Para manter a população a salvo, do latim salvus, das ações dos criminosos, é preciso...

...que as autoridades federais, estaduais e municipais se entendam e acertem o foco, do latim focus, fogo, lume, de suas intervenções na área da segurança, buscando os mesmos objetivos.

Deonísio da Silva Publicado em 14/02/2008, às 18h19

Deonísio da Silva -
Considerar: do latim considerare, considerar, literalmente estar com a estrela, que em latim é stella, mas também sidus, astro, do qual se formou a palavra sideral, como na expressão espaço sideral, que é o espaço dos astros. Ganhou o sentido de pensar e refletir porque antes que os astros fossem consultados para a navegação eles o foram para predizer o futuro. Antigos magos diziam ter o poder de decifrar o que estava "escrito nas estrelas". Quando viram a estrela no Oriente, os três reis magos - que não eram reis nem três - procuraram segui-la para certificar-se do anúncio que o astro fazia. No caso, era o nascimento de Jesus. Considerar é o oposto de desejar, do latim desiderare, segundo nos ensina Ivonne Bordelois (70) em Etimologia das Paixões (Odisséia Editorial): "De-siderare, então, é sentir a falta de algo, buscar e não encontrar o destino nas estrelas". E ela acrescenta: "Aquele que deseja se afasta do destino serenamente fixado pelos astros, e, na ausência do bem querido e perdido, esta distância redobra o seu desassossego e sua ansiedade". Foco: do latim focus, fogo, é o ponto para o qual converge ou do qual diverge alguma coisa. O foco é importantíssimo para que uma imagem seja bem visualizada por uma câmera ou para que um problema seja bem compreendido. Focus tem também o sentido de lume, habitação, casa, que no português tomou o sentido de lar, de onde deriva lareira. Entre os romanos, lar era preferencialmente a cozinha, sempre com algum tipo de fogo aceso. Divindades chamadas Lares e Penates protegiam a casa ou domus, palavra que deu origem a domicílio - onde as pessoas moram. Enquanto os Lares cuidavam mais da cozinha, os Penates estavam encarregados do interior da residência, onde estavam os bens, incluindo víveres, na despensa, do latim dispensa. Cada família romana reverenciava dois Penates. As casas romanas costumavam ter três altares, onde ficavam os Lares, os Penates e Vesta, esta última com lugar de destaque, na sala, logo depois do vestibulum, entrada, que deu origem à palavra vestibular (entrada na universidade). Poliçada: de polícia, do grego politeía, pelo latim politia, conjunto de leis e disposições que têm o fim de assegurar a ordem pública na sociedade. O vocábulo, nascido na gíria carioca, não está nos dicionários, mas recebeu difusão nacional na mídia por obra do jornalista e atual deputado estadual pelo Rio de Janeiro Wagner Montes (53), principalmente no programa Balanço Geral, apresentado na TV Record no início da tarde, quando estão em casa aposentados, mulheres e crianças. Ele criou um estilo próprio, marcado por gírias e também por endossos à ação das Polícias Civil e Militar, da Justiça e do Ministério Público. Questionado por defender a polícia, que ele chama de poliçada, responde que "é preciso defender as instituições" e que "um país que não defender as suas instituições está fadado a ser destruído". Ao conclamar os policiais a enfrentarem os marginais, ele apela a palavras de ordem como "escracha", "é pra cima deles, minha poliçada". Ao gritar "escracha!", ele está usando o imperativo do verbo escrachar, que veio do castelhano escrachar, revelar, nascido da gíria policial argentina. Escrachado era aquele que tinha retrato nas delegacias, passando depois a indicar indivíduo descuidado nos modos, no vestir ou no falar, desinteressado em ocultar o que quer que seja. A origem remota é o verbo inglês to scratch, arranhar, porque os retratos eram de fato arranhados. Salvo: do latim salvus, salvo, inteiro, intacto, intocado, em bom estado, preservado. O plural latino, salvi, salvos, aparece no título da mais recente encíclica do papa Bento XVI (80), intitulada Spe Salvi. Como de costume, o título é retirado da primeira frase do texto: "Spe salvi facti sumus", "é na esperança que somos salvos", que é o versículo 24 do capítulo 8 da Epístola de São Paulo aos Romanos. O papa recorre com freqüência à etimologia nessa encíclica, buscando na origem das palavras o seu significado fundamental. Salvar-se na esperança é tarefa que requer muita paciência. Ao explicar suas teses, o papa citarecho a seguir, no qual Santo Agostinho (354-430) descreve o seu dia-a-dia como bispo de Hipona: "Corrigir os indisciplinados, confortar os pusilânimes, amparar os fracos, refutar os opositores, precaver-se dos maliciosos, instruir os ignorantes, estimular os negligentes, frear os provocadores, moderar os ambiciosos, encorajar os desanimados, pacificar os litigiosos, ajudar os necessitados, libertar os oprimidos, demonstrar aprovação aos bons, tolerar os maus e (ai de mim!) amar a todos". Pelo jeito, o filósofo e santo tinha muito trabalho.
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