Erótico ou monástico, a verdade é que
Ricardo Tisci está "segurando" com energia (e uma notável força gráfica) esse
new-time da Maison Givenchy. Ele é autoral, classudo e não entra mesmo "numas e outras". Sua coleção verão prêt-à-porter (lembra??) deu show de bola com aqueles "
pois" maiúsculos/minúsculos (bordados, estampados ou perfurados), enquanto Paris e o mundo se perdiam numa avalanche de flores, meio enjoativa... Agora, o mesmo rigor (ou mais ainda...) marca "cada centímetro" de sua Couture. Silhueta-chave: uma bailarina-gótica, como ele diz, de black. Top fazendo clima drama, de repente quasequase beirando o selvagem... A saia, apoiada nas ancas, se abre em leques godês, empertigados. Por dentro, romance: forro de organza branca acabando em
ruches "confeitadas", delicadas. Ainda com a mesma saia-dançarina, casaquetos curtos e petulantes, corte afiado, cinturinha marcada, botõezinhos sinalizando as costuras e acabamentos engalonados com
torsades de seda. Ambigüidade? Perversidade? Excentricidade? Tudo isso é pra lá de moderno, o que não quer dizer sádico, caricato e muito menos "modernoso". Adoro a simplicidade com que ele joga na passarela "apenas" uma calça de couro negro justajustajusta, inesperadamente bem-casada com uma camisa branca, que até irrita de tão perfeita. É de um nada, é de tudo! O que mais?? O dia vira noite e chegam os decotes "enfaixados", as saias que se dobram e se desdobram em viravoltas mirambulantes. Depois, um spencer filigramado, efeito renda de prata. E... ui!, os smokings dark iluminados por placas de ouro de 18 quilates parecem esculturas, very
Klaus Nomi (o cantor mais gráfico & dramático dos anos 80). No fim, bem no fim, "fecha" um bolero-lanterna lembrando origami chinês. Ou - aiaiai - a própria rainha
Vitória "sufocada" por um ataque furioso daquelas suas decantadas golas-coroas plissadas...