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Farmacêutico, Breno da Matta, de Renascer, deixou a carreira para virar ator: 'A arte foi me buscar'

Em entrevista exclusiva à Revista CARAS, Breno da Matta, que vive Pastor Lívio em Renascer, conta como virou ator e narra perrengues que já enfrentou

Reconhecido nas ruas, o ator celebra o sucesso - Fotos: André Ivo
Reconhecido nas ruas, o ator celebra o sucesso - Fotos: André Ivo

A palavra axé no idioma iorubá significa poder ou força. E, como um bom baiano, Breno da Matta (41) tem isso de sobra! Estreante em novelas — ele dá vida ao pastor Lívio, no remake da global das 9, Renascer —, o ator viu a Bahia atravessar seu caminho de diversas maneiras e o levar para as artes. Farmacêutico formado, além da novela, ele está no ar com a série Justiça 2, do Globoplay, e revela que, por muito pouco, não desistiu da carreira artística. Só mudou de ideia após passar no teste para a história de Manuela Dias (47) e, depois, receber o convite para a trama de Benedito Ruy Barbosa (93) e Bruno Luperi (36). “É uma novela que fala sobre mim, sobre minha história. Tinha que fazer Renascer, acredito que o que tem que ser seu, tem força para acontecer”, assegura ele, durante conversa exclusiva com CARAS, no Portinho, no Rio.

– Você é farmacêutico. Como a arte entrou na sua vida?

– Foi muito por acaso. Eu já era adulto quando assisti à minha primeira peça de teatro, morava em São Paulo, era formado. E foi uma peça baiana, que ficou na porta da minha casa meses, era só atravessar a rua. Assisti e me encantei. Depois, eu assisti a outra peça baiana e foi quando comecei a fazer teatro. A arte foi me buscar e eu agradeço muito por isso.

– Antes disso, você nunca tinha pensado em ser ator?

– Nunca, só que a arte já estava ali. Quando era pequeno, sempre fiz imitações na escola, sempre fiz muita brincadeira que, de alguma forma, tinha a ver com ser ator, mas eu não pensava na profissão, tanto que entrei na faculdade aos 16 anos, fiz Farmácia muito convicto do que eu queria. Só que a vida não foi dando certo na Farmácia, porque ela tinha que dar certo na arte. Eu estava fazendo pós-graduação em Bioquímica de Elementos e a universidade entrou em greve. Fui passar uns meses em São Paulo, trabalhei como modelo, que era coisa que eu não gostava. Na verdade, vivi como modelo, porque não ganhei (risos). E aí fui descobrir o teatro porque essas coisas aconteceram, senão, talvez, hoje eu estivesse casado, com dois filhos, barrigudo, esperando dar sexta-feira para tomar cerveja.

– Você foi para uma carreira mais instável ainda. Deu medo?

– Deu muito medo, até porque demorei muito para me entender enquanto artista, de falar: ‘Sou ator’. A primeira vez que escutei isso foi minha mãe falando e aí minha ficha caiu. Quando preenchia alguma ficha, sempre colocava farmacêutico. Eu trabalhei em drogaria das 23h às 7h da manhã durante três anos para fazer escola de teatro. Eu sempre tive altos e baixos, instabilidade financeira. Inclusive, quando peguei o teste de Justiça 2 eu estava quase largando a carreira.

– Por quê?

– Porque com a pandemia eu fiquei quase três anos sem trabalhar, sem ganhar dinheiro. Os projetos que me meti em 2022 não me deram um retorno financeiro, eu tinha uma grana guardada ainda e pensei que, quando essa grana acabasse, não estava mais disposto a passar outro perrengue. Eu já tinha passado alguns perrengues na vida e não precisava mais disso, eu já tinha outra profissão. Eu tinha mais uns cinco meses de dinheiro com as contas pagas e quatro meses antes de o dinheiro acabar, rolou Justiça 2 e emendei direto com Renascer.

– E como foi isso?

– Não foi nada por acaso, porque depois de dez anos de carreira, depois de dez anos com cadastro na TV Globo, fiz meu primeiro teste na emissora para a novela Amor Perfeito. Não peguei o papel, mas quem faria a direção da novela seria o Gustavo Fernandez, que é o diretor de Renascer e de Justiça 2. Eu tinha que encontrar o Gustavo, porque estava no meu caminho fazer Renascer. Fiz Justiça 2 e depois recebi o convite para fazer a novela, que é ambientada na região em que eu nasci. Eu nasci em Itabuna, que é perto de onde passa a história, meu pai é engenheiro agrônomo e trabalha com cacau, então essas histórias permearam minha infância, é uma novela que fala sobre mim, sobre minha história. Tinha que fazer Renascer, acredito que o que tem que ser seu tem força para acontecer.

– Fazer novela já era um desejo ou aconteceu também?

– Mais aconteceu do que foi um desejo. Eu tenho sempre o desejo de contar boas histórias. Renascer é uma história maravilhosa, Justiça 2 é uma história maravilhosa. Mas não vou ser hipócrita de dizer que não queria fazer televisão. Quero, sim, porque acho que é um lugar que te dá visibilidade, te dá um retorno financeiro também, eu quero arrumar minha vida. Só que fazer isso em um grande trabalho, com artistas maravilhosos, que eu admiro, com uma produção incrível, com um texto desse, fazer
novela assim era meu sonho.

– Viver o pastor Lívio tem te ensinado muito?

– Demais! Eu queria ser bom que nem ele (risos), porque o Lívio, com toda a sua ansiedade, com todas as suas dores, é uma pessoa que está sempre disposta a escutar, a entender o outro e isso é importante. As divergências estão aí, porque o ser humano e as relações humanas são conflituosas por si só, seja com pessoas que você ama, com pessoas que você não ama, mas se você está disposto a escutar, a enxergar o outro como ele é, ajuda muito e o Lívio tem essa premissa.

– Já percebeu que mesmo não morando mais na Bahia, ela está sempre cruzando seu caminho!

– E quando eu fiz o teste para Justiça 2 e peguei o papel também seria numa cidade na Bahia, depois que mudaram para Brasília! Então, a Bahia está ali, meu axé veio junto. Eu saí da Bahia, mas a Bahia não sai de mim e fico feliz por isso, tem um lugar de resgate, de pertencimento. Esses dois trabalhos me deram energia, um gás para continuar. Eu quero contar mais história, então, me convidem!

Fotos: André Ivo; STYLING: SAMANTHA SZCZERB; BELEZA: GRAZI BRAGANÇA; AGRADECIMENTOS: PORTINHO