Cuidado e sinceridade em relação a dinheiro ajuda a proteger o amor

Luiz Alberto Py Publicado em 01/03/2007, às 16h24

Luiz Alberto Py -
Recentemente, recebi carta de uma amiga em que apresentava uma questão interessante. "Quando duas pessoas escolhem ficar juntas em uma relação amorosa duradoura, supõe-se uma entrega total. O 'eu' e o 'você' se transformam em 'nós', o casal. Os dois partilham o espaço, a casa, a família, a rotina, as despesas, os problemas. Partilham o sonho, o prazer, a alegria. Observo a dificuldade dos casais, quando ambos têm renda própria, para incluir o dinheiro na partilha. É comum um deles confessar: 'Tenho meus investimentos para o caso de uma separação. Ele (ela) nem sabe quanto dinheiro tenho guardado.' No dia-a-dia, diz: 'Nossa casa, nossa família, nosso carro', mas 'meu dinheiro', 'seu dinheiro'. Como uma relação amorosa vai florescer com essa mentalidade? Em um relacionamento verdadeiro, não deveria o dinheiro estar à disposição de ambos? Aquele que tem mais socorre quem tem menos. Amanhã, a situação pode se inverter: o que tem mais perde o emprego, por exemplo, ou fica doente e gasta tudo que tem ou precisa ajudar um filho em dificuldade. Então, qual o lugar da solidariedade dentro de um casamento quando se trata de dinheiro?" A primeira lembrança que me veio à mente foi um dos conselhos que a cineasta norte-americana Nora Ephron (65) - diretora de Sintonia do Amor e Mensagem para Você, entre outros bons filmes - oferece às mulheres de meia-idade em seu livro Meu Pescoço É um Horror, publicado no Brasil pela Editora Rocco, do Rio de Janeiro, no ano passado: "Nunca se case com um homem de quem teria medo de se divorciar". O fato é que hoje em dia a perspectiva de uma separação deve estar sempre presente na avaliação de um relacionamento e, nesse sentido, a idéia de não misturar os bens quando se casa soa bastante razoável. Mais ainda: no momento em que se instituiu a lei do divórcio no Brasil, a forma-padrão de casamento passou de comunhão total de bens para comunhão parcial, na qual o que cada um possuía antes não é dividido; também não é dividido o que for recebido por herança ou doação depois da união. Quanto à questão da partilha que ocorre em uma relação estável, cabem algumas ponderações. Não se partilham apenas sonhos, prazeres e alegrias, mas também tristezas, sofrimentos e até mesmo pesadelos. O pacote de emoções costuma ser completo e é saudável que seja desse modo. O casamento precisa implicar solidariedade em todos o momentos, não somente nos bons. A partilha de carros, residências, móveis faz sentido por ser algo prático, do cotidiano do casal, porém dinheiro e bens é outra história, como notou - mas não entendeu - minha amiga. A pergunta que cabe é a seguinte: a quem interessa essa partilha de dinheiro e bens? Por que não ficar cada um com o que é seu? Da mesma maneira que é importante haver um espaço de privacidade individual, para evitar a sensação de se estar sendo sufocado pelo outro, é interessante que se evite o sentimento de se estar sendo explorado, que pode ocorrer quando falta, na questão do dinheiro, privacidade e individualidade. Por outro lado, o fato de haver separação nas questões econômicas não impede e até facilita a possibilidade de ajuda recíproca em ocasiões necessárias. Se o meu dinheiro for nosso, como posso saborear a generosidade de dá-lo ao meu parceiro? Para ocorrer uma ajuda é fundamental que haja transparência e lealdade, e bastante cautela de parte a parte, para evitar o surgimento de desconfianças e desonestidades. Cuidado e sinceridade com as questões econômicas e financeiras protegem a relação amorosa de situações que podem destruí-la e criam um sólido alicerce para que cresça e frutifique.
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