por Carol Martins
Arte, cultura e meio ambiente pontuaram a estada agitadíssima - e inesquecível - de
Beth Goulart (45) em Bonito, paraíso ecológico a 330 km de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul. Demonstrando gosto pela aventura e um amor especial pela natureza, a filha de
Paulo Goulart (73) e
Nicette Bruno (73) conheceu todas as atrações oferecidas pela cidade.
"É uma emoção enorme estar num lugar tão especial do país", comentou a atriz, que foi a Mato Grosso do Sul para apresentar o 7º Festival de Inverno de Bonito.
"Falar de arte é comigo mesmo", acrescentou ela.
Trabalhando desde os 13 anos de idade, Beth já atuou em peças, cursos, novelas, especiais para TV, minisséries, filmes e, como cantora, fez vários shows, gravou três discos e participou de um Festival de Música Popular Brasileira.
"Sempre busco descobrir uma linguagem que possa unir cada vez mais a dança, a música e o teatro, que euamo", explicou ela, que é mãe de
João Gabriel Carneiro (23), fruto de sua união com
Nando Carneiro, de quem está separada há mais de 18 anos.
O paraíso das águas, como é conhecida Bonito, é rodeado por balneários, cachoeiras e grutas. O clima quente, próprio da região, favoreceu os passeios realizados por Beth. O ecoturismo é uma das principais atividades econômicas do lugar. Nos roteiros de aventura, caminhadas em trilhas, flutuações, mergulhos, tirolesas, rapel e outras diversões. No Taboa Bar, a atriz aderiu ao costume de deixar uma marquinha na parede das assinaturas.
"Adoro conhecer os lugares e as pessoas, saber de que forma elas vivem, estar sempre em busca do novo", contou Beth.
- É a primeira vez que você viaja a Bonito?
- Para passear, é a primeira vez sim. A trabalho, estive em Campo Grande há dois anos para apresentar a peça
Dorotéia Minha, dirigida por
Victor Garcia Peralta, que são textos meus em cima das cartas de amor que
Nelson Rodrigues escrevia para a minha avó,
Eleonor Bruno, mãe da minha mãe. Aí, o
Pedro Ortale, que é o presidente da Fundação de Cultura do Mato Grosso do Sul, sugeriu que eu conhecesse Bonito, e eu fui. Não deu outra, me encantei com o ecossistema. Pensei: preciso voltar para aproveitar. Então surgiu o convite para eu apresentar os shows do Festival de Inverno e eu topei na hora.
- E qual foi a sua impressão?
- Eu só sei que Deus existe e ele está aqui. Quando você está no meio de um lugar como este se dá conta de que precisa preservar o planeta para melhor usufruí-lo. Esse sentimento é importante. A natureza mais forte de Deus é a arte mais forte dos homens.
- Dentre os passeios que você fez, qual foi o mais emocionante?
- É tudo muito lindo. São trilhas diferentes, que levam a diversas paisagens, desde a mata fechada até a mudança da fauna a cada momento. Na reserva de Baía Bonita fiquei encantada com o aquário natural. Flutuei uns 40 minutos, num percurso de cerca de 900 metros pelas águas mais cristalinas do mundo. Elas são assim por causa da riqueza do calcário dissolvido, que limpa as sujeiras que caem das árvores. Você se sente um peixe, e é bom perceber outras dimensões para ter outro ponto de vista da realidade. É uma delícia, estou no paraíso!
- A arte também fez parte do seu roteiro turístico?
- Estar em contato com a natureza e falar de arte é comigo mesmo! Fui conhecer a exposição da escultora
Conceição dos Bugres, que faz parte do acervo do artista plástico
Humberto Espíndola. Fiquei fascinada com a maneira que a artista reproduziu as características e feições próprias e marcantes do povo sul-mato-grossense. E ela fazia isso com golpes de facão e machadinha dadas na madeira bruta, com corante, cera de abelha e uma habilidade enorme. O mais emocionante é ver o orgulho e o valor que o povo daqui dá à sua cultura. Isso valoriza os artistas. Também fui à casa de uma artesã local, a
Buga, que expôs dois trabalhos na Galeria do Festival. Gostei de cada peça que vi. Ela tem roupas, acessórios e tudo para decoração.
- Qual a importância do Festival de Inverno para o Brasil?
- Este festival foi idealizado para falar de arte, e eu vim contribuirpara que ele se fortaleça. No ano que vem quero trazer alguma peça de teatro. É muito bacana um evento como esse aqui em Bonito, o intercâmbio de cultura que acontece é importantíssimo para todos os níveis sociais e todas as idades.
- E seus projetos para este ano?
- Tenho três projetos em andamento, vou fazer todos. Ainda não tenho a data certa, mas vou gravar cenas de um musical para o cinema, com direção da
Lúcia Murat, que já está sendo filmado, e que se chama
Eu prefiro a Maré. É uma história inspirada em
Romeu e Julieta. Fala sobre dois jovens moradores das favelas cariocas, que vivem entre a música e a dança dos projetos sociais da comunidade. Eles precisam conviver com a arte no meio da criminalidade, e esta é a realidade que se vive hoje. O outro trabalho é uma peça de teatro, que estréia em novembro no Instituto Telemar, do Rio, intitulada
Quartets, de
Reiner Müller. Este espetáculo é a continuação da pesquisa iniciada com a peça
Decadência, de
Steven Berkoff e direção do argentino
Victor Garcia Peralta, com a qual ganhei o Prêmio Shell- Rio 2000 de Melhor Atriz. Atuarei novamente com o
Guilherme Leme e faremos quatro personagens, só que agora focando em outros assuntos do relacionamento de dois casais. Outra novidade é que recebi um convite do
Gilberto Braga para fazer a próxima novela das oito da Globo. Ainda não sei nada sobre o papel, mas fiquei feliz.
- Você vive com o seu filho. Como é sua relação?
- Ele é o meu melhor amigo.
- João tem vocação para a arte?
- E muito. Ele gosta de escrever e faz programação visual para peças. Já fez para algumas minhas. Também é escritor e tradutor, fez o texto de nossa peça que estréia em novembro. João é ótimo no que faz.
- E quanto ao amor? Você não está namorando?
- No momento estou solteira. Meu coração está quietinho. Tenho tanto trabalho que acho que ele só quer se dedicar a isso.
FOTOS: CRISTINA VILLARES/MARIA CRISTINA VILLARES ME