por Bianca Portugal
A decoração do amplo apartamento em Ipanema, Rio, resume a personalidade de
Regina Martelli (56), editora de moda da Central Globo de Jornalismo. Há 36 anos vivendo no universo
fashion - começou a trabalhar como modelo de comerciais de TV - ela hoje se sente à vontade para misturar no mesmo ambiente obras de renomados artistas plásticos, como
Daniel Senise (51),
Antônio Dias (62) e
Joaquim Tenreiro (1906-1992), com uma coleção de mais de cem pingüins e diversos objetos com estampas de onça.
"Contratei o Zau Olivieri para decorar meu apartamento, mas avisei logo que a minha casa tem que ter espaço para as minhas quinquilharias. Isso era prioridade", contou. E, com a mesma autoconfiança e bom humor, Regina completa:
"Eu sou cafona mesmo. Gosto de cor, de plástico e de pingüim."
O jeito firme e seguro marca também as decisões pessoais de Regina. Após quatro abortos espontâneos, ela já há alguns anos decidiu parar de tentar engravidar, mas não abdicou da vontade de ser mãe.
"Ainda estou resolvendo. Já pensei muito em adotar. Na vida existem várias possibilidades e essa é uma delas", disse ela, casada há sete anos com o empresário do ramo de seguros
João Elíseo Ferraz de Campos (63).
- Você e João gostam de viver sozinhos?
- O João é do Paraná e a minha casa é quase uma embaixada do Estado dele. Além do mais, sou festeira mesmo. Nasci em um domingo de carnaval. Adoro organizar recepções. Às vezes, acho até que preciso de uma casa maior. E não moramos sozinhos. Temos ainda o
Big, o cachorro, e o
Guga, meu gato.
- Você adora animais?
- Sou praticamente a
Brigitte Bardot que fez plástica. O Big, por exemplo, tem quatro anos e é o rei da casa. Faz o que quer e quando quer. O Guga é um gato de rua. Eu o achei abandonado em frente de uma garagem e o trouxe para casa. Estou também sempre colaborando com ONGs de ajuda a animais.
- Essa relação com bichos invade também a decoração.
- Amo especialmente os felinos. Eles têm uma individualidade e uma independência que me atraem, além de serem muito elegantes. Vejo muito os programas com felinos do canal a cabo Animal Planet e não resisto a colocar estampas de onças e tigres em vários detalhes da casa. Para mim, o que faz um belo lar é a mistura do decorador com o gosto do dono, desde que este saiba não interferir no projeto inicial.
- E o que faz uma pessoa elegante?
- Estou há dez anos na Globo e nem sei com quantos jornalistas trabalho porque sou responsável pela imagem de toda a rede, mas todos têm em comum a postura. A moda mudou muito desde que comecei. Às vezes tenho a sensação de que não vejo nada novo. Por isso hoje conta muito mais a elegância natural, o porte.
- Mas o que fica mal no vídeo?
- Não gosto de blusa com alça muito fininha ou tomara-que-caia justo. Tento criar uma unidade visual, evitando sempre cabelo na frente do rosto ou jogado para a frente e maquiagem carregada. Mas nada é proibido. O limite é o bom senso e o bom gosto. Não podemos esquecer que eles têm que passar credibilidade.
- Como você começou?
- Admito que sempre fui apaixonada pelo mundo
fashion. Inventava moda, customizava roupas, encurtava saias, enfim, sempre chamei a atenção por isso. Moda é uma vocação. Fiz faculdade de jornalismo, mas logo me chamaram para trabalhar nessa editoria. Não me lembro de quem é, mas adoro uma frase que diz "criatividade é olhar o que todo mundo vê e pensar o que ninguém pensou". E eu sempre fui assim.
- E de lá para cá o que mudou na moda?
- Houve uma grande evolução e essas mudanças não me desanimam. Tem gente que é saudosista. Eu não. Hoje o cenário não é melhor ou pior. É apenas diferente.
- Pensa em se aposentar?
- Penso, mas não totalmente. Quero um dia dar aula em alguma faculdade de moda. Me aposentar de vez não quero. Sempre digo que vou ficar madura, mas jamais velhinha.
Produção: Neca Ponichi; Beleza: Rita Fischer.
FOTOS: ERNANI D'ALMEIDA