O reencontro de Christina com as suas telas

Dez meses após enterrá-las no Caminho de Kumano, no Japão, ela comenta a ação da natureza

Redação Publicado em 21/12/2009, às 19h17 - Atualizado às 19h19

Christina oferece o quadro Dália ao monge Ietaka Kuki, no Kumano Hongu Taisha, espécie de templo. - Yauyoki Urano
A artista plástica Christina Oiticica (57) refez sua peregrinação dez meses após deixar 15 quadros enterrados no solo do Sagrado Caminho de Kumano, no Japão. Dessa vez, para retirar e expor as telas inspiradas no trabalho do pintor Itô Jakuchù (1716-1800), que retratava flores, pássaros e peixes. Logo no primeiro local, onde ficaram três obras, a mulher do escritor Paulo Coelho (62) foi tomada por uma grande ansiedade. "O primeiro quadro que retirei, o Hibisco, o maior de todos, estava completamente destruído por causa da umidade. O Caminho ficou com a maior parte dele e não deu para recuperar. Do segundo, As Três Flores Azuis, só consegui resgatar um pedacinho. E olha que as telas eram de juta, um material muito resistente. Mas pude aproveitar o último, O Caminho, apesar de bem danificado. Descobri que o lugar em que estavam serve para plantar arroz, a terra é muito molhada", explicou Christina que, desde 2002, utiliza a técnica de buscar a interferência da natureza nas suas pinturas. No fim da viagem de nove dias, ela montou a exposição Kumano-Kodo Caminho da Mãe Terra com 13 telas em Hongu, cidade onde termina a peregrinação pela região japonesa. - Quando viu as telas destruídas, ficou assustada? - Fiquei nervosa, porque não sabia o que iria encontar e já estava tudo pronto para a exposição, com molduras preparadas e data mar cada. Mas, no segundo local, o susto passou. Fiquei muito feliz quando desenterrei o quadro Girassóis. Estava bem trabalhado pela natureza e muito bonito. - Trabalhado de que forma? - Sofreu uma forte interferência da natureza. Tinha raízes e a cor da terra do Caminho ficou muito misturada ao trabalho. O fundo dos quadros que levei era dourado e o solo de lá é quase dessa cor. - É sempre tão emocionante o resgate dos trabalhos? - É surpreendente, sim, porque você não sabe o que vai encontrar quando volta para pegar as telas. Por exemplo, não esperava que aquelas duas obras ficassem tão destruídas. Nem quando enterrei na Amazônia, que é muito úmida, minhas obras foram danificadas desse jeito aqui. - Mas tudo deu certo, não? - Tudo se encaixou muito bem. Antes de viajar, eu havia sonhado com crianças. Coincidentemente, foi um grupo de pequenos estudantes que viu a exposição pela primeira vez, na abertura. Essa viagem foi especial, maravilhosa
Arquivo

Leia também

Marido de Isadora Ribeiro morre após sofrer infarto no Rio de Janeiro

Drake tem cartão de crédito recusado durante live: ‘Vergonhoso’

BBB 23: Key Alves diz que nunca leu um livro na vida: "ficava nervosa"

Matheus Yurley tem casa roubada e ameaça: "Não vai passar batido"

Priscilla Alcantara abre álbum de fotos e arranca elogios: ‘Sempre mais legal’

Diretor de 'Travessia' comenta críticas sobre performance de Jade Picon: "normal"