do provençal ome, homem, juramento de fidelidade e subordinação do vassalo ao senhor feudal, cujo nome era homenageado também com um dia a ele dedicado. A Igreja adaptou o costume, substituindo os homenageados por santos a serem lembrados todos os dias.

Malar: do latim malae, maçãs, designando a queixada superior, ditas as maçãs do rosto, quase sempre confundidas com maxilla, a queixada inferior, palavra que deu origem a maxilar. Aparece neste trecho de Cenas da Foz, do escritor português Camilo Castelo Branco (1825-1890): “Era magra de faces, sem que se lhe vissem as proeminências malares, espécie de balizas que se levantam naturalmente onde acaba a formosura.”

Nonas: do latim nonae, plural de nona, nome pelo qual era conhecida uma das divisões do mês no antigo calendário romano. As outras duas eram as calendae (com a variante calendas) e os idus. Essas três palavras — calendas, nonas, idos — designavam os dias fixos do mês. As calendas eram o primeiro dia e a palavra deu origem a calendário. As nonas eram o nono dia antes dos idos de um dado mês. No antigo calendário romano, as nonas caíam no dia 7 nos meses de março, maio, julho e outubro, e no dia 5 nos demais meses. Os idos caíam no dia 15 nos meses de março, maio, julho e outubro, e no dia 13 nos demais meses.

Sufixo: do latim suffixus, fixado embaixo, fixado depois, com o sentido de pespegar, acrescentar. O étimo está presente em crucifixo e também em prefixo e afixo. Na língua portuguesa, sufixo entra na formação de palavras de modo derivacional ou flexional, como no caso das desinências nominais (indicando substantivos, adjetivos, artigos, pronomes e numerais) e verbais (indicando pessoas, números, modos e tempos dos verbos). Utilizamos o sufixo “ano” para designar os gentílicos nos Estados brasileiros: acreano, goiano, alagoano, baiano, paraibano, sergipano, pernambucano, rondoniano”; “ense” está em amapaense, amazonense, catarinense, cearense, espíritosantense, fluminense, maranhense, paraense, paranaense, rondoniense, roraimense, norte-rio-grandense, sul-rio-grandense, mato-grossense, sul-mato-grossense ou mato-grossense-do-sul, tocantinense. Já “ista” está só em paulista, habitante do Estado; e “ano”, em paulistano, habitante da capital, estando implícita a homenagem ao santo, Paulo (5- 67 d.C.). Às vezes, porém, os gentílicos cedem a outras denominações, como gaúcho (RS), barriga-verde (SC), capixaba (ES).

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