Lembra do
tailleur Bar, de
Monsieur Dior (1947)?? Aquele que marcou a história da moda com seu
new look saia corola negra, casaqueto de
shantung creme, cinturinha de formiga saúva e, mais importante que tudo, a
basque "empinada". Mas não tanto (mesmo!) como a que
Galliano desenhou agora, em verdade um "cinto-corset", ancas exacerbadas ("rondex"), esculpidas como "cascas de ovos gigantes". Ui! Ficou um luxo! Teatral, sim,
but, who cares?? Couture é
couture, valem todos os exercícios de exagero. Sei não, claro que a essência é Dior, mas algo me transporta para as mulheres oitentaças de
Thierry Mugler, meio andróides, aerodinâmicas. Bom, isso é divagação... Olho nesses casaquetos e nesses mantôs que apostam em loucos volumes (valem efeitos plissados), enquanto as saias de tule transparente revelam - sem o menor complexo - "pernas pra que te quero!", nuas até o bumbum. O estudo de cores é doce e inesperado,
chez Galliano. Tons e semitons minerais, geleiras "antárticas", neves alpinistas. Magia pura que o negro (imprescindível, ainda que "mortal"), não consegue "quebrar". Nem o print leopardo (de repente, que susto...). Socorro! Será que essa "fome de fera" nunca mais vai se aplacar?? O que mais?? Ah, o chapéu
cloche (sino), que, tenho certeza, vai ser o "complemento-fetiche" deste inverno (estou falando da Europa, claro, porque aqui, entre nós, eu tento, a Osklen tenta, a Huis Clos tenta, mas... aiaiai, a brasileira não assume e o "chapéu-maravilha" não emplaca...). Sapatos? Um
plusplus: um pouco anos 1950, um tanto anos 3000. Alguns enlaçados, outros de tressé fininho, quase renda, plataformas empinadas, saltos feito cones (invertidos) cromados. Adoro esse
make-remake, "extragráfico", igualzinho ao que
Lisa Fonsagrives usava numa das fotos históricas de
Irving Penn, quintessência - em termos de
beauty - dos anos 1950.