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Música / Importância!

Gabriel Vicente revela como é interpretar o príncipe negro em A Pequena Sereia

Gabriel Vicente será o 2ª ator negro em um musical da Disney no Brasil e reforça a importância dessa representatividade para o cenário artístico

André Luiz Freitas Publicado em 15/07/2022, às 15h27

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Gabriel Vicente dará vida ao Príncipe Eric na 2ª temporada do musical 'A Pequena Sereia' - Foto/Pedro Dimitrow
Gabriel Vicente dará vida ao Príncipe Eric na 2ª temporada do musical 'A Pequena Sereia' - Foto/Pedro Dimitrow

Sucesso no Brasil em 2018, o musical A Pequena Sereia — superprodução da Broadway inspirada no clássico da Disney lançado em 1989 — está de volta a São Paulo para uma nova temporada até outubro no Teatro Santander. Durante esse período, crianças e adultos poderão embarcar na fantasia romântica e sonhadora da Princesa Ariel, que será vivida pela atriz e cantora Fabi Bang. A 2ª temporada estreia com mudanças no elenco, trazendo, pela primeira vez, um Príncipe Eric negro, interpretado pelo ator paulistano Gabriel Vicente.

O cantor se prepara para viver o personagem nos palcos e carrega a importância de ser o segundo príncipe negro no Brasil, dentro de um título Disney, dando continuidade ao trabalho de Tiago Barbosa, que viveu o Príncipe Topher em Cinderela.

Em entrevista para a CARAS Digital, o artista, que cresceu na periferia de São Paulo, conta que trazer essa representatividade, contada com um olhar ainda mais presente, é mais do que uma conquista profissional."Eu acho muito potente e eu fico muito feliz. É claro que eu só tenho por referência a minha própria história, que vai ser diferente de um preto de pele retinta, que vai ser diferente de um preto que tenha vivido em uma condição diferente da minha. Mas, olhando para a minha história, de onde eu vim, eu fico muito feliz de estar ocupando esse espaço que eu, honestamente, nunca tinha imaginado. Eu nunca tinha vislumbrado fazer o Príncipe Eric em “A Pequena Sereia”, e quando veio o convite para eu audicionar para esse personagem, eu descubro a possibilidade e já acho isso um máximo, e quando eu conquisto esse personagem eu abraço com todas as minhas forças, porque é um passo muito importante pra mim", afirma ele sobre estar grato com a oportunidade.

“Ao longo dos dias, após o anúncio de que eu seria o ator a interpretar o Príncipe Eric, eu comecei a receber mensagens de pessoas pretas, adultos e crianças, falando sobre como estavam felizes pela oportunidade de se verem no palco, em um personagem de protagonismo, com uma história tão bem sucedida como a de um príncipe da Disney. Eu fico muito feliz por poder gerar essa representatividade e também por sentir que eu estou conquistando um espaço que me possibilita definitivamente viver de arte”, celebra ele.

No bate papo, o ator ainda destaca que, embora a pauta da representatividade venha recebendo destaque, ainda há um caminho a percorrer, principalmente para novos artistas que procuram viver da sua arte: “Eu já vivo de arte há 12 anos, mas é sempre uma dúvida, aqui no Brasil, se vai ser possível viver disso pra sempre. A gente fica sempre muito aflito, pensando se é hora de recorrer a um plano B, de ter uma segunda profissão, de abrir um negócio, um empreendimento para você conseguir garantir a sua estabilidade financeira, para você garantir a sua permanência no mercado.”, pontua ele sobre o atual mercado artístico brasileiro.

“E aí quando você é uma pessoa preta vindo da periferia, você vai esbarrar em vários fatores. Você tem que rapidamente arrumar uma profissão e ajudar a colocar comida dentro de casa, ajudar a pagar as contas. Então, você ser artista já é um plano muito distante de onde eu venho. Eu costumo dizer que eu nunca tive muito apoio, mas não era nem porque eles não gostavam disso, mas porque realmente eles não acreditavam que essa poderia ser uma profissão que poderia me dar alguma coisa. Então, eu realmente fico muito feliz por ser essa figura que vai representar esse personagem, e em uma história de fantasia, que reforça a potência de sonhar, a potência de acreditar nas coisas que você correr, e correr atrás da sua luta, dos seus objetivos.", explica ele.

Ele ainda conta que, mesmo não sendo o primeiro papel de príncipe de sua carreira, esse tem um significado especial, principalmente pela personalidade "rebelde" do personagem, que o tem ensinado muito: "Ao longo dos ensaios eu fiquei admirando essa certa rebeldia que o Eric tem de não deixar ninguém fazer escolhas por ele. Por mais que aquilo já esteja muito estruturado, o grande mentor do Eric tenta fazer o que tem que ser feito: o Eric se casar, ter uma família e assumir o reino. E ele não quer aquilo, embora ele saiba que é exatamente o que tem que acontecer", pontua ele.

"Não tem muito para onde fugir. Mas a persistência dele de não deixar ninguém fazer as escolhas por ele e assumir o risco de seguir sua intuição, que é um risco né? Você pode estar certo e pode não estar, mas que esse risco seja única e exclusivamente pelo seu desejo, e não dos outros. Ele tem me ensinado isso: quem faz as nossas escolhas somos nós mesmos. As pessoas têm o direito de dar um conselho, dar sua opinião, mas no final das contas quem faz a sua escolha é você, independente do tamanho do risco que você esteja correndo por isso.", finaliza.

O ator dividirá o palco com Fabi Bang, que dará vida a Princesa Ariel; Andrezza Massei, intérprete da terrível bruxa do mar, Úrsula; e Robson Nunes, responsável pelo carismático Sebastião. A versão do musical de Hans Christian Andersen é assinada por Mariana Elisabetsky e Victor Mühlethaler e tem direção musical de Jorge de Godoy.