...É o caso de maria-chuteira, do nome feminino, mais chuteira, de chute, do inglês shoot, tiro, mulher interessada em jogadores de futebol; e de taiér, do francês tailleur, um traje feminino.
Antílope: do grego
anthólops, animal fabuloso, pelo latim
antalopus, designando gênero de ruminantes do Velho Mundo, da família dos bovídeos, abundantes na África e na Ásia. Na grafia portuguesa prevaleceu o moderno francês
antilope e não o francês antigo
antelop ou o inglês
antelope. O animal de chifres ocos e escavados tem longas pernas, que lhe permitem desenvolver grande velocidade ao correr. O biólogo
Jakob Bro-Joergensen, da Universidade de Jyväskylä, na Finlândia, descobriu que entre certos antílopes africanos são as fêmeas que assediam os machos, copulando com vários em seqüência, transgredindo uma lei presente no mundo animal, onde o óvulo é raro e o esperma abundante. A fêmea zela para que seu único óvulo seja fecundado pelo macho mais forte, que em algumas espécies precisa enfrentar os rivais para acasalar-se. Entre os antílopes examinados às vezes ocorre o contrário: fêmeas disputam o mesmo macho e até interrompem o coito das outras para arrebatar-lhes o parceiro. A velocidade do animal inspirou os descendentes do corredor inglês
Joseph William Foster (1868-1963), que mudaram para Reebok a marca do tênis com travas inventado por ele e chamado de início Foster. O novo nome é uma alteração do holandês sul-africano
reed-buck, que designa um antílope africano.
Emplastro: do grego
émplastron, pelo latim
emplastrum, emplastro, cera enxertada. Passou a designar preparação adesiva, de uso externo, feita de cera, sabão, resina, bálsamo ou borracha, em geral acompanhados de remédios, como é o caso do emplastro, para aliviar dores musculares. Dado o incômodo que causa, por metáfora emplastro passou a indicar também a pessoa chata. Alguns cremes surgiram como emplastros, como o da marca Nivea, criado pelo alemão
Oskar Troplowitz, em 1911. Ele conseguiu juntar água e óleo, elementos básicos que garantem a hidratação da pele humana. Com a derrota da Alemanha, a marca foi expropriada e chegou ao Brasil livre de patente, mas foi retomada em 1959. O creme, feito da mistura de colesterol e éster, presentes na lanolina, obtida da gordura da lã de carneiros da Nova Zelândia, leva este nome por ser "branco como a neve".
Maria-chuteira: da junção de maria, do nome preferencialmente feminino, vindo do hebraico Myrjan, pelo latim Maria, e chuteira, de chute, do inglês
shoot, tiro, arremeso, do verbo
to shoot, o mesmo para indicar a ação de atirar. O vocábulo ainda não foi para os dicionários, mas logo irá, pois foi criado pelo povo e já tem largo uso no mundo do futebol para indicar a mulher jovem, bonita e atraente que ronda os clubes em busca de parceiros (jogadores muito bem pagos) que lhe garantam vida confortável após relacionamentos rápidos, às vezes durando apenas o tempo suficiente para engravidar. Marias-chuteiras farejam indicadores econômicos e financeiros, como o carro que seus alvos usam para ir aos estádios e as roupas que vestem. As antílopes que assediam os machos garantem apenas o filho concebido, mas as marias-chuteiras garantem boa vida a si mesmas e aos rebentos, graças a bons advogados especializados em separações litigiosas.
Taiér: do francês
tailleur, talhador, radicado no verbo latino
taliare, cortar, podar, mas que com o passar do tempo veio a designar o alfaiate e depois a veste feminina feita pelo
tailleur, alfaiate, costureiro, ou pela
tailleuse, costureira, constituída de saia justa, até o joelho ou pouco abaixo, e casaco acinturado. A palavra taiér ainda não está nos dicionários, prevalecendo, por enquanto, a designação original francesa para o traje, que é o preferido por mulheres elegantes, principalmente quando desempenham cargos antes privativos dos homens. O inventor do taiér tal como o conhecemos hoje foi o costureiro francês
Christian Dior (1905- 1957). Ao morrer, ele deixou um império a outro estilista,
Yves Saint Laurent (71), igualmente francês, que criou, em 1966, o "smoking" feminino, sobre cujo poder transformador escreveu a inglesa
Suzy Menkes, editora do jornal
International Herald Tribune:
"Hoje as mulheres andam normalmente de terno e calça comprida. Isso parece normal, cotidiano, mas na época a mulher era proibida de entrar num restaurante ou num hotel. O smoking, usado até hoje, destinado à mulher que queria ter um outro papel, foi uma provocação sexual."