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Lembra da Abadia? Dig Dutra festeja volta à TV em 'A Força do Querer': "Vejo a surpresa das pessoas"

A atriz, que ficou famosa no 'Zorra Total', interpreta a Rochelle, amiga de Nonato/Elis (Silvero Pereira) na novela das nove

Kellen Rodrigues Publicado em 23/08/2017, às 12h47

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Dig Dutra como Maria da Abadia (Zorra Total) e Rochelle (A Força do Querer) - Divulgação
Dig Dutra como Maria da Abadia (Zorra Total) e Rochelle (A Força do Querer) - Divulgação

Lembra da menina que girava as trancinhas e tinha um bordão "sensacional"? Dig Dutra ficou conhecida na TV ao interpretar a Maria da Abadia, a noiva de Patrick (Rodrigo Fagundes) no humorístico Zorra Total em 2008. Hoje, nove anos depois, ela dá vida a Rochelle em A Força do Querer e mostra sua versatilidade. 

"Hoje em dia as pessoas ficam surpresas ao saber que eu era a Abadia", conta à CARAS Digital. Se desvincular da personagem, aliás, foi proposital. Quando deixou o programa, Dig cortou os cabelos e voltou ao teatro. "Eu tive que ficar um tempo afastada porque a personagem era muito marcante. Entrava num táxi e o taxista falava 'você não é a Abadia?', as pessoas me reconheciam pela voz. Fiquei um tempo dedicada ao teatro, que é minha grande paixão, para esfriar a imagem, foi estratégia mesmo", explica. "Agora as pessoas conseguem acreditar em mim fazendo outro gênero, foi um passo bem importante. Não que eu nunca mais vá fazer comédia, porque isso está em mim, eu amo".

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Aos 41 anos e 26 de carreira, ela festeja a permanência de sua Rochelle na trama de Gloria Perez - a personagem inicialmente seria apenas uma participação. A amiga de Nonato/Elis Miranda (Silvero Pereira) é quem faz as perguntas que ajudam o público a entender melhor o universo LGBTTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros). "Essa é a minha maior alegria de estar ali, por estar ajudando a contar essa história de maneira tão informativa", diz a atriz.

Veja o bate-papo com a atriz!

- Como surgiu a Rochelle na sua vida?
A Rosane Quintaes, produtora de elenco, me chamou para uma participação, ela sabia que eu estava querendo mudar para dramaturgia depois de fazer humor por tantos anos. Mas não era nada fixo. E aí quando eu cheguei lá e conheci o Silvero foi incrível. Eu tinha assistido à peça dele, BR-Trans, sabia que o trabalho dele era ótimo. Quando a gente se conheceu no camarim e na primeira cena que fizemos juntos foi um encontro, empatia imediata e fiquei apaixonada. Aí passaram os dias e me ligaram de novo, e de novo, até que me chamaram pra ficar fixa e me contrararam. Foi uma alegria muito grande.

- Ela faz as perguntas que o público em casa deve estar se fazendo, né?
Eu, que convivo no meio artístico com muitos gays, é uma coisa normal pra mim. Mas eu imagino as pessoas que não têm ninguém por perto. É um mundo diferente até na terminologia, são muitos termos, você não sabe como falar. Às vezes as pessoas não têm preconceito mas não sabem como se dirigir, se fala 'ele' se fala 'ela'. E prenconceito é muito grande. Acho que a Gloria está prestando um serviço incrível, falando de um assunto que nem todo mundo conversa sobre e de uma maneira quase diática. A Rochelle ela faz as perguntas e a Elis tem a chance de explicar. E as cenas são intercaladas com as da Ivana (Carol Duarte) para mostrar que é diferente, que não é tudo a mesma coisa. É o grande mote da personagem mesmo, é informação. Essa é a minha maior alegria de estar ali, por estar ajudando a contar essa história de maneira tão informativa. 

- Qual seu desejo para Silvero/Elis?
Eu desejo que ele fosse aceito do jeito que ele é, a Ivana também. São seres humanos, são lindos, têm uma verdade dentro deles e só precisam ser respeitados e enxergados como pessoas normais, dignas. Porque é a verdade deles, eles nasceram assim. É aquela coisa do amor, olhem para as pessoas com amor. Acho que muita gente pensa que é provocação e na novela a gente está vendo como eles se sentem no cantinho deles, a dor. Precisamos amar ao próximo, é a maior lição.

- As pessoas te reconhecem como Maria da Abadia?
Hoje em dia as pessoas ficam mais surpresas, falam 'era você que fazia? Não acredito'. Tenho escutado isso. Mas eu tive que ficar um tempo afastada porque a personagem era muito marcante. Eu entrava num táxi e o taxista falava 'você é a Abadia?', As pessoas me reconheciam pela voz. Fiquei um tempo afastada, dedicada ao teatro que é minha grande paixão, para esfriar a imagem, foi estratégia mesmo. Cortei o cabelo porque as trancinhas eram minhas mesmo. A comédia é um grande prazer para mim. Mas e o resto? Tive que fazer uma escolha mesmo. O legal é que eu hoje eu vejo a surpresa das pessoas, agora elas conseguem acreditar em mim fazendo outro gênero, foi um passo bem importante. Não que eu nunca mais vá fazer comédia, isso está em mim, eu amo. Mas estou amando fazer novela e quero me dedicar a isso agora.

- Quando decidiu fazer teatro?
Comecei com 15 anos. A vontade bateu quando assisti a uma peça do grupo de teatro do colégio, nunca tinha percebido o teatro como uma atividade extracurrricular, eu fazia atletismo, pintava muito bem. Aí vi a colega mais CDF da turma fazendo a peça e nem parecia a menina que estudada comigo. Fiquei encantada. Falei 'quero fazer isso da vida'. Me inscrevi no teste para entrar no grupo, passei e nunca mais parei. Foi a descoberta da minha grande paixão. Comecei a direcionar tudo pra seguir essa carreira mesmo. Tirei o meu DRT em 1995 e já comecei a dar aula de teatro em Curitiba no ano seguinte. Trabalhei 11 anos anos profissionalmente em Curitiba até pegar a mochila e vir para o Rio. Chegando aqui já montei minha tendinha de teatro, sempre dando aula porque eu amo.

- Viver de teatro não é fácil, né? Qual conselho você daria para quem está começando na profissão?
Quem realmente ama continua custe o que custar, isso já diferencia bastante. O artista nasce com um olhar diferente. Acho que ele é movido pela arte mesmo que ele não queira, tem a necessidade quase vital de fazer aquilo, de executar seu trabalho. Ele sabe que é uma carreira difícil, que ele vai fazer uma apresentação em praça pública e passar o chapéu, mas não se contém, é uma coisa que pulsa e tem que fazer, meso que vá passar perrengue. Eu fiz telegrama animado, animei festa de criança, me vesti daqueles bichos que você morre de calor, trabalhei em shopping fazendo performances... Conheço cada degrauzinho da minha profissão. Mas também não julgo e nem condeno quem quer fama, é uma escolha de vida. Quando a Abadia estourou vivenciei muita coisa de fama. Mas quando saí do Zorra não depender disso (fama) me ajudou, não tem como essas coisas coisas subirem à cabeça.