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'As pessoas me olham com medo na rua', diz Fernanda Machado, que interpreta a perigosa Leila em 'Amor à Vida'

Fernanda Machado fala sobre a dificuldade de interpretar Leila em 'Amor à Vida'. Enquanto na ficção a personagem humilha a irmã autista, na vida real, a atriz se inspira na cunhada que tem a mesma síndrome. Confira a entrevista!

Renan Botelho Publicado em 25/06/2013, às 16h11 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Fernanda Machado, que interpreta Leila em 'Amor à Vida' - Divulgação/ Globo
Fernanda Machado, que interpreta Leila em 'Amor à Vida' - Divulgação/ Globo

Enquanto esperava o horário para gravar uma cena de Amor à Vida, no Rio de Janeiro, Fernanda Machado decidiu dar uma volta pelas redondezas do Projac e notou que era observada de um jeito diferente. “As pessoas me olham com medo na rua”, diz a atriz, que interpreta a perigosa Leila na trama, em entrevista à CARAS Online. “Comecei a sentir isso agora, que as cenas mais pesadas foram ao ar. Estou sacando uns olhares amedrontados, mas ainda não fui agredida. Estava com medo de apanhar, ainda estou, porque a Leila tem uma ignorância com a síndrome da irmã que é absurda”, fala.

Fernanda entende que não pode julgar a personagem para conseguir interpretá-la, mas confessa que é difícil dar vida à Leila, que maltrata a irmã caçula, Linda  (Bruna Linzmeyer), mesmo sabendo que ela é autista. “Quando acabam as cenas dela, eu falo: ‘pelo amor de Deus, alguém dá um tapa nessa louca!’”, conta.

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A dificuldade da atriz em aceitar as maldades de Leila vem por uma experiência de vida que ela teve com a cunhada,Julia Riskin, irmã do seu noivo, o americano Robert Riskin. “Eu vivi com a Julia durante dois anos na Califórnia. E ela é muito parecida com a Linda. Elas têm a mesma idade, o mesmo olho claro, a pele branca... Dói um bocado o que a Leila faz. No começo, eu estava julgando muito, mas tive que desligar o julgamento. Tive que pensar que este é um assunto pouco abordado e que era para um bem maior. Mas na hora que eu termino de gravar, eu saio com dor de estômago. E abraço muito a Bruna, quero cuidar dela, porque dói no coração”, diz Fernanda.

- Como o Robert reage quando vê a Leila maltratando a irmã autista na novela?
Ele fala que sabe o quanto eu sou diferente da Leila, que eu sou doce. Ele sabe que eu acho a irmã dele brilhante. Os dois anos que vivi com ela foram incríveis. É muito legal, principalmente para um ator, viver perto de uma pessoa com autismo, porque eles não têm filtro social, eles são pura emoção. Se querem chorar, eles choram. E a Julia é um grande ser humano. O Bob só acha muito louco como eu consigo ser outra pessoa, tão má na novela. Mas eu sou o oposto da Leila.

- E como funciona essa troca com a Bruna Linzmeyer no set? Como vocês encontram a emoção que usam na cena?
A Bruna é uma superatriz, muito jovem e muito dedicada. Ela é genial, abriu mão da maquiagem, do figurino e está se jogando. Quando ela vai para o estúdio, ela fica 100% do tempo no autismo. É complicado por que às vezes eu quero abraçá-la, mas para ela eu sou a Leila, e a personagem dela tem aflição da Leila. Às vezes ela está tão na personagem que aquilo pode doer se eu chegar perto... e não quero tirar a concentração dela.

- Que loucura isso...
É muita loucura. Mas tem que ser assim mesmo. Quando eu fiz a peça Mente Mentira, eu interpretava uma menina que teve um traumatismo craniano. Eu fazia a mesma coisa: 15 minutos antes da peça começar eu entrava no estado da personagem e ficava até o final assim. Ficar 'indo e vindo' dá muito mais trabalho. Com a Bruna, se a gente tem dez cenas de estúdio, ela tenta não desligar, ela faz troca de roupa assim, naquele estado. Ela interpreta uma jovem que tem uma síndrome, tem um tempo diferente, não é uma adolescente qualquer. Eu tenho medo de atrapalhar se ficar muito perto. E até para gravar, a gente faz a cena com a Bruna, depois tira e interpreta com o câmera, porque a novela mostra a visão que um autista tem. Está sendo muito legal. Todas as cenas foram de entrega total até agora, até o câmera que está com a gente tem que se entregar.

- A família do Robert assiste às suas cenas?
Eles veem pela internet. Mas não sei se a Julia assistiu. Como é em português, acho que ela não iria se interessar muito. Mas eles estão gostando de ver esse outro lado meu. 

- O que é mais cruel na Leila: ela usar a doença da Nicole (Marina Ruy Barbosa) para tentar ficar milionária ou praticar bullying com a irmã autista?
A irmã. Com a Nicole, por enquanto, ela é só amiguinha. A Leila acredita que vai fazer o bem para Nicole, que vai dar a felicidade para ela. Ela realmente pensa assim e não vê risco nenhum. Ela acha que é uma virgenzinha, ingênua. A ambição é tão grande que cega ela. No começo ela tinha ciúmes de ver o Thales (Ricardo Tozzi) com a Nicole, mas agora que viu que pode ficar rica, ela não enxerga o perigo, não imagina que pode perder o Thales. O foco está no dinheiro. É muito louco.

- Como é essa relação com o Ricardo Tozzi?
É uma delícia trabalhar com ele. A Leila e o Thales têm uma pegada interessante. O amor deles está muito no tesão e na provocação. Eles vivem brigando, mas porque o tesão está na briga. É um amor meio torto. Ela o ama, mas é um amor que se alimenta da briga, da provocação. Um amor bandido.

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- A Leila está no mesmo nível do Félix (Mateus Solano)?
Ele já fez um doutorado em vilania, mas a Leila está no mestrado. Cada bloco que chega é uma cena mais dura que a outra. E o que acho mais engraçado é que ela quer ser rica, mas não quer trabalhar.

- Como você se desliga da Leila após as gravações?
Eu tento deixar ela em algum lugar para não trazer ela para casa. Eu aprendi isso em Paraíso Tropical, onde minha personagem tinha uma energia muito pesada, ali tive que aprender a não trazer para casa. Mas sempre fica um resquício. O que me ajuda hoje é minha cachorra que ganhei do Bob, a Cali Fornia. É só eu chegar em casa, ficar cinco minutinhos com a Cali e, pronto, passou.