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Revista / História

As histórias de JK por Hugo Napoleão

Político, advogado do ex-presidente revela segredos em livro

Marlene Galeazzi Publicado em 03/04/2020, às 08h00

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O ex-deputado, senador e governador em sua mansão em Brasília, ao lado de sua Leda Maria - Lincoln Iff
O ex-deputado, senador e governador em sua mansão em Brasília, ao lado de sua Leda Maria - Lincoln Iff
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Dono de uma brilhante carreira política, Hugo Napoleão (77), que ocupou cargos de deputado, senador, governador e duas vezes ministro de estados — Educação e Cultura, no governo José Sarney, e Comunicações, no governo Itamar Franco —, presidente e líder do extinto PFL no governo Fernando Henrique Cardoso (88), só agora, em vésperas de Brasília completar 60 anos, resolveu trazer a público fatos relacionados ao capítulo mais difícil da vida do presidente Juscelino Kubitschek (1902–1976), no período do AI-5. Estimulado por Maria Estela Kubitschek Lopes (77), sua amiga e filha de JK, ele conta em livro o que era de conhecimento de poucas pessoas e ficou guardado na sua memória como o episódio mais corajoso de sua juventude. Foi a semana em que ele, advogado recém-formado, com 26 anos e trabalhando na equipe do célebre Sobral Pinto (1893–1991), no antigo Denasa, se vestiu de enfermeiro, enganou a forte segurança montada no prédio de Copacabana em que JK estava em prisão domiciliar para retirar com sucesso o tão cobiçado arquivo do ex-presidente.

Esta e outras histórias ligadas à defesa de JK no processo que lhe foi movido pela Comissão Geral de Investigações do Ministério da Justiça, um verdadeiro tribunal de exceção da época, estão contadas no livro Eu Fui Advogado de JK. Trata-se do primeiro da coleção Memórias do Parlamento, da Editora CEAT, que registra a história da moderna política brasileira, lançado recentemente com sucesso e prestígio no Salão Nobre do Congresso Nacional.

Mas é na casa de Hugo e de sua amada, a professora Leda Maria Chaves Napoleão (68), que as lembranças de sua vida estão materializadas em obras de arte, souveniers, na decoração, fotos, móveis e documentação. É uma viagem pelo mundo através dos tempos. Nascido nos EUA, em Portland, Oregon, quando o pai lá serviu, naturalizado brasileiro, filho único do embaixador Aloyzio Napoleão, que comandou o cerimonial da inauguração da nova capital, neto do advogado e político Hugo Napoleão, que foi líder do governo JK, quando ele comandava o Brasil do Palácio Tiradentes do Rio de Janeiro, e bisneto do diplomata Pecegueiro do Amaral, chefe de Gabinete do Barão do Rio Branco, ele testemunhou e participou de fatos que fazem parte da história do Brasil.

Na entrada da mansão de Hugo, no Lago Sul, endereço nobre de Brasília, um retrato pintado a óleo de Regina Pecegueiro ganha destaque. “Trata-se de minha saudosa mãe. Uma carioca de família tradicional, que se apaixonou pelo meu pai, que veio do Piauí para seguir a carreira diplomática. Ela despertou meu interesse pela arte, pela qual era apaixonada. Como filho único, herdei tudo, inclusive sua coleção e objetos, como serviço de mesa, que são históricos. Foi uma grande embaixatriz, que marcou época no Itamaraty”, conta ele. A ida do pai à China, como primeiro embaixador brasileiro naquele país, também é motivo de orgulho para Hugo. “Ele saiu do cerimonial do Planalto diretamente para a China, em missão difícil na qual se deu muito bem. As lembranças que ele trouxe estão comigo.

Vice-presidente Jurídico da Corte de Justiça Arbitral de Brasília, sócio do escritório de advocacia Napoleão e Tajra Advogados, casado com Leda, professora universitária, que foi secretária de Educação do Maranhão e presidente da Fundação Educar, antigo Mobral, o casal vive em total sintonia. Eles vêm de casamentos anteriores e, juntos, têm filhas gêmeas: Maria Paula (22), advogada, que mora com eles em Brasília, e Isabella (22), que estuda Medicina no Piauí. Do casamento anterior, Hugo tem a filha Patrícia (49), engenheira, diretora de planejamento e contrato das afilhadas da Rede Globo, e Aluizio (46), advogado que mora em São Paulo. Thiago Tajra (45), filho do primeiro casamento de Leda, mora em Brasília. E a casa de Hugo e Leda sempre está aberta para toda a família e também para políticos que costumam frequentá-la para conversas sobre política, jantares, lanches, happy hours e cineminha nos finais de semana, já que os Napoleão têm uma sala reservada para isto. Leda, pessoa de fé, participa de muitas entidades filantrópicas e mantém num dos andares da casa um altar particular com muitas imagens de santos. “É aqui que faço minha rezas diárias”, conta ela, católica praticante. Mulher internacional com elegância na medida certa, como ele, é poliglota e costuma acompanhá-lo em viagens pelo mundo.