'Irmande', nova série da Netflix com Seu Jorge, promete trazer reflexão sobre o Brasil
Ana Beatriz Gonçalves Publicado em 10/10/2019, às 12h43 - Atualizado às 14h24
Nova aposta nacional da Netflix, Irmandade, protagonizada por Seu Jorge e Naruna Costa, promete fazer barulho entre os telespectadores.
Com data de estreia para o dia 25 de outubro, a produção foi apresentada oficialmente na última quarta-feira, 9, em uma coletiva de imprensa em São Paulo. Com a presença do elenco, que conta com grandes nomes como Lee Taylor, Pedro Wagner e Danilo Grangheia, a série dirigida por Pedro Morelli aborda a questão do sistema carcerário, racismo e a formação das facções criminosas dentro dos presídios.
Ambientada no ano de 1994, a trama de 8 episódios conta a história de uma família negra paulistana, que teve o elo abalado por conta da criminalidade. Cristina, personagem de Naruna, é uma advogada que batalha pela justiça e após 20 anos sem contato com o seu irmão Edson, Seu Jorge, se vê quase obrigada a voltar a ter contato com ele, que é líder da facção criminosa chamada Irmandade. Edson começa a ser torturado por polícias e Cristina escolhe ajudá-lo, a partir daí, ela passa a viver em um dilema constante do que é "o certo", conceito bastante discutido na série. Marcel, personagem do jovem ator Wesley Guimarãres, também faz parte dessa família que teve o seu destino traçado.
"O que fica da Cristina pra mim é esse embate de pensar que não é fácil tomar decisões. As leis não servem exatamente para todo mundo, o que serve pra mim as vezes não serve pra você.", comentou Naruna durante a coletiva. A atriz de 36 anos também fez questão de ressaltar que se sente privilegiada por viver na pela da personagem: "Estar a frente de uma personagem tão complexa e pouco comum em nosso material de audiovisual no Brasil."
Para Seu Jorge, seu personagem foi também uma grande experiência. Em meio as respostas dos jornalistas, o cantor declarou que precisou repetir muitas cenas. "Tem a linguagem de época, de São Paulo, tive que trabalhar em muita coisa. Alguns amigos me ajudaram, como o Mano Brown", revelou.
Conhecido por uma lista extensa de filmes que abordam questões sociais, como Cidade de Deus de 2002, Seu Jorge comentou o fato de não ter experiência com a rotina de séries. "Sempre estive acostumado com filme e roteiro. Fazer uma série é um negócio diferente. As coisas vão mudando na medida que vai filmando. Fui aprendendo na hora, foi interessante. Não vejo a hora de fazer tudo de novo!".
Na pele de um presidiário, o famoso foi transformado com o seu personagem. Ele contou que passou a compreender melhor a importância da liberdade que ele desfruta. "Na hora que Edson chora, a gente chora também. É nosso, vai um pouco da gente.", refletiu.
Um dos grandes destaques da produção é Pedro Wagner. O ator pernambucano vive o Carniça, o personagem mais violento de toda a facção. "A gente trabalha com angustia e desespero", definiu a experiência.
Pedro contou sobre a necessidade que sentiu em trazer o vocabulário nordestino para o papel. "Foi quando eu fui para o presídio que eu encontrei a força para propor coisas novas para a direção. Esse personagem precisava ser do nordeste. O Brasil não é só isso aqui. As cadeias são o reflexo do país. Recife tem cadeias muito violentas, eu precisava trazer isso pra série."
IRMANDANDE LONGE DAS CÂMERAS
Naruna e Seu Jorge, que interpretam dois irmãos distantes com uma relação dramática, falaram sobre a conexão que sentiram fora das câmeras. "No nosso caso se gostar foi uma coisa muito fácil", contou o músico.
"Ouvir a história da infância dele, contada por ele, foi muito mágico pra mim", declarou Naruna, que de primeiro momento tinha uma relação de ídolo e fã com o artista. "Realmente, hoje a gente sabe quem é essa pessoa. Eu achei tudo tão parecido comigo, mesmo sendo de outro lugar, outra geração. Até as dificuldades eram iguais. A gente se conectou!"
CUROSIDADES
Durante a coletiva, os atores revelaram diversas peculiaridades sobre os bastidores da produção, indo desde situações engraçadas e divertidas, até momentos de bastante tensão e emoção.
A primeira curiosidade, que merece bastante destaque, é que todas as cenas na prisão foram gravadas em um presídio verídico, localizado em Curitiba. Apesar de ser uma área desativada, ao lado os atores puderam ter contato com presidiários. Seu Jorge conta que durante uma cena, os presidiários assistiam direto da cela e gritavam: "Representa nois!".
Com uma megaprodução, a série contou com 40 locações diferentes e mais de 280 pessoas na equipe. Os figurantes, que foram em grande maioria, foram prestigiados com um churrasco no final das gravações. "Conseguimos fazer uma coisa que é quase rara, o churrasco da figuração. Teve pagode, foi inacreditável.", revelou Seu Jorge.
Por se tratar de um presídio real, os atores passavam por muitas restrições, com direito a revista e tudo. "O sinal de celular não pegava, a gente até brincava com isso. Que a gente estava no regime semiaberto, chegava de manhã e saía só de noite", falou o cantor de Burguesinha.
Outro momento inusitado aconteceu no primeiro dia de ensaio, quando Naruna encontrou Seu Jorge pela primeira vez fazendo croche nos bastidores. "Eu pensei, é ele... não esperava por aquilo", declarou a atriz, dando risada.
Confira o trailer de Irmandade, da Netflix (AQUI)
Netflix/Divulgação
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