por Cláudia Boechat
A grande dama da sociedade brasileira - respeitada também no jet set internacional - visitou a redação de CARAS para conhecer as novas instalações da revista.
D. Lily Marinho (85) chegou a São Paulo em seu avião particular e estava acompanhada da princesa
Fátima de Orleans e Bragança (53) e de seu fiel escudeiro, o produtor cultural
Romaric Büel (53). A visita foi especialmente emocionante porque, ao lado de seu falecido marido, o poderoso jornalista
Roberto Marinho (1904- 2003), d. Lily estampa a capa número 1 de CARAS, publicada em 12 de novembro de 1993.
"Me lembro perfeitamente dessa viagem ao Japão", disse ela, diante da reportagem que mostrava sua segunda lua-de-mel do outro lado do planeta.
Sempre muito bem-humorada, ela brincou:
"Tive muitas luas-de-mel com Roberto. Não ficou só na segunda, não...". E acrescentou, com um suave sorriso nos lábios:
"Meu casamento com Roberto foi uma eterna lua-de-mel. Foi muito feliz, uma história extraordinária, fora do comum em todos os aspectos, uma felicidade completa. Não havia briguinhas e gostávamos das mesmas coisas, das artes, da pintura, da música..." Na redação, ela recebeu de presente um elaborado álbum com fotos das muitas reportagens publicadas sobre ela em CARAS. A cada página, uma boa lembrança.
"É minha vida que vem à tona aqui. Me lembro perfeitamente do dia de cada foto. Acho que este é o melhor presente que já recebi na minha vida", comentou. O belos
crapbooking foi feito pelas
designers Katy Placucci (41) e
Celi Mara Cornetti (43), da Scrappix - em álbum confeccionado por
Maria do Rosário Garcia (37), da Oficina de Memórias.
"Uma verdadeira obra de arte", admirou-se.
D. Lily é assinante de CARAS, mas a ansiedade faz com que muitas vezes não espere a chegada de seu exemplar e mande comprar na banca a revista.
"Assim, tenho sempre duas revistas em casa", diz com o sotaque francês que lhe confere um charme a mais.
"Sempre fui muito bem retratada na revista, fui até muito 'melhorada'", graceja, mais uma vez demonstrando sua espirituosidade.
"A relação de d. Lily com a CARASé muito boa. Sempre foi tratada com respeito pela revista e nos momentos em que pediu discrição, foi atendida", afirma Romaric Büel. Para ele, a visita também foi comovente porque não se lembrava de que ela tinha sido a primeira capa da revista.
"Desde a recepção no aeroporto, esse encontro foi cheio de delicadezas, simplicidade e verdadeira qualidade na relação entre as pessoas. Todos tinham anedotas e coisas interessantes a dizer", acrescentou. D. Lily quis saber qual a capa que mais vendeu e a admirou: nela está estampado o casal
Ayrton Senna (1960-1994) e
Adriane Galisteu (33). Estava nas bancas quando o piloto morreu. Perguntou sobre a Ilha de CARAS e, especialmente, sobre o Castelo na França, afinal, conhece seu proprietário,
Charles-André de Cossé (43), o marquês de Brissac. Percorreu a redação e pôde folhear parte da revista que receberia duplamente na semana seguinte.
Sinônimo de elegância e requinte, Lily Marinho tem tudo na dosagem certa: sagacidade, gentileza, sofisticação. Com conversa agradável, tem inúmeras histórias para contar. Modesta, disse que já relatou toda a sua trajetória em seu livro
Roberto & Lily, lançado pela Editora Record em 2004 e com renda revertida à Pastoral da Criança de Curitiba, coordenada pela pediatra
Zilda Arns (72). Contudo, a todo instante surpreende seus interlocutores com nova narrativa.
Durante almoço no restaurante A Bela Sintra, a grande dama elogia a cavaquinha para especial alegria do proprietário
Carlos Bettencourt (47), já que ela é famosa também pela sofisticação no paladar. Nascida na Alemanha, porém filha de mãe francesa e pai anglosaxão, ela inclusive comenta em seu livro a capacidade dos franceses em discorrer horas sobre o tema gastronomia. É informada por Bettencourt que a cavaquinha vem de Pernambuco e imediatamente comenta com Büel que vai pedir para que passem a comprar do mesmo fornecedor a iguaria que também saboreia em sua casa.
Devidamente formal quando a situação assim requer - porém sem nenhum traço de arrogância -, d. Lily demonstra habilidade também para se livrar de uma "saia justa". Durante o almoço, ela relembra um jantar em sua casa, quando reparou que os convidados estavam com alguma dificuldade para partir o filé de cordeiro que fora servido. Experimentou, então, o prato e percebeu que o chef errara o ponto e que a carne estava muito dura. Não se apertou. Com um sorriso brincalhão anunciou aos convidados que seriam servidos sanduíches após o jantar. Todos riram muito e a noite ganhou um colorido especial.
Aliás, a fama de excelente anfitriã acompanha d. Lily há muitos anos. Já organizou festas memoráveis e ainda hoje quando recebe amigos em sua mansão no Cosme Velho, no Rio de Janeiro, fascina seus convidados pelo primor com que elabora os mínimos detalhes. A Noite de Gala Franco-Brasileira que promoveu no Palácio de Versalhes, na França, é outro exemplo de elegância ímpar. Um segundo livro pode nascer das memórias festivas dessa anftriã, que, entretanto, sorri com humilde desdém dessa proposta. Büel e a princesa aprovam a idéia. D. Lily tem, de fato, muitas lições ainda a ensinar.
FOTOS: MARGARETH ABUSSAMRA/ABUSSAMRA PHOTOS