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Noivas / Anuário 2011

Mãos de fada

A confeiteira Fiona Cairns tem entre seus clientes a realeza da Europa e celebridades como Paul McCartney

Mayara Krigner Publicado em 13/12/2011, às 04h11 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

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Fiona Cairns - Getty Images
Fiona Cairns - Getty Images

A boleira Fiona Cairns, 56, é uma lenda da confeitaria. Passaram por suas mãos desde o bolo de oito andares, com um metro de altura e 100 quilos do casamento entre o príncipe William e Catherine Middleton, até o bolo que comemorou o recorde de público do show de Paul McCartney no Maracanã. Em seu ateliê, localizado em Leicestershire, a 177 quilômetros de Londres, a inglesa produz mais de 750 mil bolos por ano, todos feitos e decorados à mão, com a ajuda de mais 75 funcionários.

Formada em design gráfico, Fiona só aprendeu a cozinhar há 25 anos, quando se casou. Em um Natal, presenteou os amigos e familiares com pequenos bolos que fizeram sucesso e se tornaram o incentivo para que ela transformasse o dom em negócio. Após se especializar em confeitaria, trabalhou como chefe de doces no restaurante Hambleton Hall, em Rutland, Inglaterra, até abrir sua própria fábrica. Em abril de 2012, Fiona vai publicar no Brasil seu livro The Birthday Cake Book, ainda sem nome em português.

Fazer um bolo para casamento é mais difícil do que fazer um bolo para outro evento? A responsabilidade e a pressão aumentam por ser uma data única para o casal?
R: Bolos de casamento são sempre muito pessoais e por isso é uma enorme responsabilidade deixar todos os detalhes perfeitos. O bolo de casamento é tão fundamental para o casal que provavelmente será o bolo mais importante de suas vidas.

Quais as diferenças entre um bolo de casamento e um normal? São os mesmo ingredientes, ou algum conservante especial é usado?
R: Nós só usamos os melhores ingredientes para todos os nossos bolos, então o casal que nos escolhe pode esperar um fantástico. Os bolos de fruta são a opção mais popular para casamentos. Nós usamos nossa receita tradicional de bolo de frutas durante todo o ano, para muitas ocasiões diferentes. O conhaque nesse tipo de bolo age como um conservante e também tem um gosto incrível. Os bolos de fruta são maturados de dois a quatro meses e podem ser conservados por pelo menos seis meses.

É possível falar em tendências para bolos de casamento? Existe algum tipo de bolo ou sabor que seja mais procurado pelos noivos?
R: Existem, sim, tendências e modas, assim como em vestidos e flores. Como empresa, nós temos um estilo clássico e tradicional com um toque moderno e somos reconhecidos por isso. Também adoro o estilo vintage e o incorporamos em vários modelos. Há também uma tendência para cupcakes que nós preparamos com um estilo próprio.

Como é o processo de criação de um bolo? Você faz tudo ou segue as orientações da noiva?
R: Somos conhecidos por ter um estilo próprio, então a noiva opta por nos procurar com base na sua impressão de nossos desenhos. É claro que trabalhamos com as ideias da noiva e sempre que possível vamos incluir no projeto do bolo referências ao vestido, flores e o local do evento.

Qual é o preço médio de um bolo feito por você?
R: Nós temos uma ampla gama de preços que começam a partir de £5 (cerca de R$ 13) para uma caixa de Fairy Cakes (espécie de bolo pequeno, parecido com um cupcake), a centenas de libras para um bolo de casamento de grande porte.

Qual foi o bolo mais diferente que você já fez, além de bolo do casamento entre o príncipe William e Kate Middleton?
R: Fizemos um bolo para sir Paul McCartney há 21 anos. Em 1990, ele fez um show no Brasil, em um estádio no Rio de Janeiro, que bateu o recorde do Guinness Book como a apresentação musical com maior público da história. O bolo devia se parecer com o estádio (do Maracanã) e foi tão complexo de fazer! Era um projeto real de arquitetura.

Catherine participou do processo de escolha do bolo ou essa foi uma decisão dos assessores do casamento?
R: William e Catherine são fãs dos nossos bolos de frutas e já conheciam o nosso trabalho. Catherine estava muito envolvida no projeto do bolo. Desde a primeira reunião que tivemos, a direção era bem clara. Nós deveríamos incluir a linguagem das flores, que é uma tradição britânica. E assim foi feito. Dezenove flores foram escolhidas pelos significados, por exemplo, o lírio do vale simboliza doçura e humildade. Levamos em conta a sala onde o bolo ficaria situado e nos inspiramos nas guirlandas do teto.

E quanto à técnica utilizada, houve exigências mais específicas?
R: Deveríamos utilizar a técnica Joseph Lambeth (veja box abaixo) e interpretá-la livremente. Nós também trabalhamos com um pedaço de renda do vestido da duquesa. O bolo tinha que combinar com o resto da decoração da festa.

Como foi o processo de montagem no Palácio?
R: Havia uma equipe de cinco pessoas e nos foi dada uma sala especial para montar o bolo. Demorou dois dias e meio para completá-lo, mas correu tudo certo e sem obstáculos.

Que conselho você daria para uma pessoa que vai escolher um bolo de casamento?
R: O melhor conselho que posso oferecer é não complicar o design. Um bolo deve combinar com o casamento como um todo. O vestido, as flores, o bolo e o local devem contar uma história.

*Lambeth é uma técnica tradicional de confeitaria, proveniente de um antigo estilo de decoração popular na Inglaterra. Nela, a decoração é feita com glacê real e sacos de confeiteiro com variados bicos para criar folhas, rendas, flores  outros adereços, dando um efeito 3D. A técnica já existia, mas Lambeth deu o seu toque e a fez popular lançando, em 1934, o livro Lambeth Method of Cake Decoration and Pratical Pastries.