... documentos ou dinheiro, em especial notas, pois cunhar, do latim cuneare, colocar marca, em moedas metálicas acaba sendo menos lucrativo, uma vez que estas costumam ter baixo valor.
Cunhar: do latim
cuneare, cunhar, colocar cunho, marca, como na produção de moedas. Hoje o dinheiro é impresso sobretudo em papel e o guardião da moeda é o Banco Central de cada país. O banqueiro alemão
Mayer Smschel Rothschild (1744-1812) escreveu: "
Dêem-me o controle do Banco Central de qualquer país e não me interessa quem venha a produzir o restante das leis". Em 2005, a revista
Forbes pôs seu nome em 7o lugar numa lista dos vinte mais importantes homens de negócios, alcunhando-o Pai Fundador das Finanças Internacionais. Seu sobrenome de nascimento, Bauer, que significa agricultor, em alemão, foi substituído por Rothschild, adaptação de rot, vermelho, e
Schild, brasão, escudo, figura que identificava o logotipo do banco da família. O presidente norte-americano
Abraham Lincoln (1809-1865), assassinado em um teatro, escreveu séria advertência sobre o poder do dinheiro: "
Uma era de corrupção se instalará nos altos escalões e o poder do dinheiro imporá à força o seu reinado, contra o interesse do povo, até que a riqueza esteja concentrada em poucas mãos e a República destruída".
Deslize: de deslizar, verbo de prodedência controversa, talvez do latim vulgar
lisius, liso, ou de origem onomatopaica, semelhando som que pessoa ou coisa fazem ao escorregar. É sinônimo de erro involuntário: a pessoa tem qualificações para não cometê-lo, mas, por influências diversas, acaba perpetrando o engano. Foi o caso deste colunista, que, no verbete "nuvem", da edição 757, atribuiu os seguintes versos, do poeta carioca
Francisco Otaviano (1825-1884), ao pernambucano
Manuel Bandeira (1886-1968), organizador da antologia em que eles foram publicados: "
Quem passou pela vida em branca nuvem/ E em plácido repouso adormeceu;/ Quem não sentiu o frio da desgraça,/ Quem passou pela vida e não sofreu;/ Foi espectro de homem, não foi homem,/ Só passou pela vida, não viveu". Há deslizes célebres. Estadistas já disseram ser Buenos Aires a capital do Brasil e ergueram brindes à Bolívia quando em Brasília - e não em La Paz. O presidente norte-americano
George Bush (61), em visita à Austrália, chamou os australianos de austríacos. E em maio de 2007, ao saudar a rainha
Elisabeth II (82), que visitava os Estados Unidos, disse que a soberana inglesa tinha estado no país no século XVIII. O deslize toma freqüentemente o significado de gafe.
Falsário: do latim
falsarius, falsário, enganador. Um dos mais famosos falsários de dinheiro de todos os tempos foi o português
Artur Virgílio Alves dos Reis (1896?-1955?). O caso está relatado no livro
O Homem que Roubou Portugal, de
Murray T. Bloom. Parece romance, mas é verídico. Primeiro, Alves dos Reis falsifica um diploma de engenheiro da Escola Politécnica de Engenharia, da Universidade de Oxford - escola que não existia! Um notário de Lisboa reconhece a validade do documento. De posse dele, o dono segue para Angola, em 1916, onde trabalha como Superintendente de Engenharia no Departamento de Obras Públicas. Ali, dedica-se a recuperar locomotivas emperradas. Em 1919, sai do emprego e recebe das autoridades este elogio: "
Alves Reis desempenhou-se das tarefas a seu cargo com grande zelo e competência, bem servindo à Colônia e do mesmo modo à República". De volta a Portugal, em 1922, compra ações de uma companhia que operava em Angola, emitindo cheques a serem descontados em Nova York. Passa 40000 dólares em cheques sem fundo e, em 1925, falsifica 2 milhões de cruzados em moedas de 500. Leva dez meses de vida nababesca. Preso, é condenado a 20 anos de prisão. Informa
Fernanda Câncio (44), na edição de 26 de janeiro de 2008 do
Diário de Notícias de Lisboa
: "
O crime de falsificação era punido com prisão até três anos, mas recuperaram uma lei que já não estava em vigor à data dos actos para o poderem condenar a 20." O economista
Armindo Abreu (67) tratou do caso na edição de março da revista Inteligência, do Rio.
Neto: de neta, do latim vulgar
nepta, palavra ligada a
nepos, sobrinho. O gênero feminino precedeu o masculino e aos poucos deixou de designar o filho dos irmãos, fixando-se na relação deles com os pais de seus pais. Em italiano, língua que também veio do latim, neto é
nipote, por influência do caso acusativo do latim, nepotem. O português flexiona para formar o gênero, o italiano não:
nipote é comum dos dois gêneros. Diz-se
mio nipote, mia nipote. O
Barão de Itararé, pseudônimo do humorista e jornalista brasileiro
Aparício Torelly (1895-1971), recomendou: "
Um cabelo branco pode-se pintar de preto. Uma ruga pode-se dar um jeito de espichá-la, de modo que desapareça. Mas a um neto é preciso ensinar, desde que começa a falar, a nos chamar de titio".