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Livros Cinquenta Tons de Cinza mostram que o amor é terapêutico

Redação Publicado em 26/06/2013, às 21h27 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Passada a euforia com os “tons de cinza”, fui ler os livros da britânica E. L. James (50) para ver se entendia a razão. Deparei-me com descrições detalhadíssimas dos atos sexuais de um casal e também com uma história de amor que encantaria até a minha avó. A relação amorosa ali descrita é o retrato do que acredito que pode existir de curativo e redefinidor numa relação de casal.

As dores e dificuldades individuais vividas na infância definem em cada um de nós um padrão de funcionamento que é o responsável por nosso modo de agir e nos defender nos momentos de sofrimento. O que é interessante na obra de James é acompanhar o processo de mudança dos padrões individuais do homem e da mulher à medida em que eles vão se tornando íntimos, vão aprendendo a confiar e a se entregar um ao outro, mesmo correndo o risco de se machucarem e serem rejeitados.

A um primeiro olhar, o homem parece ter dificuldades mais sérias. Quando duas pessoas se juntam, porém, é porque suas dificuldades são semelhantes. Ainda que donos de histórias diferentes, os personagens dos livros carregam as mesmas dores e os mesmos medos, donde se pode concluir que sua cura também deve se dar pelo mesmo caminho, podendo ser elaborada em conjunto e a um só tempo.

Embora demonstrem isso de maneiras diferentes, os dois querem controlar, têm medo de ser controlados e de ser invadidos, são carentes, rígidos, donos da verdade, corretos e trabalhadores, entre outros aspectos e valores. Os casais da vida real também são assim. Podem ter outros comportamentos, valores, dificuldades e aprendizagens, mas estes são sempre do casal, nunca de um só.


A possibilidade de curar-se e curar o outro na relação passa por dois eixos: querer curar-se e ter compaixão pela dor do outro. Querer curar-se parece simples, mas não é  Exige humildade para admitir as próprias dores e dificuldades e para aceitar que o outro possa ajudar. Exige coragem para abrir mão do próprio jeito de reagir e se defender e para correr o risco de que o outro use isso — querendo ou sem querer — e o machuque. Exige discernimento para enxergar o seu pior nos momentos em que o pior do outro aparecer e para não se desesperar com nada disso. Exige, por fim, saber que tudo é um processo de aprendizagem, de crescimento e de cura.

Ter compaixão pela dor e pelas dificuldades do outro é fácil nos momentos bons e amorosos e difícil nos de mágoa e raiva, mas é nestes que o outro mais precisa de compreensão e ajuda. Poder enxergar a dor e as dificuldades do outro no comportamento desagradável que ele apresenta ou em outros sintomas é um exercício difícil, que demonstra amor e disponibilidade.

Quando se consegue, torna-se possível partir para o passo mais importante das relações, que é saber, e lembrar nos momentos de crise, que o que o outro faz não é algo contra mim, mas sim fruto de uma dificuldade, ou de uma inabilidade, ou de uma deficiência dele. Outra maneira de demonstrar compaixão pela dificuldade do outro e ajudá-lo a se curar é não fazer o que já se sabe que desencadeia o seu pior. Isso é respeito por ele e por você.

Nas mais de três décadas em que tenho trabalhado com casais, já vi vários deles vivendo esse processo. Não é fácil nem indolor, no entanto é possível e, como nos livros de E. L. James, vale o investimento.