por Aline Salcedo
A clássica dúvida da mulher contemporânea,
"ser ou não ser mãe", está resolvida para
Patrícia Pillar. Aos 42 anos, ela confessa: desistiu da maternidade.
"Já quis, já não quis, já fiquei na dúvida. Agora imagino que não vou mais ter filho. Se me fizer falta, daqui a um tempo adoto, não sei. O tempo foi passando. É um pouco de frustração, mas são tantas... Não dá para ter tudo na vida", desabafa, sem melancolia, e ressaltando que está realizada com tudo mais, inclusive com o relacionamento de dez anos com o ex-ministro
Ciro Gomes (48).
"Sou fã dele", frisa.
Ela admite ainda que a decisão de não engravidar mais surge num momento especial, quando teve seu instinto maternal realçado com a interpretação de
Zuzu Angel (1921-1976), personagem-título do filme que estréia em agosto.
"Ela agia sem ter noção de que estava fazendo um ato heróico, levada pelo sentimento de mãe", diz Patrícia, referindo-se à estilista mineira que, no auge do sucesso, lutou para denunciar a ditadura militar, que torturou e matou seu filho,
Stuart (1946-1971).
Na mansão da família de Zuzu e de sua filha,
Hildegard Angel (56), colunista do
JB, na zona norte do Rio, Patrícia festejou esta e outras conquistas profissionais. Além do longa, ela vive a Cândida da novela global
Sinhá Moça, e prepara, com carinho de fã, um documentário sobre o cantor
Waldick Soriano (73).
"Cada vez mais trabalho em projetos que acredito. São conquistas que vêm com o tempo", resume.
- O tempo vem fazendo bem a você?
- Passei dos 40 e não pesou. Me sinto mais serena, mais em paz. Fisicamente, não tive choque. Rugas incomodam aos outros, não a mim.
- Não assusta envelhecer?
- Acho bonito uma velhinha de cabelos brancos, rugas. É guerra perdida lutar contra o tempo, querer ser jovem para a vida inteira. Velho para mim é experiente, é sábio.
- Mais madura e mais bonita?
- Me sinto melhor do que na ansiedade da juventude. E me prefiro hoje até porque a moda nos anos 80 era horrorosa (risos).
- Também está mais fashion?
- Com certeza. Em certa fase, sentia necessidade de dizer que não gostava de roupa chique, acho que só para marcar oposição.
- É a militância política...
- Acho bobagem dizer que não quer saber de política. É onde as coisas se resolvem. Eu já era fã do Ciro antes de namorá-lo.
- O que mais gosta nele?
- O caráter. Ele é sensível, romântico, delicado, companheiro.
- Vocês planejam se casar?
- Não, assim tá bom. A liberdade é boa. Ele está em campanha, é candidato a deputado federal pelo Ceará, eu sou do Rio. A gente se esforça para ficar junto e tem dado certo.
- Seu câncer de mama, em 2002, foi o que mudou os planos em relação à maternidade?
- Não, e não foi divisor na minha vida. Fiz o que tinha que fazer e me dei alta. Sou um "cara normal", como diz Lulu Santos.
Agradecimentos: Antonio Bernardo, Favela Hype, Ka, Nativa, Via Flores; Produção: Claudia Mello, Beleza: Duh.