por Carolina Decresci
Casados há 54 anos,
Nicette Bruno (75) e
Paulo Goulart (75) são verdadeiras - e raras - provas de que uma relação pode ser imune ao tempo. Uma união de almas é o que dá o tom da vida dos dois, pais de três filhos, a atriz
Beth Goulart (47), a atriz, produtora e diretora
Bárbara Bruno (52) e o ator, coreógrafo e bailarino
Paulo Goulart Filho (43); avós de
Vanessa (32), atriz,
Leonardo (23),
Eduardo (29), filhos de
Bárbara;
Clarissa (22),
Luana (20) e
Paula (15), filhas de
Paulo, e
João Gabriel (24), filho de Beth; e bisavós de
Bruna (5), filha de Leonardo. Em eterno clima de luade- mel, o casal reviu a sua amada Buenos Aires, na Argentina. "
Gostamos muito daqui e, por ser perto do Brasil, temos mais facilidade de ir e vir", explicou Nicette, durante passeio pelo chique bairro da Recoleta.
"Nesta região encontramos obras arquitetônicas fantásticas. Inclusive costumam dizer que Buenos Aires é a Paris da América Latina", afirmou Paulo. Além de passeios por pontos turístico da cidade, eles viajaram com um compromisso marcado: conhecer os atores
Luis Brandoni (68) e
Betiana Blum (69), estrelas da versão argentina de O Homem Inesperado, peça da francesa
Yasmina Reza (48), à qual estrelam no Brasil e que, após vitoriosa temporada em SP, segue turnê pelos teatros do Sesc de Porto Alegre. Com eles, uma companhia melhor, impossível: a filha Beth. "
Das cidades que conheço, esta é das mais agitadas culturalmente", definiu ela, no elenco da próxima novela global das 7,
Três Irmãs.
- A pergunta inevitável: qual é o segredo do casamento feliz?
Paulo - Nicette diz que sou maluquinho, mas somos parecidos, temos a mesma essência. Por isso a relação resiste.
Nicette - No nosso casamento não há rotina. Quando os nos sos filhos eram pequenos, nós seguíamos certos hábitos. Eles cresceram e isso acabou.
- O que mais os atrai aqui?
Paulo - É uma das cidades com mais bibliotecas no mundo, o povo é ligado às artes, venera o artista.
Nicette - Já viemos aqui várias vezes. Até comemoramos aqui as nossas bodas de prata. Também aproveitamos que a Betinha estava de folga e a trouxemos conosco.
- Beth, você costuma acompanhar os seus pais nos passeios?
- É um prazer viajar com eles. Se posso, os acompanho, mas acho importante deixar que sigam no ritmo deles.
- Foi um passeio romântico?
Nicette - Os nossos encontros sempre são românticos, pois sou romântica. Paulo também é, mas demonstra de outra maneira. Mesmo assim, algumas atitudes dele ainda me surpreendem.
Paulo - Ela diz isso porque às vezes faço um cafezinho e levo na cama. Mas somos parceiros, não existe acomodação. Nossa profissão nos permite muitas viagens. Mesmo que sejam a trabalho, sempre arrumamos tempo para nós.
- Houve algum momento surpreendente durante a viagem?
Paulo - Estávamos passeando em uma praça e uma senhora me perguntou de onde éramos. Respondi e ela me perguntou se eu gostava de tango. Como resposta, comecei a cantar e ela me acompanhou bem baixinho. De repente, ela aumentou a voz e eu também. Quando percebemos, estávamos cantando para todos.
Nicette - Eu só observei e dizia que ele era louco. Mais foi lindo.
-
Como foi ver a versão argentina de O Homem Inesperado?
Paulo - A versão deles é mais realista, mas muito bonita.
Nicette - É emocionante ver os nossos personagens vividos por colegas e em outro idioma.
- Já conheciam os atores?
Nicette - Não; eles são encantadores. O bom do teatro é que ele permite uma aproximação única das pessoas, tanto dos que o realizam quanto dos que o assistem. Nele, nunca um dia será igual ao anterior. Isso é o que há de lindo nesta arte.
Paulo - Ao final do espetáculo, mesmo ainda não os conhecendo, fomos citados por eles e homenageados. Estávamos sentados no fundo do teatro e todo o público virou-se e começou a nos aplaudir. Foi uma emoção ímpar. Vivemos ali um momento, pode-se dizer, 'inesperado.'