Pelo mundo do cancan.
Um dos mais inquietos e inventivos nomes da alta costura, o estilista Jean Paul Gaultier deixa mais uma vez clara a sua habilidade em equilibrar o excêntrico e o clássico trabalhando a alfaiataria tradicional como poucos. O "garoto terrível", como é conhecido, consegue misturar elementos étnicos à sensualidade de seus corsets de maneira tão natural que até parece simples. Desta vez, o tema principal gira em torno das dançarinas de cancan. Para representá-las, nada melhor do que muito tule, maxifendas e detalhes embabadados. As cores fortes, em especial o vermelho, aparecem de forma pontual, com o preto reinando absoluto. Peças-chave da trajetória de Gaultier como o trench coat e o terno, vira e mexe dão o ar da graça. Modelagens amplas para as saias e acessórios com algo de punk e fetichista são os destaques para o trench. Já o tradicional dueto blazer mais calça se transforma em macacão no melhor estilo anos 1980. Tudo por conta do resgate da fuseau, hit da época. A calça afunilada femme fatale ajudam na barra e presinha nos pés também faz parte do vestido longo, ao lado das emblemáticas meias-arrastão. Ainda sobre as técnicas da alfaiataria, o estilista propõe plissados, ora em tecidos finos como o chiffon, ora em materiais mais encorpados, criando um efeito nervurado. Sem falar nos sofisticados trabalhos de passamanarias sobre a musseline. E, arrematando tudo isso, scarpins de verniz com uma espécie de tornozeleira tipo a conceituar toda essa história. Pelo visto, mesmo depois de tantos anos de estrada, o estilista consegue se manter fiel às suas raízes e ainda reeditar os próprios clássicos com jeitão de coisa nova.