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Etimologia

Redação Publicado em 03/06/2013, às 13h31 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Arquibaldo: do Grego arkhi, prefixo indicador de principal, autoridade, como em arquidiocese, arqui-inimigo, e baldo, de bald, do nome alemão Archibald, dito Arquibaldo em Português. O jornalista carioca Washington Carlos Nunes Rodrigues (76), o Apolinho, que tem esse apelido por ter sido um dos primeiros a usar microfone sem fio, como os astronautas da nave Apolo, a primeira a pousar na Lua, em 1969, criou esta palavra para designar o torcedor que senta na arquibancada, assento de melhor acomodação do que a geral, onde fica o geraldino, também palavra criada por ele.

Boato: do Latim boatus, originalmente berro do boi, do verbo boare, berrar, vindo do Grego boáo, gritar. Passou a designar alvoroço, gritaria, notícia proclamada em altas vozes, em oposição ao rugeruge, ao sussurro, ao cochicho. Consolidou-se, porém, como notícia falsa. O filólogo e dicionarista gaúcho Celso Luft (1921-1995) ensina em ABC da Língua Culta: “Como
a tendência semântica é boato=‘notícia infundada’, as combinações ‘boato verdadeiro’ e ‘boato falso’ vão sendo evitadas
”. O Dicionário Caldas Aulete é implacável: “História ou notícia que se divulga sobre alguém ou algo, sem que se confirme sua origem ou veracidade”, abonando com este trecho do escritor paulista Euclides da Cunha (1866-1909) em Contrastes e Confrontos:
“Surdo boato, dos que por aí irrompem e se alastram, sem que se saiba de onde partem...”.

Dedéu: de origem controversa, provavelmente de duplicação de déu, de etimologia desconhecida, significando de casa em casa, de porta em porta, de lugar em lugar. Dedéu consolidou o
significado de muito, em grande quantidade, como se comprova na expressão “longe pra dedéu”, muito distante. Já a abonação de déu em déu aparece no diálogo de uma crônica resultante
de visita que o escritor paulista Monteiro Lobato (1882-1948) fez à pianista paulista Guiomar Novais (1896-1979): “— E deu muitos concertos? — Só em Paris toquei nuns trinta, em Londres
nuns oito, em Berlim noutros tantos, em Lausanne não sei em quantos; andei de déu em déu
.” Persiste a hipótese de que déu seja variante de deu, do verbo dar, com o sentido de viajar, chegar, ir: “Tomando tal caminho, deu ou bateu com os costados em tal lugar”.

Forfait: do Francês medieval forfait, que foi ao Inglês forfeit e voltou ao Francês forfait para designar crime, falta grave, ligado ao verbo forfaire, fazer fora, isto é, cometer falta, praticar delito.
Mas no Inglês, a língua por excelência do turfe, veio a designar a quantia paga pelo proprietário quando o cavalo deixa de participar do páreo em que estava inscrito. Fazer forfait tomou o
significado de faltar a um compromisso, mas também o de bagunça, zoeira, desorganização, por força da controvérsia surgida nessas compensações. Ainda não houve aportuguesamento da palavra.

Mata-galegos: de matar, do Latim vulgar mattare, adaptado de mactare, fazer ofertas aos deuses, imolando vítimas e por isso ganhando o significado de acabar com a vida dos animais
e tornando-se, por extensão, sinônimo de levar alguém à morte; e de galegos, do Latim gallaecus, habitante da Gallaecia, depois Galécia, Galícia ou Galizia, do mesmo étimo de galaico,
como na palavra composta galaicoportuguês, designando dialeto do Português. Os galegos da expressão eram imigrantes portugueses que nas crises do começo do século XIX disputavam
os empregos dos brasileiros. Os ônibus cujas traseira e dianteira eram muito semelhantes, a ponto de serem confundidas, eram chamados mata-galegos e esta expressão foi parar
nos dicionários. Galego designou de início pessoa de pouca instrução.

Pelada: de origem controversa, talvez de péla, do Latim pilella, diminutivo de pila, bola, novelo de lã. Pode ter havido mistura com pelo, pois as primeiras bolas eram de couro cru, com pelos. Designando jogo de futebol desorganizado, formou-se por catacrese: nos campos onde era e é praticado falta grama, sobretudo em lugares como a pequena área, que parece pelada. Dá-se catacrese quando uma palavra, à falta de uma outra específica, supre esta falta, como em perna da mesa.