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Cidade Invisível: Nova série da Netflix, de Carlos Saldanha, valoriza o folclore brasileiro

Marco Pigossi, Alessandra Negrini e Jessica Córes falam sobre 'Cidade Invisível', série brasileira de Carlos Saldanha, que estreia na Netflix

Andrea Paiva Publicado em 03/02/2021, às 13h03 - Atualizado em 05/02/2021, às 09h50

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Cidade Invisível, série brasileira, chega a Netflix - Alisson Louback / Netflix
Cidade Invisível, série brasileira, chega a Netflix - Alisson Louback / Netflix

Nesta sexta-feira, 5, Cidade Invisível finalmente chega a Netflix. A série brasileira mostra as entidades do folclore que já conhecemos, como a Cuca, Iara, Saci e Curupira, de uma forma diferente. Dirigida por Carlos Saldanha, protagonizada por Marco Pigossi e Alessandra Negrini, conta ainda com Jessica Córes, Jimmy London e Wesley Guimarães no elenco.

Além disso, a nova série original brasileira tem o enredo inspirado em uma história dos escritores Carolina Munhóz e Raphael Draccon, com equipe técnica dirigida por Luiz Carone e Júlia Jordão, e traz temas importantes e atuais, como a preservação ambiental e o resgate da nossa cultura.

Em entrevista exclusiva a CARAS Digital, o elenco e o autor falaram sobre a importância de abordar a cultura brasileira e valorizar o nosso folclore. Os autores ainda contaram sobre seus personagens e o diretor deu detalhes da produção. 

Carlos Saldanha, que foi indicado ao Oscar pela animação O Touro Ferdinando, sempre traz conteúdos que valorizam o Brasil, como no desenho Rio. Resgatando o folclore e levando nossa cultura para fora do país, ele embarca em seu primeiro projeto live-action. “O folclore brasileiro é uma coisa tão rica, uma coisa tão diversa, que incorpora lendas africanas, histórias europeias e histórias de indígenas, por que não? E foi aí que começou a surgir essa ideia de fazer uma série mais adulta, né, com temática policial, essa temática mais contemporânea, urbana, mas dentro de um contexto de uma brasilidade, trazer uma coisa global, mas com o sabor 100% brasileiro”, contou, revelando que adora séries policiais.

Na trama, Pigossi vive Eric, um policial ambiental que investiga a morte misteriosa da mulher, Gabriela (Julia Konrad), em um incêndio misterioso numa floresta na Vila Toré, vilarejo que está sendo alvo de uma construtora que pretende construir um resort luxuoso. Ele passa a buscar o culpado pelo crime e acaba encontrando um boto cor-de-rosa morto no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, e descobre que tem ligação com a morte da esposa. Sem saber, ele se encontra mais que envolvido com as figuras misteriosas que estão ao seu redor e que são introduzidas aos dias atuais. 

“O folclore, ele meio que acabou ficando em segundo plano, não sei se essa nova geração teve contato com isso. Então, é muito legal o Carlos trazer isso de volta nessa série que é um conjunto de várias coisas, não é só uma série fantástica, mas também é um thriller policial, tem um pouco de suspense, é uma série bem completa nesse sentido, e ele quis fazer essa grande homenagem aí às nossas raízes e nossas tradições”, disse Pigossi.

“Não são histórias alheias, são histórias que nos pertencem, são histórias que formaram o povo brasileiro, que mesmo que você não conheça, você também é fruto dessas histórias. É importante estar fazendo isso, porque as pessoas passam a se conhecer melhor, passam a conhecer a nossa história melhor, porque é a nossa história e a gente vai contar isso pro mundo. Então, é lindo, é motivo de orgulho fazer essa série”, acrescentou Alessandra.“Eu quando entrei no projeto, não tinha tanta noção do folclore brasileiro”, confessou Jessica.

Os atores também falaram sobre os personagens e a construção deles. “O trabalho foi muito interno, de entender esse personagem, a minha versão sobre essa história. Ele é a espinha dorsal dessa história, através dos olhos do Eric que essas figuras vão ser apresentadas e essa história vai ser contada”, completou Pigossi.

Após a morte da esposa, Eric passou a criar a filha sozinho, com a ajuda da avó. O protagonista comentou sobre a relação de seu personagem com a filha, que é interpretada por Manu Dieguez. “Foi muito legal de desenvolver também. Eu ainda não sou pai, não conheço esse amor incondicional, mas pude entender melhor e pesquisar e trabalhar isso com a Manu. Foi muito legal, de me aprofundar nesse personagem, no humano dele, porque é isso que vai movimentar até o fim. Depois, quando ele encontra essas figuras, essas entidades, ele vai descobrindo, ele vai ali tentando lidar com tudo isso ao mesmo tempo, né... Então, foi um processo, um mergulho muito interior, assim, muito bonito”, continuou.

