No século XIX, Napoleão III criou concurso para achar um substituto para...

... a manteiga. Assim surgiu a margarina, do francês margarine, derivado de margarique, um ácido. O monarca queria reduzir os efeitos do pauperismo, do inglês pauperism e do francês paupérisme, miséria.

Deonísio da Silva Publicado em 29/09/2008, às 16h51

Deonísio da Silva -
Dicionário: do latim dictionarium ou dictionarius, dicionário, repertório de dictio, que se pronuncia "dícsio", pois esse "t" tem som de "s" em latim. É por isso que em português se escreve dicionário, com "c", de som equivalente ao do "s". O dictionarium da antiga Roma não era de verbetes, como os de hoje, mas, sim, de expressões, frases, daquilo que era dito e como era dito. O primeiro dicionário de que se tem registro é chinês, feito por Hou Chin, em150 a.C. No alvorecer do século XVI surgiu o primeiro dictionarium de várias línguas, cuja língua-base era o latim, obra do humanista italiano Ambrogio Calepino (1440-1510). Carreata: de carro, do latim carrus, carro, semelhante à carroça. É de origem gaulesa, tanto que na França surgiram a charrue e a charrette, palavras formadas a partir de carruca e carruga, derivadas de carrus. A charrete, puxada por um cavalo, é velha conhecida dos brasileiros, mas demorou a dar entrada nos dicionários. O primeiro registro é de 1975, pelo Aurélio. Os romanos, como fazem os norte-americanos com o inglês, acolhiam palavras de todas as línguas, em velocidade espantosa. Em Roma, o carro preferido era a biga, que tinha este nome por ser puxada por dois cavalos. Biga é redução de bijuga, formada a partir de bijugus, dois jugos, pois a dupla de cavalos era aparelhada de modo a garantir a perfeita sincronização das forças, como na junta de bois. Os romanos, entretanto, jamais comemoraram algum triunfo com uma "bigueata". A palavra carreata surgiu no Brasil com a mobilização popular pelas mais diversas questões, após a derrubada da ditadura militar, em 1985. Nasceu por analogia com passeata. Antes de 1964, protestos ou festejos eram feitos a pé, já que o automóvel não era tão popular. Houve célebres passeatas, como a dos 100000, objeto do livro do fotógrafo Evandro Teixeira (73), 1968 Destinos 2008: Passeata dos 100 mil. O livro nasceu de foto famosa, feita durante passeata realizada na Cinelândia, no Rio de Janeiro, dia 26 de junho de 1968. É um registro tão nítido que 40 anos depois foi possível reconhecer os rostos de cem pessoas. Para o livro, elas voltaram a ser fotografadas no mesmo lugar e contam o que aconteceu em suas vidas desde então. Os relatos ficam mais claros depois da leitura dos textos de personalidades como Augusto Nunes (59), Fernando Gabeira (67) e Vladimir Palmeira (63), que estavam lá. Hoje se faz carreata por muitos motivos, mas principalmente para comemorar vitórias esportivas ou fazer campanhas políticas. Margarina: do francês margarine, margarina, palavra inventada pelo químico francês Michel Eugène Chevreul (1786-1889), derivandoa de margarique, nome de um ácido. A origem remota é o grego margaron, pérola. De cor pérola, o ácido influenciou o nome da substância pastosa e gordurosa, resultado da mistura de óleos vegetais e ingredientes diversos, como sal e vitaminas. Mas quem inventou a margarina como alternativa para a manteiga foi outro químico, igualmente francês, Hippolyte Mège-Mouriès (1817-1880), vencedor de um concurso instituído por Carlos Luís Bonaparte, mais conhecido como Napoleão III (1808-1873), para premiar quem encontrasse um substituto para a manteiga. O imperador preocupava-se com a alimentação dos mais pobres, tanto que até elaborou uma doutrina que intitulou A Extinção do Pauperismo. O novo produto ganhou o mundo, não a partir da França, mas da Holanda, onde duas famílias fundaram a primeira fábrica de margarina, em Oss, província ao Sul. O holandês manteve o nome francês margarine. Pauperismo: do inglês pauperism e do francês paupérisme, ambas designando a extrema pobreza, a miséria. O primeiro registro inglês é de 1815. Na França, apareceu pela primeira vez no Dictionnaire Universel de la Langue Française (Dicionário Universal da Língua Francesa), de Pierre-Claude-Victor Boiste (1765-1824). A origem remota é o latim pauper, pobre. Mas no latim o sentido não era o de ter pouco, era o de produzir pouco, pois a palavra é redução da forma pauperos, junção de paucus, pouco, e peros, forma ligada ao verbo parere, produzir, que teve a variante parire, origem de parir. Pauper foi inicialmente aplicado como adjetivo pelos romanos, designando animais que produziam pouco: a galinha que punha poucos ovos, fêmeas do reino animal que davam poucas crias. Tornou-se substantivo ao designar pessoa que nada produzia ou também produzia pouco. Foi o pauper latino também que serviu de base para depauperado, pessoa sem recursos ou abatida por fome, má alimentação ou doenças. Ou por tudo combinado.
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