por Daniela Cardarello
Apesar da surpresa e da emoção,
Marília Pêra (64) mostrou no Colony Theatre a elegância natural e o domínio absoluto que tem do palco e do público.
"Não esperava ganhar um prêmio. Não tenho inglês suficiente para o improviso. Nem o português!", brincou ao receber a Lente de Cristal de Melhor Atriz por
Polaróides Urbanas, de
Miguel Falabella (49), no 11º Festival de Cinema Brasileiro de Miami.
"Não faria o filme, o papel era da Cláudia Jimenez. Como ela não pôde, Miguel me chamou 15 dias antes. Então, quero dividir esse prêmio com ela e com o meu amado diretor Falabella", revelou Pêra, com ar jovial e cabelos mais curtos, obra de
Roger, do salão carioca Visage.
- Qual é o segredo de chegar aos 60 anos de carreira na plenitude?
- O mais importante é nunca acreditar que você é melhor do que ninguém. Há no Brasil milhões de atrizes e atores maravilhosos. Na minha idade, você entende que tudo tem seu tempo: há momentos em que não ocorre nada e, em outros, ocorre tudo. Tem que se manter viva a paixão pela profissão.
- E você consegue manter a paixão e o equilíbrio?
- A paixão, sempre. O equilíbrio? (
risos). Isso é muito racional. Com o tempo vamos percebendo que tudo é efêmero, que tem gente muito talentosa. Acabo de assistir ao filme
Noel, sobre o compositor
Noel Rosa.
Rafael Raposo é um ótimo ator. E
Camila Pitanga tem o visual de uma estrela internacional.
- Quais são os seus projetos?
- Estrear três filmes.
Embarque Imediato, de
Allan Fiterman, sobre a vida de brasileiros nos EUA. O outro é
Nossa Vida Não Cabe Numa Sala, roteiro de
Mario Bartoloco. O terceiro é do grande
Eduardo Coutinho,
Jogo de Cena.
- Você está casada há 10 anos com o Bruno Faria. O que é importante para manter a relação?
- Ele é companheirão. Gostamos de nos alimentar corretamente, de fazer exercício e de música. Não é que ele goste, mas vai comigo às óperas. Em compensação, como adora cavalos, vou ao Jockey com ele. O sonho do Bruno é ficar rico e criar cavalos. Acho lindo, mas não entendo nada. Adoramos viajar. Ele é muito bom para os meus filhos,
Ricardo,
Esperança e
Nina.
- A diferença de idade de 20 anos entre vocês incomoda?
- Não penso nisso. Ele é muito educado. É das raras pessoas que conheço no Brasil que, quando o outro começa a falar, se calam.
- E como você se cuida para manter o pique e a beleza?
- No mínimo, caminho oito a dez quilômetros por dia, uso protetor solar, faço alongamento. Agora, vou dirigir
Doce Deleite, com
Camila Morgado e
Reynaldo Gianecchini, e quero muito que façam aulas de balé clássico e de canto. E vou fazer com eles. Tenho sempre o dever de aprender, ler muito, me manter alerta. A alimentação também é importante, por isso não como mais carne.
- Você curte a boemia?
- Já curti muito, teve uma época que ia dormir às cinco da manhã e acordava uma da tarde. Mas hoje... E Bruno é ótimo, até parece mais velho do que eu, porque vai dormir às dez da noite, levanta às seis e vai fazer musculação.
FOTOS:
MARIANA VIANNA/A7 FOTOGRAFIA