por Ranieri Maia Rizza
A natureza e o clima frio de Gramado remetem a atriz
Regina Duarte (60) às lembranças vividas nas inúmeras vezes em que esteve na cidade da Serra Gaúcha.
"Gramado tem a ver com uma mudança muito positiva na minha vida. Aqui aprendi muito em relação ao modo de cuidar do meu corpo, a entender o que ele está querendo dizer", conta Regina, ao caminhar nas proximidades do Kurotel - Centro de Longevidade & Spa, considerado por ela o agente da transformação ocorrida há 21 anos e cenário dessas reminiscências.
"Vim para cá a primeira vez por indicação médica, e ele passou a ser um local de muita importância na minha vida. Aqui fiz aulas de piano para a minissérie Chiquinha Gonzaga
, e sempre estive em momentos pré ou pós-trabalho. Agora estou aqui em férias e fico assim, menina, não sei por quê. Esse lugar me desperta isso", diz ela, recolhendo folhas de plátanos do chão, sem ligar para a temperatura de apenas 8 graus.
"Vou utilizar essas folhas para fazer quadros, vão ficar lindos", completa Regina.
Entre atividades físicas como hidroginástica, terapias como reeducação postural, com o fisioterapeuta
Rodrigo Simonetto (32), e até aula de culinária com baixas calorias com o
chef Paulo Gottschalk (47), a atriz falou sobre bem viver, religiosidade, o casamento de sete anos com o pecuarista
Eduardo Lippincott (56) e a recente experiência como avó de
Manuela (10 meses), filha de
Gabriela Duarte (33) e do fotógrafo
Jairo Goldflus (37). De férias da televisão desde o fim da novela
Páginas da Vida, Regina planeja voltar a excursionar com a peça
Coração Bazar no segundo semestre.
- Os dias no Kurotel estão sendo de práticas saudáveis. São cuidados comuns no seu dia-a-dia?
- Sim, mas aprendi a me cuidar aqui, depois que vim pela primeira vez, em 1986, há 21 anos. Você vê, o Kurotel tem 25 anos e eu fui uma das primeiras atrizes a vir para cá. Antes, creio que só a
Tônia Carrero. Vim por indicação médica para descansar e por recomendação da
Guta (
Maria Augusta de Mattos), que era diretora de elenco da Rede Globo. Posso dizer que a minha vida mudou para melhor. Aprendi mais do que cuidados com a estética, que tratamentos para emagrecer. Comecei a compreender o meu organismo, o que ele está querendo dizer. Você tem que saber o que come, que não é legal tomar líquido nas refeições e até uma hora após fazê-las, que se deve caminhar de acordo com a respiração, aerobicamente. Essas são apenas algumas das práticas que adquiri e aplico no meu cotidiano.
- Este também é um cenário para muitas lembranças, não?
- Inúmeras, como as vezes em que aqui já estive. Não tem como olhar para esse piano e não lembrar de que nele fiz as aulas para a minissérie
Chiquinha Gonzaga, de 1999. Foi com uma professora daqui de Gramado,
Adriana Maurina, e como eu nunca havia estudado piano aprendi os movimentos de mão na posição correta do teclado, principalmente para a música
A Lua Branca, um dos maiores sucessos da Chiquinha.
- Mas o seu estado de espírito também colabora para que esteja tão em forma...
- Se perguntarem o segredo de chegar bem aos 60, eu respondo que é a alegria de viver. Ela deve ser aprimorada com o tempo, e temos que nos divertir com as situações, ser positivos. Se você só enxergar o lado negativo, tá ralado.
- Você é religiosa?
- Sou católica e o cristianismo é um pilar muito importante na minha formação, pensando no modo de ajudar o próximo como você gostaria de ser ajudado. Mas o catolicismo está na Idade Média ao negar a camisinha, o divórcio, o planejamento familiar e a educação sexual. A falta de informação é prejudicial para a sociedade contemporânea. Acredito que a postura perante essas questões tem que ser revista pela Igreja Católica.
- Você está casada há sete anos com Eduardo Lippincot. Como ter uma relação bem-sucedida?
- Se tivéssemos o segredo não sofreríamos com a ruptura de relacionamentos. Mas eu arriscaria falar que pele é essencial, o que chamamos de química. Depois vem o respeito pelas diferenças do outro, o altruísmo... São qualidades do amor. No fundo, a palavra é amor.
- Ele é pecuarista e você se descobriu apaixonada pelo campo...
- Sempre tive muita atração pela vida no campo. Fui criada lendo autores como
Graciliano Ramos e
Erico Verissimo, que retrataram o universo rural de maneira admirável. Quando conheci o Eduardo fiquei muito feliz em descobrir que ele tem parte de sua vida nesse universo. Também tem a criação de gado, que nos proporciona muitas alegrias nas competições.
- E como é ser avó?
- Está sendo o máximo. A Manuela é muito linda e está entrando numa fase bonita. É bom vê-la engatinhando, experimentando as possibilidades da vida, conhecendo os objetos. Ela tem um deslumbramento perante as descobertas que emociona. É contagiante!
FOTOS: LIANE NEVES/LIANE NEVES FOTOGRAFIAS