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Banda Lítera celebra o sucesso do álbum 'Caso Real'

O cantor André Neto revelou que está feliz com a turnê da banda em São Paulo

Letícia Santiago Publicado em 30/06/2016, às 15h27 - Atualizado em 16/11/2016, às 14h54

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Banda Lítera - Divulgação
Banda Lítera - Divulgação

A Banda Lítera transformou  o rock em um estilo romântico ao unir  música e poesia. O trio que nasceu há 10 anos em Porto Alegre inspirou-se até mesmo no amor entre o Imperador Dom Pedro I e a Marquesa de Santos, Domitila de Castro, para compor alguns de seus hits do álbum 'Caso Real'. O estilo diferente também está no modo de vestir dos gaúchos André Neto, James Pugens e Rodrigo Bonjour, que sempre se apresentam com figurinos de época.

Em um bate-papo exclusivo com a CARAS digital, o vocalista André Neto contou que algumas músicas foram pensadas para desmistificar o machismo e o preconceito, e ainda revelou que irá participar de um programa culinário. Confira a entrevista na íntegra:

Como surgiu a ideia de unir música e poesia?
Eu anoto tudo, conversas com amigos, situações, reflexões, conversas que escuto na mesa ao lado. Tenho anotações em papel, no meu celular, onde der pra anotar na hora. Vou acumulando e um dia tudo vai virar alguma coisa, seja poesia ou música. Quando estou em casa com o violão e vem uma melodia ou algo soa como uma melodia, pego as anotações que tenho e transformo em música. Mas é um processo bem complicado, é a parte mais técnica dessa coisa de unir a poesia e a música. Sou eu que componho as músicas da banda, então não sei se é bem uma ideia, é mais uma necessidade de fazer a canção.

Por que compor músicas baseadas no romance do Imperador Dom Pedro I e da Marquesa de Santos?
Temos esse caso real aqui no Brasil, caso real nos dois sentidos, caso real de história verídica e caso real por ser uma história do Império. Essa história brasileira de verdade é como as histórias que são fabricadas muitas vezes na Europa e em  todo o mundo. Na Espanha tem o Dom Quixote, na Inglaterra tem Romeu e Julieta, e assim vai. E a gente tem algo real aqui no Brasil e não explora, não utiliza, não sei por que. Acho que é uma mania de brasileiro mesmo não valorizar o seu produto. Então resolvemos fazer isso, e tendo esse episódio da história como background vem muitas questões como a de gênero, do amor impossível,  tem a questão do feminismo também - a Domitila é considerada uma das primeiras feministas do Brasil, e ela foi uma grande mulher. Domitila foi amante do Dom Pedro I por 7 anos e isso não é nada na vida dela, que viveu quase até os 80 anos de idade. Porém, ela ficou com o estigma de amante do Dom Pedro I e isso por conta do machismo. Ela foi uma personalidade com diversas atividades, promovia saraus na casa dela, era muito ligada aos poetas, aos estudantes de São Paulo, patrocinou diversos eventos, ajudou a enfermaria também na Guerra do Paraguai. Foi uma pessoa muito caridosa e com intensa atividade ao longo da vida. Isso não ficou registrado na história, quer dizer, se registra alguma coisa de certa forma, mas não com a devida importância, pois ela sempre é mais lembrada como amante do Dom Pedro I. Então a gente quer mostrar dentro dessas músicas, dentro desse tema e abordagem, todas essas questões  de amores impossíveis, de gênero, de classe, de cor, e o lance do machismo também.

Você tem alguma inspiração na música?
Um ídolo na música é difícil porque, dependendo da fase na vida da gente, vai mudando a pessoa que te inspira, né? Mas tenho sim pessoas que me inspiram na música, porém não são músicos. Fernando Pessoa, Mario Quintana e Cartola me inspiram. Mas, se eu fosse citar um agora além do Cartola, diria Gonzaguinha, que é o artista que mais tenho escutado nos últimos dias.

Vocês espalharam na música e pelas redes sociais a frase 'Você já viveu um amor impossível?'.  Você já vivenciou um amor impossível? Como se deu a inspiração para essa questão?
Essa frase nasceu da banda conversando. A gente precisava de uma ação que conectasse as pessoas, que a gente pudesse comunicar com um outro tipo de linguagem. Já tínhamos canções, mas observávamos que as pessoas tinham algo para falar também. Toda vez que fazíamos um show, elas conversavam com a gente e não era só para parabenizar pelo show, as pessoas queriam falar mais sobre aquilo, elas tinham algo a dizer. E aí, em uma uma conversa entre eu, o Rodrigo e o James, achamos legal fazer uma ação para conectar as pessoas. Nasceu muito natural, não sabemos ao certo como surgiu essa pergunta, porém lembro que no século XIX, as pessoas colavam cartas nas paredes para o seu amor ler quando estivesse passando. Então quisemos causar isso nas pessoas, que quando as elas estivessem andando na rua se questionassem. Foi uma forma de divulgar o disco e ao mesmo tempo conectar a banda com as pessoas. Desenvolvemos uma ação de colar adesivos nas ruas para incentivar as pessoas se questionarem sobre a frase 'Você já viveu um amor impossível?' . Hoje temos stickers colados em muitas cidades e países. Outra parte dessa ação acontece quando o baixista James anda com um cartaz pelas ruas com a mesma frase, a partir disso colhemos depoimentos de pessoas e gravamos em vídeo. E sobre eu ter vivido um amor impossível, sim, estou vivendo dois amores impossíveis. Um deles é o de estar na estrada com a minha banda, pois era uma algo que considerava muito difícil. A gente nasceu em um bairro muito pobre de Porto Alegre que chama Sarandi, do qual a gente tem muito orgulho e ostenta ter vindo de lá. Mas é muito complicado e difícil sair de lá, tu sai totalmente desacreditado pelas outras pessoas. Estamos em uma turnê por São Paulo pela segunda vez e isso é muito legal. Meu outro amor impossível vem do meu canal de gastronomia chamado Cozinheiro Amador, por meio dele consegui chegar no programa Batalha dos Cozinheiros, que será apresentado pelo Buddy Valastro, um grande ídolo. Participar desse programa concorrendo a um prêmio, aparecer nos canais Record e Discovery Home and Health e mostrar meu trabalho é incrível! Então eu estou vivendo um sonho dessa fase muito impressionante.

Vocês estão envolvidos em algum novo projeto? 
A gente começou a turnê Caso Real em São Paulo e agora queremos levá-la para todo o Brasil. Mas já temos um projeto para o ano que vem, que seria fazer uma resposta da Leopoldina para o disco da Domitila e do Dom Pedro I. E também já estamos pensando no próximo.

Vocês se identificam com um estilo romântico, até mesmo no figurino dos shows...
A banda é romântica, né? Mas a gente ouve estilos musicais diferentes, o James tem um estilo de música, o Rodrigo tem outro, eu tenho outro. Poucas coisas a gente tem em comum nesse sentido, mas paralelamente ouvimos músicas românticas.  Enfim, somos uma banda de rock que ouve muita coisa.  Acho que esse disco Caso Real é o disco em que a gente mais se define assim.

E o figurino dos shows a gente usa para que o espetáculo seja uma experiência para as pessoas. Usamos para que cada um que vá ao show, sinta o clima do disco, das roupas, do cenário. Buscamos fazer essa confusão, tirar as pessoas das suas zonas de conforto e fazer com que elas se mexam. Falar de um tema de 200 anos atrás mostrado que as pessoas estão vivendo isso agora, então essa é a nossa proposta: causar inquietude nas pessoas.

Banda Lítera