É preciso estar atento ao parceiro até na hora emque tudo parece bem

Rosa Avello Publicado em 24/08/2007, às 11h35

Rosa Avello -
Processos dinâmicos sempre tendem ao caos. Fenômenos orgânicos, quando em equilíbrio, também. Relacionamentos humanos são as duas coisas, por isso o normal das relações amorosas é que fiquem desarmônicas. Quando as pessoas estão em sintonia é porque esforços vêm sendo feitos para neutralizar a tendência ao caos. Esse empenho em manter o equilíbrio deveria partir de todos os envolvidos. Mas em geral recai sobre um só, aquele que, por motivos conscientes ou inconscientes, age compensando os desajustes. A satisfação gerada por uma relação consistente muitas vezes é fruto do envolvimento e do compromisso de poucos. O parceiro mais empenhado na manutenção da união é quem intui a tendência ao caos e se esforça para satisfazer expectativas, necessidades, metas, que, se não satisfeitas, causam tensão e desequilíbrio. Sobre ele recai o ônus gerado por essa função. Quando não recebe sinais de que seus esforços estão sendo reconhecidos, também tende a desequilibrarse, pois as ações que servem de "calço" nem sempre têm efeito imediato. Nesses casos, a ausência de reconhecimento gera angústia. A pessoa fica insegura quanto à eficácia de seus esforços. Deveria, então, ser habitual fornecer feedback quando a relação é harmoniosa. Feedback, segundo o dicionário Houaiss, é a informação que o emissor de uma mensagem obtém da reação de quem a recebeu e que serve para avaliar os resultados da transmissão. Por ser muito valorizado no contexto de trabalho, vem sendo usado na esfera das relações pessoais. É importante dar feedback em qualquer vínculo humano, também quando a relação vai bem. Mas em geral se faz o oposto, ou seja, parte-se do pressuposto de que, se tudo vai bem, é porque assim deveria ser. Se estamos felizes e nossas expectativas estão satisfeitas, é porque tudo segue seu curso normal. Nada existe para perceber, atentar, reforçar, enaltecer, aplaudir. Quando o mar está calmo e fica gostoso navegar, impera o silêncio. O silêncio, além de gerar ansiedade e insegurança, tira o entusiasmo de quem está mais empenhado. Sem nada que legitime suas ações nem mantenha o alinhamento de seus esforços, questiona a validade de seu empenho. Diminui seu compromisso. Se não for substituído pelo outro na função de gerar equilíbrio, a relação entra em crise. Acontece que o outro raramente faz isso. Como costuma ocorrer, os casais estabelecem uma complementaridade rígida da qual não tem consciência. Quando um deixa de fazer sua parte, o equilíbrio é desfeito. Nesse ponto crítico, os dois se voltam para analisar a relação. Já é motivo de piada o momento em que um ou outro chega e anuncia que é preciso"discutir a relação". Com o objetivo de superar a crise, o par se empenha em conversas e debates sobre o que gerou o caos. Mas pode ser tarde. Em geral as pessoas estão irritadas e frustradas. O teor do feedback costuma ser negativo. Queixas e acusações são comuns. Restabelecer o equilíbrio é difícil. Portanto, que tal nos habituarmos a prestar atenção em nosso parceiro quando tudo está bem? E, se na hora em que um desejo for satisfeito e um mau humor for tolerado, quem foi beneficiado verbalizar o bem que sentiu? Que tal enaltecer atitudes e comportamentos que geram harmonia, habituando-se a dar feedback positivo? Que tal reconhecer as ações de quem se responsabilizou por desfazer uma crise e aprender a dividir com ele essa tarefa? Mas será que as relações deveriam ser sempre equilibradas? Bem, em breve veremos isso.
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