Desacerto na hora do sexo sugere problema mais amplo na relação

Solange Maria Rosset Publicado em 27/06/2007, às 14h58

Solange Maria Rosset -
Uma boa vida sexual não é garantia de que o casal não terá problemas em outras áreas, mas certamente o torna mais unido e isso pode ajudá-lo a enfrentar certas questões familiares ou conjugais. Por outro lado, se a vida sexual não é boa, fica comprometida a parceria tão necessária nos momentos de adversidade. Por isso, as dificuldades sexuais não devem ser ignoradas ou menosprezadas. A sexualidade pode realimentar o casamento, pois o sexo é uma forma de expressão afetiva, e o carinho, a compreensão e a admiração também realimentam a sexualidade. Quando o casal partilha idéias, cultiva a compreensão e a gentileza, tem ideais e projetos em comum, ir para a cama é fácil e estimulante. Se a rotina conjugal é de discussões, desqualificações, cenas de ciúme, desconfiança, o sexo pode continuar acontecendo, mas como um compromisso ou uma descarga biológica para aliviar a tensão. Nesse caso, é fatal que surjam dificuldades. As pessoas são movidas pelo instinto de relação, e a sexualidade é um dos instrumentos relacionais. Assim, o distúrbio sexual pode ser a parte visível, perceptível, de problemas relacionais mais amplos. E, quando aparecem, podem piorar as coisas: o impulso sexual une as pessoas, mas as questões e as dificuldades relacionais afastam-nas. Se um casal tem dificuldades sexuais e está disposto a lidar com a questão, chegará à compreensão dos entraves da relação. O conteúdo sexual mostra, metaforicamente, o que ocorre entre as duas pessoas e que, por não ser expresso diretamente, se transformou em um distúrbio sexual. A falta de respeito pelas características do parceiro, por exemplo, pode aparecer como falta de interesse sexual - e a mágoa pela desqualificação sofrida pode se mostrar por intermédio da ejaculação precoce ou da ausência de prazer. A supressão do diálogo pode resultar em desajustes na hora do sexo. Mais íntima forma de contato entre duas pessoas, a relação sexual tem forte potencial simbólico. A intimidade realça eventuais conflitos e dificuldades dos parceiros ou da relação entre eles. Muitos sentimentos - e ressentimentos - não expressos acabam chegando à cama na forma de um distúrbio sexual. Casais que não discutem e não negociam suas diferenças, mas preferem pôr panos quentes nos assuntos conflitantes, ou varrê-los para debaixo do tapete, empurrá-los com a barriga, vão armazenando mágoas que podem virar desejo de vingança. Tal desejo às vezes aparece como ejaculação precoce, dificuldades de ereção e de orgasmo, vaginismo, falta de desejo, passividade. O processo em geral acontece silenciosamente e sem consciência dos envolvidos. Algumas vezes, um dos parceiros até tem idéia do que ocorre mas o outro, não. É comum também que, mesmo percebendo que há algo errado, o casal prefira não dar importância ao problema. No fim das contas, frustrar o cônjuge ou apontar as falhas dele por meio de relações sexuais fracassadas pode ser um bom plano de vingança. Na maioria das vezes, vem acompanhado de álibis protetores e poderosos, sem que se tenha consciência da armação. Dores de cabeça, cansaço e estresse surgem como boas desculpas. A questão mais séria dessa situação é que ela pode se transformar numa bola de neve: quanto mais desacertos na cama, mais dificuldades relacionais; estas, por sua vez, acarretarão mais problemas sexuais, que trarão mais desencontros nos outros níveis da relação. Se não for interrompida, essa rodaviva só faz aumentar as mágoas e a solidão.
Arquivo

Leia também

Marido de Isadora Ribeiro morre após sofrer infarto no Rio de Janeiro

Drake tem cartão de crédito recusado durante live: ‘Vergonhoso’

BBB 23: Key Alves diz que nunca leu um livro na vida: "ficava nervosa"

Matheus Yurley tem casa roubada e ameaça: "Não vai passar batido"

Priscilla Alcantara abre álbum de fotos e arranca elogios: ‘Sempre mais legal’

Diretor de 'Travessia' comenta críticas sobre performance de Jade Picon: "normal"