por Ana Silvia Mineiro e Luciana Azevedo
Pouco antes de completar 100 anos, no sábado, 15, o arquiteto Oscar Niemeyer não estava convencido da importância das homenagens e das comemorações pelo seu centenário.
"Um dia escrevi um artigo para uma revista em que falava com esse ser interior que existe dentro de nós e conversa com a gente a vida inteira. E ele dizia: 'Oscar, não vai nessa conversa de 100 anos. Isso tudo não tem nenhum sentido'. Mas, agora, isso é um motivo que me agrada porque os amigos e familiares comparecem. Isso é bom para mim", disse ele, durante sua badalada festa de aniversário organizada na Casa das Canoas - projeto de 1952 e um dos marcos arquitetônicos do mestre das linhas curvas -, no bairro carioca de São Conrado. Niemeyer tinha razão. Os amigos compareceram em peso.
Chico Buarque (63) levou a mãe,
Maria Amélia (97).
"Oscar é meu amigo há 80 anos. Daqui a 10 anos, volto para comemorar os 110 anos dele", emocionou-se ela, em uma cadeira de rodas para não se cansar, segundo Chico.
"Os 100 anos de Oscar representam para a humanidade uma maravilha. É uma vida muito bonita. São 100 anos dessa lucidez, dessa vontade de trabalhar e de namorar", afirmou o compositor, que ouviu sua música
A Banda ser tocada na sua chegada à casa.
Rodeado pela mulher,
Vera Lúcia Guimarães (61), com quem se casou em novembro do ano passado, a filha única,
Anna Maria Niemeyer -da união de 76 anos com
Annita Baldo (1909-2004) -, quatro netos, 13 bisnetos e seis trinetos, o patriarca era coberto de atenções e mimos.
"Ele é meu amigo, meu companheiro, meu mestre. É único para mim", disse Vera, enquanto acendia a cigarrilha do marido, um dos prazeres cultivados por Niemeyer.
"Ele nunca cansou de repetir que, se a pessoa tem 10% de sanidade, já é o suficiente para melhorar a vida. Acho que, se todos fizessem os 10% de Oscar, a gente viveria em um mundo perfeito", afirmou o engenheiro
Carlos Renato Niemeyer (39), bisneto do arquiteto.
Niemeyer recebeu ainda os parabéns de políticos, como o ministro do Esporte,
Orlando Silva (36) - com a mulher, a atriz
Ana Cristina Petta, e a filha,
Maria (10 meses) -, o ex-ministro
José Dirceu (61), o senador
Marco Maciel (67), o ex-governador paulista
Orestes Quércia (69), o deputado federal
Ciro Gomes (50), e o governador de SP,
José Serra (65).
"Se tivesse que resumir o Niemeyer, diria que ele é alguém que sabe viver, ficar ligado no futuro e, no fundo, ser otimista também", afirmou Serra.
O bolo do arquiteto servido aos convidados reproduzia uma de suas obras mais recentes, o Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói (RJ), que começou a ser construído em 1991. O arquiteto, que além de prédios, em consonância com sua militância comunista, projetou vários monumentos de protesto, como o de Volta Redonda (RJ), contra a morte de três operários da CSN, ganhou também o abraço de
Marília Guimarães (60), presidente do Comitê de Defesa da Humanidade, e dos atores
Hugo Carvana (70),
Antônio Pedro (67),
Letícia Spiller (34) e
Felipe Camargo (47), acompanhado de sua mãe,
Corina Baldo (75).
"A irmã do meu avô era a Annita, que foi casada com Oscar a vida toda. A gente sempre freqüentou a casa dele, especialmente na minha infância. Eu o chamava de tio Oscarzinho", lembrou Felipe.