CARAS Brasil
Busca
Facebook CARAS BrasilTwitter CARAS BrasilInstagram CARAS BrasilYoutube CARAS BrasilTiktok CARAS BrasilSpotify CARAS Brasil
Revista / Capa

Família, a base da trajetória de Maurício de Sousa

Na Flórida, ídolo dos quadrinhos festeja 60 anos da Turma da Mônica e planeja futuro de legado

Marcelo Bartolomei Publicado em 25/11/2019, às 15h08 - Atualizado às 15h12

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Mauricio com sua esposa, Alice, e seus filhos, Mauro e Mauricio no Universal Orlando, nos EUA - Martin Gurfein
Mauricio com sua esposa, Alice, e seus filhos, Mauro e Mauricio no Universal Orlando, nos EUA - Martin Gurfein

Por ter uma família grande, nunca faltou inspiração. Tem sido assim nos últimos 60 anos, idade da Turma da Mônica, dos personagens criados pelo célebre quadrinista Mauricio de Sousa (84). São nove filhos, todos com características ou momentos retratados nas histórias: Vanda, Mariângela, Mônica, Magali, Marina, Valéria, Mauro, Mauricio e Marcelo. Casado com Alice Takeda (70), com quem teve os três últimos herdeiros, ele levou parte de sua família a Kissimmee, capital mundial das casas de férias, na Flórida, para dias de relax e diversão nos parques, tendo ao lado os filhos Mauro (33) e Mauricio (31), e acompanhado da nora, Camila Jardim Braga (29), e do genro, Rafael Piccin (33), que também levou sua mãe, Mariana Piccin (56). O grupo se hospedou em uma confortável mansão de oito quartos a convite de Jeeves Florida Rentals e Experience Kissimmee. “Aqui a gente se sentiu em casa”, disse o patriarca do clã.

– Tinha ideia do sucesso?

– O que faço hoje, planejei desde sempre, só não sabia a dimensão que tomaria. Ninguém sabe o futuro, se vai dar certo ou não.

– Quais planos para o futuro?

– Tenho que ter responsabilidade no projeto de minha sucessão. Não sei até quando eu vou, mas tenho uma equipe que faz tudo muito bem. Eu não vou parar de ir ao estúdio, mas quando não estiver, tenho de confiar em quem vai continuar os trabalhos. Mesmo que seja uma sucessão com a minha presença, nos negócios, já que o produto é um sucesso. Vou todo dia ao escritório, exceto quando estou viajando. Os estúdios estão abertos a visitação e os alunos esperam minha presença. Somos 300 artistas trabalhando, estamos no exterior, Japão, China e EUA, além de outros países, a internet possibilitou chegarmos a novos lugares. Agora é administrar o crescimento.

– No exterior, muda algo?

– No início, achava que nosso projeto teria dificuldades para ser implantado. Mas descobri que a criançada recebe a Mônica do mesmo jeito no mundo inteiro. Talvez por conta da humanidade das histórias. Criança gosta da mesma coisa, é algo universal. Adulto que é meio complicado, meio preconceituoso.

– A família sempre o ajudou?

– Para criar personagens infantis, busquei inspiração em filhos, sobrinhos e crianças próximas. Foram 10 filhos, um morreu. Quem tem nove filhos do lado está sempre cheio de assunto e, às vezes, problemas. Eles me trazem os costumes e a contemporaneidade, pois eu tenho de entender o que está acontecendo no mundo e levar para nossos roteiristas. Sempre nos respeitamos e isso me passa muita energia, que recebo da criançada, da família e dos fãs. Tenho netos e bisnetos. E, assim, a história continua.

– Nunca reclamaram da maneira como aparecem?

– Há três anos, Mônica disse que eu exagerava no jeito que a retratava. Depois de alguns meses, ela pediu desculpas. Sofreu uma vida inteira com isso, 50 e poucos anos. A Magali admite que é gulosa e não engorda. Tive sorte de ter filhos que já eram personagens.

– Com os gibis, o sr. ajudou na alfabetização do País...

– Me emociono ainda quando encontro pessoas que se dizem meus fãs, que me contam histórias de vida, pedem uma foto. Aqui em Orlando, tivemos muitas abordagens. Não sou insensível, mas tento ser forte para não ficar chorando junto. Fico orgulhoso porque alguns estudiosos me consideram o maior alfabetizador do Brasil. São três ou quatro gerações que aprenderam a ler com gibis. Este é o meu maior orgulho.

– Nunca quis um super-herói?

– Não tive vontade. Até acompanho todos, porém, para mim, é tudo muito irreal. Preferi ir pelo lado humano, do possível.

– Que dica dá aos novatos?

– Vejo muita coisa, mas não me entusiasmo com o que leio hoje. Vou mais pela criatividade. A nova geração tem de ver os clássicos para se inspirar.