Passado vira futuro em branco e preto e...é assim que as fashionistas de carteirinha vão circular em Paris e no mundo, quando- em outubro de 2006 - o frio começar a apertar: chapéus-bombas, extra-gráficos, modelitos-esculturas, botas plataformas altíssimas, estranhíssimas..., no limite da ortopedia-
fashion (o
design é de Pierre Hardy). Claro, é a coleção do
Nicolas Ghesquiére que mergulha agora nos anos 1950 (quasequase 1960) do Mestre Cristobal Balenciaga. Resultado: a moda chega mais ornamental do que sempre foi, mais barroca, com direito a adamascados (voltam com tudo os tecidos em alto relevo), bordados, brocados e rendas. O melhor de tudo chez Balenciaga? Seus volumes simplificados, depurados até quase a abstração. Um mantô de
damassé de seda cremosa, todo
souflé, parece que acabou de "sair do forno", mas nasceu - em verdade - em 1963! Os vestidos de crepe branco com seus panejamentos drapeados, não podem ser mais modernos mas... nasceram em 1968! Não, darling, nada parece retrô, muito pelo contrário, a linguagem é pra lá de futurista. Nicolas tem
the knack e joga o passado para a frente. Ou - acho que é isso - a modernidade de Balenciaga era tanta, a arquitetura complexa dos seus modelos tãotão incrível - que
40 years later - ainda têm tudo a ver com o novo milênio. Adoro esses tailleurzinhos quadriculados, com seus casaquetos pequeninos, golinha minúscula, arredondada, botões graúdos, agora bem casados com minimíssimas bufantes e colantes negros. Sinto um perfume de Courréges no ar, mas isso não me espanta. Ele também foi assistente do mestre e, quando lançou sua moda espacial em 1965, "lembrou direitinho" suas lições de arquitetura-
fashion... Conselhinho amigo: nem tente copiar Balenciaga porque não vai dar certo. Questão de técnica, pertinência, competência... Vai daí que - fazer o quê?? - pode morrer rapidinho com seu cartão de crédito...