Aproveite o Dia dos Namorados e estreite os seus laços com o amor

Alberto Lima Publicado em 08/06/2006, às 13h51

Alberto Lima -
As instâncias do amor e seus ritos permitem que o percebamos como um processo, além de favorecer que nos apossemos do privilégio de ser os escultores da obra. Um exame das etapas da construção amorosa, no plano das parcerias, evidenciará o significado de cada uma e delineará as funções que nos cabem como artesãos. O enamoramento é a experiência do amor nascente, do momento em que Eros se insinua em sua pureza e em seu frescor recém-constelado, a um só tempo arrebatador e silencioso, transformador e sutil. Ali se forma a semente a ser cultivada. Pode-se fazer analogia com a experiência da concepção, uma vez que, fertilizados pela surpreendente força de Eros, os parceiros "nunca mais serão os mesmos". Algo ali se desvirginou e uma transformação foi irreversivelmente engendrada. O namoro, por sua vez, é o templo em que se cultiva o amor, o laboratório alquímico no qual se dá o processo de potencialização e fortalecimento da capacidade amorosa - inerente a todos os humanos, mas que tem de ser ativada para integrar o acervo consciente de uma pessoa. A semente amorosa, acolhida na terra frtil dos parceiros, precisa brotar, enraizar-se, revelar-se à superfície e crescer em direção ao sol, símbolo da consciência. O noivado é o templo no qual se forma um compromisso interno com o amar, com a responsabilidade e a honra de se perceber capaz de amar e de se nutrir com o amor do outro. Esse compromisso é compartilhado, o que torna o noivado um rito de passagem, uma confissão pública de que se atingiu a maturidade e a disponibilidade requeridas para o enlace matrimonial e tudo que o envolve. A cerimônia de casamento é o ápice do noivado e o momento em que se reconhece e se assume o caráter sagrado da união, que confere significado espiritual ao vínculo entre os amantes e passa a regê-lo. A zeladoria do homem e da mulher consiste em manter acesas em sua consciência a responsabilidade e a alegria que a conjugalidade traz. O casamento é o templo no qual se cultua, se preserva e se deixa frutificar o amor. O prazer contido na experiência gratifica e oferece motivação para a continuidade do processo; o manejo dos conflitos,outra faceta da mesm experiência, provê consistência ao aspecto "labor" da construção amorosa. Se bem-feito, fortalece o vínculo e capacita os amantes para os embates necessários. Na estrutura e na dinâmica que descrevi, destaca-se o namoro como o palco onde os parceiros, grandes artesãos do amor, se ocupam da gestação amorosa. Numa cultura pobre em rituais como a nossa, é possível que, fora do âmbito institucional, o namoro seja a reserva ritual que se preserva entre nós, intensa e forte em razão de sua longevidade, do grau de motivação que o mantém vivo e da pujança de Eros que lhe dá sustentação. Que o 12 de junho não seja só uma efêmera ocasião para despistar o amor em favor de uma protocolar dúzia de rosas, um novo relógio, uma visita frugal ao motel mais conveniente. É importante e urgente o exercício do namoro como a grande barriga na qual se vai gestar o amor, o único antídoto capaz de fazer frente à fragilidade dos vínculos amorosos, quando precariamente formados e, assim, ameaçados de ruptura. Casados precisam namorar para conceber novas facetas do velho amor e, graças a elas, renovar a união. Namorados precisam namorar bastante para que o desenlace sejam uniões consistentes, ou serão logo desfeitas, porque fracas. Solteiros e descasados precisam namorar tanto ou mais do que os outros, para manter acesa a esperança relativa às possibilidades criativas do encontro amoroso, sempre tão almejado. "Navegar é preciso; viver não é preciso", disse o poeta português Fernando Pessoa. O namoro pode contribuir para tornar a imprecisão da vida mais navegável. Para você, então, alquimista, um feliz namorar!
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