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Fernanda Young prepara livro-instalação sobre sua obsessão pelas noivas

Fernanda Young vai lançar exposição sobre noivas, que irá completar seu novo livro, com entrevistas e ensaios fotográficos inspirados pelo universo do casamento

Renan Botelho Publicado em 13/10/2011, às 15h17 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

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Fernanda Young - Divulgação/ Rede Globo
Fernanda Young - Divulgação/ Rede Globo

Com nove livros publicados, Fernanda Young (41) assinou contrato com editora Rocco para o relançamento de toda sua obra. A escritora pretendia escrever sua autobiografia para ser o décimo livro da caixa, mas desistiu do projeto e investiu em algo ainda mais audacioso: um livro-instalação sobre o universo das noivas. Quer saber mais sobre o projeto? Leia a entrevista exclusiva da apresentadora com a CARAS Online:

- Sem ser a biografia, você estava escrevendo outro romance. Este vai ser lançado?
Esse vai! Existem dois projetos agora. Um primordialmente é um projeto que tem me encantado como há muito eu não sentia essa empolgação. O livro se chama Eles Amam As Loucas, Mas Se Casam Com As Outras, que é um livro-instalação.

- O que seria este livro-instalação?
Assim: eu teria que escrever a minha biografia, que seria o décimo livro da caixa de todo o relançamento de minha obra pela Rocco. Aí eu fiquei pensando: a biografia é um ato complexo, que eu não descobri a linguagem por que acho a realidade muito mais interessante que a ficção e escrever ficção em cima da realidade é meu exercício mais árduo. E um décimo romance? Bom, daí eu fiquei pensando nesse livro, que ainda é um romance, mas é a desconstrução da estrutura daquilo que eu sempre trabalhei. Tem ensaios fotográficos inúmeros, comigo vestida de noiva e despida da noiva. É o mito amoroso mais alucinado, que é como a gente se veste para ser olhado pelo outro e depois tem que se despir de tudo. Se é que nós sabemos o que precisa ser tirado, por que nem nós sabemos que existem camadas a serem tiradas para que o outro nos veja. É um trabalho obsessivo da ideia da noiva, fiz ensaios com uns 20 fotógrafos, com o assunto estendido ao máximo, com entrevistas de várias mulheres, como a Rita Lee, e outras.

- Podemos considerar um livro mais jornalístico, então?
Não. É uma entrevista que começa sempre por um assunto básico, como: ‘você sempre quis se casar?’, ‘você sempre quis se vestir de noiva?’. E obviamente isto entre em um romance familiar imenso.

- Qual a previsão de lançamento?
Previsão para maio de 2012, mas a exposição que acompanha o livro, com fotos, vestidos, obras de artes e tudo em cima deste assunto, eu gostaria que fosse antes, para que eu ainda esteja em acesso com essas mulheres e por mídias várias, para que eu continue entrevistando e recolhendo informações sobre as mulheres e do desejo de ser noiva, que é uma coisa antropológica anárquica. É uma antropologia sem ciência nenhuma, tipo: ‘Você gostou do vestido? Se você se casasse hoje, você usaria aquele mesmo vestido?’. E é incrível, por que na repetição do assunto, quando eu transcrevo a entrevista e misturo com o romance, há uma terceira imaginação, que é uma coisa que jornalista faz – quando faz direito – que é criar a imagem da conversa. Por exemplo, eu entrevistei uma jovem senhora que você fica o tempo todo imaginando a infância dela, a vida dela. É como se eu me ausentasse da necessidade de ter um narrador e provocasse o leitor, pela entrevista, a buscar a linguagem do pensamento em que ele constrói o romance.

- Pode-se afirmar que é completamente diferente de toda sua obra?
Totalmente. Sou eu experimentando ao máximo. Eu lancei meu primeiro livro em 1996, de lá para cá eu fiz de tudo. Ainda tudo calcado no verbo e ainda tudo calcado no mesmo assunto que é o amor. Esta é uma tentativa, talvez a maior tentativa de corromper aquilo que mais domino, que é o romance.

- Mas existe esta necessidade de romper a estrutura? Por quê?
Sinto esta necessidade sim. Eu sinto claramente que isso vai ser um momento pontual, tanto que eu já estou escrevendo um novo romance de fato, por que já estou há mais de um ano escrevendo Eles Amam As Loucas.... E agora começa a doer, por que é um exercício de miligramas que está me exaurindo. Aí eu já começo com aquela vontade de sentar e contar história. Nunca linear, por que eu não tenho fôlego, sempre indo e voltando. Mas foi um exercício de compreensão de uma coisa que debochava muito nos anos 80, que era a arte pós-moderna, que eu achava patético. Este é meu grande projeto.

- Você tem abordado bastante o casamento em seus últimos trabalhos. Este é o assunto do momento?
É sempre. O amor. O amor é coisa mais interessante. É a verdadeira forma democrática de você se identificar com o outro, é a única forma que você se acolhe. É escutando uma música de amor que você se acalma, mesmo nos signos, quando nós buscamos informações nos oráculos, nós estamos atrás de respostas amorosas. Então, eu acho que o amor é a grande representação de uma unidade e eu não gosto de exceções, eu gosto de regras. Por mais que eu pareça tão incomum, eu não sou excludente, eu quero que as pessoas se identifiquem com meus livros. Ainda falo sobre as regras e o amor é a regra máxima.