CARAS Brasil
Busca
Facebook CARAS BrasilTwitter CARAS BrasilInstagram CARAS BrasilYoutube CARAS BrasilTiktok CARAS BrasilSpotify CARAS Brasil

Reynaldo Gianecchini dá a volta por cima e inicia nova vida

Exemplo de superação, galã Reynaldo Gianecchini vence luta contra o câncer e faz de sua batalha um amadurecimento

Redação Publicado em 12/03/2012, às 22h17

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Em agosto, a descoberta do câncer. Em outubro, a morte do pai, Reynaldo Cisoto Gianecchini, vítima da mesma doença. Em janeiro, o autotransplante. - Cleiton Thiele
Em agosto, a descoberta do câncer. Em outubro, a morte do pai, Reynaldo Cisoto Gianecchini, vítima da mesma doença. Em janeiro, o autotransplante. - Cleiton Thiele

Há oito meses, Reynaldo Gianecchini (39) mergulhou em uma difícil e dolorosa batalha. Com espírito de um guerreiro, o ator lutou contra raro tipo de câncer — o linfoma não-Hodgkin de células T angioimunoblástico — com otimismo entre sessões de quimioterapia e um autotransplante de medula óssea. O resultado da perseverança foi a conquista da cura e o recomeço de novo capítulo de sua história. “É como se eu estivesse organizando uma grande festa para celebrar a vida, o carinho e o amor. Estou renovado. Recuperei o ânimo e estou disposto a encarar os desafios que tenho pela frente”, celebra ele, que transformou o tratamento em aprendizado. “Quando soube da doença, fui determinado a viver tudo que eu tinha que viver. Sou assim: vivo com intensidade. Foi um período de reflexão, de autoconhecimento e de entendimento do sentido da vida”, diz o galã, no Kurotel – Centro Médico de Longevidade e Spa, em Gramado, RS, onde renovou as energias. “Após tanta química, é hora de desintoxicar e recompor o corpo do estresse que ele passou.”

Com a mãe, Heloisa Helena (70), porto seguro no tratamento, o ator aproveitou os momentos de relax para se exercitar. “Sempre adorei fazer exercícios e já posso fazer de tudo, desde que respeite o ritmo do corpo. Quero muito mergulhar no mar e tomar sol; não podia por conta do cateter. Como já o retirei, devo fazer esse mergulho em breve e, provavelmente, no Rio. Estou com saudades de lá”, conta ele, que esta  semana coroa a recuperação retornando aos palcos paulistanos na peça Cruel, que precisou interromper no ano passado para se dedicar ao tratamento. “Trabalho e atividade física contribuem para a melhoria. Estar na ativa ajuda muito”, acredita. 

A nova fase vem acrescida de transformações no modo de encarar a vida e no significado do amor. “Não tinha dimensão do carinho que as pessoas têm por mim. Hoje, vejo o ser humano com outro olhar e sei que o importante é viver o presente, com amor e harmonia.” A palavra amor, aliás, remete ao coração, o qual o paulista de Birigui não tem pressa para preencher com uma paixão. “Não penso nisso. Acho que coisas acontecem independentemente de você querer ou não. Você pode virar a esquina e encontrar a pessoa que vai mudar sua vida. Gosto de ser surpreendido e acho que ficar solteiro também tem seu lado bom”, confessa ele com exclusividade à CARAS.

–Do que sentiu saudades ao longo do tratamento?

– Não fiquei com pena por não poder fazer certas coisas. Ao contrário, sempre fui participativo no tratamento e procurei outras atividades como a leitura e a reflexão. Foi bom viver esse período fora da vida acelerada, tive muitas alegrias e fui muito amado. 

– Ao saber da cura, qual foi o seu primeiro desejo?

– Recuperar o apetite e o sabor dos alimentos, os remédios tiram a sensibilidade. Também queria sentir o tônus do meu corpo. Mas, quando cheguei em casa, não pude fazer isso, estava debilitado... Tudo vai acontecendo aos poucos.

– Quais são as restrições hoje?

– Preciso evitar riscos, como ficar em ambientes fechados por muito tempo, o que pode transmitir gripe, por exemplo. Mas estou cuidando bem da alimentação e voltando aos exercícios. É como se eu fosse um bebê que precisa de cuidados, pois não tenho muitos anticorpos. Não posso dar mole. Estou curado, mas ainda preciso de acompanhamento médico pelos próximos cinco anos.

– Amizades foram essenciais?

– Com certeza. Tive um encontro com amigos que a vida distanciou, mas percebi como eram amizades profundas. Amigos de infância reapareceram e até pessoas que não conhecia me ajudaram.

– Sua mãe foi uma figura muito presente. Os laços aumentaram?

– Foi incrível! Estreitaram ainda mais. Sempre tive uma relação de valor e de proximidade com meus pais. Não sei o que seria da minha vida nesse período sem minha mãe ao meu lado. Ela é guerreira.

– E o retorno às telinhas?

– No segundo semestre, inicio as gravações da novela Guerra dos Sexos, de Silvio de Abreu. Estou animado, a trama foi um marco na TV, tem um enredo alto-astral e leve. Silvio é um paizão por quem tenho gratidão eterna. Ele me deu papéis que marcaram a minha carreira.

– Cultivou sonhos e planos nesse período de afastamento?

– Nada ficou tão diferente após tudo que passei. Vou continuar atuando, mas acredito que com mais entendimento. Hoje tenho outro olhar sobre o ser humano. Tive vontade de fazer aulas de canto e dança. Já fiz no passado e isso me traz alegria. Também quero ficar mais perto da natureza, viajar. Curtir a vida.

– Há pessoas que, ao se submeter à quimioterapia, armazenam sêmem por prevenção. Fez isso?

– Conversei sobre isso com o médico e quem passa por esse tratamento realmente pode ficar estéril, mas não achei necessário armazenar sêmem. Quero ter filhos, sei que a hora vai chegar e confesso que, após a morte do meu pai e a doença, a continuidade da vida é algo em que penso com mais intensidade.

– Hoje, o que é a felicidade?

– Essa palavra se amplificou. Felicidade é viver intensamente o dia a dia, sem expectativa. As pessoas se apegam ao passado ou ao futuro e esquecem do presente, da simplicidade que traz a felicidade.