Inês, personagem de Alessandra, é uma mulher cheia de mistérios e dona de um bar no bairro da Lapa.“Eu fiz curso de aprender a voar, porque eu era uma borboleta. Mentira, adoraria”, brincou Alessandra.“Dá o tempero, é o lado assustador, o lado de quem protege, de quem acolhe as criaturas diferentes, que acolhe as crianças que tão abandonadas. Ela é um ser de muito poder e tem aquela leveza da borboleta também. De quem sobrevoa, e essa borboleta ela lê pensamento dos outros”, disse ela sobre a Cuca, que no caso, não é um jacaré.

Na trama, Jessica vive Camila, uma sereia que decide usar seus poderes para ajudar Eric. Ela contou que a preparação da personagem foi intensa, e que fez natação e apneia para ganhar mais tempo embaixo d’água. "Pra mim, o melhor momento é quando estou com o Eric, arrastando pro fundo do mar. Essa preparação foi punk, foi bem puxada, obviamente.. Eu não tenho o costume de ficar com 7, 6 metros de profundidade.. Não é normal. Eu vou ao Rio de Janeiro, vou à praia, pego uma piscina, mas o básico. E também dança do ventre e obviamente, pesquisar mais. Eu consultei o livro da Januária Cristina Alves, o ‘Abecedário de personagens do folclore brasileiro’, que serviu de consulta também para o próprio Saldanha”, revelou.

Pigossi também falou sobre a experiência de trabalhar com Carlos Saldanha e não poupou elogios ao cineasta. “Sonho, sonho. Primeiro, porque ele é um sonho de pessoa, ele é um ser extremamente iluminado e apaixonado pelo que faz. Ele é tão apaixonado pela história, que é contagiante. A gente brinca que ele parecia o Saci no set. Ele tem esse senso de menino, de contar história, sabe. Ele tem essa paixão dentro dele, que influencia todo mundo, deixa todo mundo numa energia... Então, a gente foi muito abençoado no set, as coisas foram acontecendo de uma maneira muito bonita".

"Segundo, que eu acho que ele é uma voz importantíssima, maravilhosa, pra gente, né, pro Brasil e o mundo, né. Desde Rio que ele faz uma homenagem lindíssima e uma denúncia também do que acontece no país. Ele é uma super voz nossa pro mundo. Ter ele, contando essa história, do nosso DNA pra levar pro mundo, e a gente fazer parte desse projeto, é claro, é um orgulho sem fim. Fora que virou meu amigo pessoal, o Carlos é meu pé de coelho”, brincou ainda.

Saldanha também comentou sobre suas expetativas com a série e a emoção de poder ser vista por 190 países.“Eu to mais animado ainda com o fato de eu poder trazer um pouco do Brasil numa plataforma global, uma coisa que eu espero que tenha uma aceitação boa fora do Brasil e dos próprios brasileiros. A gente esquece de olhar pra dentro um pouco. A gente, às vezes, esquece a riqueza do nosso folclore, e eu tentei botar essa roupagem mais moderna, mais adulta... Não só as pessoas que vivenciaram esse folclore na escola, ou na infância, como o Sítio do Picapau Amarelo, e agora, adulto, pode vivenciar essas mesmas histórias, mas de uma forma mais adulta, de uma forma mais contemporânea”.

Conhecido pelas animações, o diretor revelou que pretende continuar investindo neste tipo de produção.“Eu tenho muita vontade de continuar a fazer, a montar séries, tenho várias ideias de outras coisas. Agora que eu tomei o gostinho, to gostando muito de poder fazer isso. Claro, nunca vou abandonar a animação, que é o meu grande forte. Vou dizer que isso aí é uma competição acirrada pra mim, porque eu to adorando fazer”, admitiu.

Com três meses de gravações, em locais como São Paulo, Ubatuba e Rio de Janeiro, a conexão aconteceu e Carlos contou quea equipe acabou se tornando uma família.“A gente curtia tanto o projeto, a gente tava tão animado de fazer esse projeto, que o processo de produção acabou sendo difícil, mas extremamente gratificante. A gente virou uma família, uma equipe, e todo mundo com o mesmo objetivo. O pessoal queria tanto fazer uma série brasileira com esse elemento fantástico, que acho que todo mundo ficou assim, tão emocionado de poder trabalhar com essa temática que foi realmente um resgate emocional e pessoal, e de brasilidade e união.”

Ele ainda confessou que espera que os brasileiros consigam se reconectar com o nosso folclore e garante que Cidade Invisível não deixa nada a desejar em comparação com os conteúdos internacionais. “Bate de igual pra igual com qualquer série que o público vai ver lá de fora. Vai ter uma temática brasileira, mas é uma temática global, uma temática emocional, uma temática dramática, que eu acho que vai ter muita identificação. Você vê o Brasil ali, o nosso folclore é o Brasil, é miscigenado, é o Brasil que é indígena, o Brasil que é negro, o Brasil que é branco, ou seja, é o Brasil que é de tudo e eu acho que esse é o grande forte dessa série, é trazer uma brasilidade dentro do contexto global e atual”. “Se eu conseguir, com uma série dessa, trazer as pessoas para se divertirem, se entreterem, eu acho que já vou fazer uma boa parte do trabalho que eu queria fazer mesmo”, celebrou.