Folia

'Venceu a música clássica', diz maestro

<i>por Karen Lemos</i><br><br> Publicado em 11/03/2011, às 01h54 - Atualizado às 19h15

João Carlos Martins - AgNews
A música de João Carlos Martins pisou, com estilo, no sambódromo do Anhembi. Levantou foliões, misturou música clássica com o samba, emocionou na avenida e, finalmente, venceu - segundo já previa o samba-enredo A Música Venceu, da escola de samba paulistana Vai-Vai. Com a trajetória do pianista que virou maestro, a agremiação transformou uma vida cheia de altos e baixos, sucessos e quedas, em alegorias, fantasias e carros alegóricos. Com o feito, dominou os pontos na apuração do carnaval de São Paulo e saiu com o 14º título na mão. "Nunca imaginei minha história na avenida. Quando me convidaram eu pensei: 'estão todos loucos?'", declarou o maestro João Carlos Martins, entre risos, em entrevista para o Portal CARAS. Nesta sexta-feira, 11, Martins - que está nos Estados Unidos para acertar compromissos profissionais - retorna ao seu país de origem para celebrar, novamente na avenida, a vitória que sua trajetória garantiu para a Vai-Vai. A recepção, no aeroporto de São Paulo, será digna. O músico vai ser recebido pela bateria da agremiação em peso - mais uma surpresa para o grande mestre. A nossa reportagem João garantiu que não está mais nervoso. "Agora é só celebrar", ressaltou. Contudo, os minutos da apuração, que acompanhou lá dos Estados Unidos, provaram que participar do carnaval foi o ponto alto de toda uma vida brilhante. "Já regi no mundo inteiro, morei em vários países, me apresentei em casas prestigiadas; mas nada se compara a entrar no sambódromo como um grande homenageado", desabafou, emocionado. Veja a entrevista completa: - Como nasceu essa parceria com a vai-vai? Recebi o convite da Vai-Vai porque me disseram que eu seria um grande exemplo de vida para a escola. Depois de cinco meses de convivência, vendo o amor da comunidade do Bexiga e de cada integrante com a escola, minha conclusão foi diferente. A Vai-Vai e toda aquela comunidade é que acabaram servindo de lição para este velho maestro. - Imaginava sua história sendo contada em um samba-enredo? Nunca imaginei! Quando me convidaram eu pensei: 'estão todos loucos?' (risos). Foi a vitória da música clássica, que é uma música, digamos, menos divulgada aqui no Brasil. Por conta da escola de samba, foi exaustivamente divulgada. - O que passou pela cabeça horas antes de entrar na avenida? No dia anterior do desfile, toda diretoria se reuniu no hotel, perto do sambódromo, em que estávamos hospedados. Eu fiz um discurso e agradeci que o desfile caiu justamente no dia 5, que é um dia de sorte para mim na música. Aí me perguntaram se eu já tinha vencido algum concurso no dia 5. Respondi: 'Sim! Amanhã, dia do desfile' (risos). Eu tinha que estar confiante, né? - E qual foi o ponto alto lá na avenida? Um detalhe que me marcou muito, na verdade, foi durante os ensaios. Percebi que a bateria funcionava pela genialidade de um mestre (Mestre Tadeu, há 38 à frente da bateria da Vai-Vai). Às vezes eu me metia à besta e tentava reger a bateria durante os ensaios, como se fosse uma sinfonia de Bach ou Mozart. Não ia mudar nada no andamento da música, claro, mas percebi que aquele era um momento importante, em que a bateria da escola estava em meu coração, e eu estava no coração da bateria. - Você se emocionou muito na avenida, consegue descrever o que sentiu? Olha, não tem nada igual na vida, viu? Eu já regi no mundo inteiro, morei em vários países, me apresentei em casas prestigiadas; mas nada se compara a entrar no sambódromo como um grande homenageado. - Foi mais fácil reger mundo afora? Muito mais fácil, te garanto! (risos). Em uma apresentação dessa, tudo depende de você. Lá no sambódromo, não. A única coisa que dependia de mim ali era a emoção que eu carregava naquele momento. E eu posso dizer que meu coração estava com os 300 mil integrantes da Vai-Vai. - Chegou a acompanhar cenas do desfile depois? Acompanhei a apuração lá dos Estados Unidos, só. E haja lenço! Quando você mora fora, mesmo que fique três ou quatro dias fora do Brasil, você sente uma emoção diferente. Quando acabo meus concertos, sempre coloco o hino nacional no final e todos os brasileiros se emocionam. Você sente algo diferente de quem ouve o hino nacional no Brasil. - Após desfilar, ficou satisfeito com o resultado? O samba da Vai-Vai neste ano é um dos mais bonitos que já ouvi. Estou dizendo como música, como letra, esquece o João Carlos Martins. É um dos mais bonitos da história do carnaval. Tem uma facilidade de comunicação com o público, a harmonia que casou música clássica e o samba, enfim, é um samba muito forte, achei lindo. Além disso, me trouxe um reconhecimento. Soube que meus anos de luta, levando educação musical para crianças carentes também, não foram em vão. Toda noite, quando deito, sinto que minha missão foi cumprida.
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