...memorare, lembrar,é trazer um fato à memória para celebrar. CARAS comemora com esta edição o seu 13º aniversário, da expressão latina anniversarius dies, que significa dia que volta todo ano.
Aniversário: da expressão latina
anniversarius dies, dia que volta todo ano.
Anniversarius formou-se de
annus, ano, e
versum, supino do verbo
vertere, voltar. O supino é uma forma nominal do verbo latino que não existe em português. É substantivo, quando designa a data, mas também adjetivo.
Machado de Assis (1839-1908) alude a
"festas aniversárias" e
"presentinhos aniversários". Embora o mais comum seja celebrar o dia em que uma pessoa nasceu, são igualmente lembrados aniversários de acontecimentos históricos, como a independência dos países e revoluções, e de eventos particulares, entretanto decisivos na vida das pessoas, como dia do noivado, do casamento, da formatura e até do primeiro emprego. Os primeiros registros da palavra aniversário foram feitos na segunda metade do século 13 quando o português ainda estava muito ligado ao latim bárbaro. Esta revista, por exemplo, está no esplendor da adolescência, ao celebrar este ano o seu décimo terceiro aniversário, pois o primeiro número circulou em novembro de 1993.
Comemoração: do latim
commemoratione, declinação de
commemoratio, palavra ligada ao verbo
memorare, lembrar, donde o significado de fazer alguma coisa com alguém, "commemorar", comemorar. A palavra já estava na língua portuguesa na primeira metade do século 13. Companheiro, em latim, é comes, presente neste provérbio:
"Comes facundus in via pro vehiculo est" (um companheiro falante vale por um carro). Comemorar equivale a trazer à memória para festejar. Assim, não se comemoram mortes, mas, sim, nascimentos e acontecimentos agradáveis. Algumas pessoas notáveis, que desapareceram ainda jovens, nunca mais puderam comemorar seus aniversários - mas mesmo assim não as esquecemos. A atriz
Marilyn Monroe (1926-1962) estaria celebrando este ano seu 80º aniversário;
John Kennedy (1917-1963), o 89º;
Ernesto Che Guevara (1928-1967), o 78º;
John Lennon (1940-1980), o 66º;
Elvis Presley (1935-1977), o 71º;
Bob Marley (1945-1981), o 61º; princesa
Diana (1961-1997), o 45º;
Cazuza (1958-1990), o 48º e
Ayrton Senna (1960-1994) o 46º.
Engraxate: do italiano
ingrassati, plural de
ingrassato, engraxador, radicado no latim
incrassare, engraxar, pôr graxa em engrenagens para melhor funcionamento. Mas houve troca de sentido e engraxate passou a designar o menino que não põe graxa nas máquinas, mas pasta especial nos sapatos, para lhes dar brilho. O romancista e cronista
Carlos Heitor Cony (80), da Academia Brasileira de Letras, no belo texto
O Suor e a Lágrima, conta o que lhe passou pela cabeça depois de mandar engraxar os sapatos:
"Na hora de pagar, alegando não ter nota menor, deixei-lhe um troco generoso. Ele me olhou espantado, retribuiu a gorjeta me desejando em dobro tudo de que eu viesse a precisar nos restos dos meus dias. Saí daquela cadeira com um baita sentimento de culpa. Que diabo, meus sapatos não estavam tão sujos assim, por míseros tostões, fizera um filho do povo suar para ganhar seu pão. Olhei meus sapatos e tive vergonha daquele brilho humano, salgado como lágrima".
Miúdo: do latim
minutus, diminuído, enfraquecido, debilitado. Miúdo designa em Portugal e no Brasil meridional o menino ou a criança. No masculino plural, tem várias acepções, que vão de moedas ou cédulas de pouco valor às vísceras de reses, aves e outros animais. No feminino plural, aparece como nestes versos do poema
Feminino, da jornalista mineira
Miriam Leitão (53), publicado na revista Insight Inteligência, edição número 34, setembro de 2006:
"Mulheres acordam náufragas/ às vezes/ e se afundam no mar das dúvidas/ e das delicadezas invisíveis/ nas miúdas feridas/ que nos fizerem sem ver/ inesquecíveis dores./ Querem recolher os filhos/ esquecer os amantes/ fechar as cortinas/ e chorar o desconsolo estéril./ Querem temer o futuro/ com espanto/ e presságios". O jornalismo, que revela tantas coisas, oculta o inegável talento poético da profissional, referência em seu ofício. Ela dá tanto o que sentir com seus versos, como dá o que pensar com suas reportagens e comentários.
Pregresso: do latim
pregressus, passado, feito antes, palavra cuja raiz está ligada a progresso (para a frente) e progredir (avançar), ainda que na direção contrária. A vida pregressa de muitas celebridades foi registrada pelo jornalista paulistano
Marcelo Duarte (42) em seu conhecido
best-seller Guia dos Curiosos. Ele nos informa que, antes de ser o que foram ou são,
Burt Lancaster (1913-1994), ator de
O Leopardo, de
Luchino Visconti (1906-1976), vendia
lingerie;
Brad Pitt (42) entregava geladeiras;
Johnny Deep (43) vendia canetas;
Julia Roberts (39) era caixa de sorveteria;
Russel Crowe (42), garçom;
Sharon Stone (48), vendedora de cachorro-quente;
Whoopi Goldberg (51), faxineira de um necrotério;
Nelson Gonçalves (1919-1998), engraxate;
Agildo Ribeiro (74), telefonista;
Ary Fontoura (73), cantor de churrascaria;
Beatriz Segall (80), professora de francês;
Edson Celulari (48), corretor de imóveis;
Eva Wilma (72), bailarina clássica;
Leandro (1961-1998) e
Leonardo (43), agricultores;
Luiza Brunet (44), babá, e
Zezé Polessa (53), médica.