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Revista / Capa

Iza, nome que dominará o ano de 2020

Musa da música, a cantora vence barreiras e garante seu espaço

Marcelo Bartolomei Publicado em 06/01/2020, às 13h35 - Atualizado às 13h44

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IZA aproveita seus dias no hotel Four Seasons São Paulo - Martin Gurfein
IZA aproveita seus dias no hotel Four Seasons São Paulo - Martin Gurfein

Furacão, fenômeno, musa. Adjetivos não faltam para definir a guinada artística de Isabela Cristina Correia de Lima Lima (29), ou simplesmente IZA, em 2019. “O ano foi uma avalanche. Muita coisa boa aconteceu. Música Boa, Rock in Rio, Lollapalooza, The Voice, casei... Foram muitas realizações. Me sinto muito realizada, não tenho palavras para agradecer nem explicar 2019. Foi um presságio para o que vem por aí. Espero que 2020 me surpreenda mais ainda”, reflete a cantora, símbolo de empoderamento feminino, especialmente da mulher negra, e uma das principais artistas do País.

– Você se sente empoderada?

– Acabo falando muito sobre minhas vivências, de ser mulher, negra, 29 anos, da zona norte do Rio, estudando com bolsa onde só tinha gente branca. A vida inteira foi assim. Hoje, sou muito feliz com meu corpo, cabelo, voz, pele, com ser eu mesma. Se minhas palavras são empoderadas, estou sendo eu. E se eu estiver triste, todo mundo vai perceber. Sempre quis trabalhar com arte, sempre gostei e me diverti muito com a música. Mas não imaginava que faria isso para viver. Sempre tive muita vergonha, me questionava com medo de aceitação, reprovação. Não imaginava que eu teria coragem para ser cantora. Não era uma criança tímida, sempre fui muito falante e comunicativa, vivia rodeada de amigos. Mas talvez por causa da minha cor. Sentia que, talvez, aquele lugar não fosse para mim.

– Acha que o preconceito racial acaba um dia?

– Não sei quanto tempo vai durar, mas só de pensar em um monte de gente preta que se vê na TV e nas coisas que estão mudando, vejo esperança. É uma questão de olhar para gerações que estão vindo e ver que está mudando, sim!

– Com tantos fãs, aumenta sua responsabilidade pública...

– Minha mãe sempre falou que a única coisa que a gente tem é nosso nome. Hoje, entendo. O que você fez ou faz agora é eterno, fica registrado. Antes mesmo de pensar nos fãs, sempre me preocupei muito com o que dizer. Não dá para brincar. Minha responsabilidade é diferente. Sinto que represento algumas coisas. Tem gente que se sente representada em mim.

– Sempre vivenciou a música?

– A música sempre fez parte da minha vida. Minha mãe é professora de música, a irmã dela também trabalha com isso, minha outra tia é musicoterapeuta, meu primo e minhas outras primas cantam. Minha avó escrevia, meu pai era percussionista. A música sempre foi muito viva em nossas reuniões. Em casa, eu era muito encorajada, fazia minhas peças, cantava, mas já era muito segura.

– Como surgiu a IZA?

– Foi acontecendo. Tinha uma preocupação com qualidade. Fazia meus covers com muito carinho, sempre me preocupei com as roupas e com as associações que iria fazer. A faculdade de Publicidade me ensinou muita coisa. Toda essa noção de mercado acabou me ajudando no início. Sinto que consigo aplicar tudo à minha carreira, de como construir um produto.

– Mudou muito a rotina?

– Hoje em dia tem sido corrido. Trabalho muito, poucas folgas, raras, aliás. Sempre busco manter minha sanidade mental, da minha família, da minha casa, dos meus amigos, fazer minha faxina, fazer coisas que me conectem com o meu ser. Ficar sem noção de realidade dá problema. Sem falar que é importante estar descansada para poder respirar e para que a gente goste do que faz, que faça sentido. Gosto de ver minhas séries, filmes, ouvir música. Não consigo mais ir ao cinema, mas gosto de cultura pop e eu e Sérgio sempre estamos nos atualizando. Morro de saudade de ir ao supermercado e ao Saara, região de comércio popular do Rio, acho um dos lugares mais incríveis da cidade.

– Como avalia 2019?

– Foi uma avalanche. Muita coisa boa aconteceu. Teve o Música Boa, Rock in Rio, Lollapalooza, The Voice, me casei... Foram muitas realizações. Não tenho palavras para agradecer nem explicar 2019. Foi um presságio para o que vem por aí. Espero que 2020 me surpreenda ainda mais.

– Será rainha de bateria no carnaval...

– Nunca imaginei que seria chamada para ser rainha. A Imperatriz Leopoldinense faz parte da minha infância, a quadra era do lado de onde eu estudava. É bom ter uma escola que tenha a ver comigo.

– Deseja formar a sua família?

– Minha família é grande. Hoje não tenho muito contato com a parte do meu pai, pois, depois que ele e minha mãe se separaram, a gente perdeu um pouco o contato, apesar de falar com meu pai direto. Tenho muita vontade de ter uma família grande e filho, logo, de ser mãe nova. Quero conhecer meus bisnetos. Eu e Sérgio já estamos focados para se organizar. A gente é tão privilegiada que eu poderia estar com minha filha aqui, existe esta condição. Não sei dizer quando, mas não vai demorar.

– É vaidosa? Que cuidados tem com a beleza?

– Sempre fui. Nós, meninas negras, crescemos de outro jeito. Já somos olhadas diferentemente, crescemos cheia de noia. Agora estou mais vaidosa ainda. Sempre gostei de brilho, de me montar, de usar as roupas da minha mãe. Beber água, de verdade, muda o sono, a pele, o cabelo. Mas tem que beber direto. Faço meus exercícios. Minha regrinha são cem abdominais e cem agachamentos por dia. Minha genética é boa, mas tenho equilíbrio também.

– Tem sonhos?

– Vários que ainda não realizei. Quero ter minha ONG, quero ter uma linha de roupas, uma de cosméticos, várias coisas. Quero realizar muito ainda na minha vida!