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Fashion / Rio Fashion Week

Fause Haten propõe desfile democrático sem convites ou seguranças

Um dos estilistas mais inquietos do Brasil antecipa as novidades de sua apresentação e diz o que vai aprontar nesta edição do SPFW

Ale Ougata Publicado em 23/10/2013, às 17h51 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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fause haten - Divulgação
fause haten - Divulgação

Fause Haten criou o seu próprio mundo.  Lúdico, maravilhoso, encantado, o lugar habitado pelo estilista nunca se pretendeu ao isolamento de suas ideias ou das salas de desfiles, ele quis chegar à cidade.


Em busca do risco, Fause sempre entendeu a moda como algo além dos vestidos flutuantes. Para ele, moda é pensar fora do próprio círculo. “Quero ser um fomentador criativo. Posso dialogar com a dança, música, poesia, o cinema e continuar falando de moda. Gosto de sair da zona de conforto”, disse em entrevista a CARAS.


Comodidade não parece ser uma palavra usada na terra fausiana. Há algumas temporadas, o estilista acostumou o frequentador da semana de moda de São Paulo a se perguntar: “o que será que Fause vai aprontar desta vez”. Ele que já cantou, declamou poema de autoria própria, conduziu modelos às cegas pela passarela, resolveu levar a sério a ideia de pensar fora do círculo e nesta edição de inverno do SPFW vai dividir com o público o processo de fazer uma coleção. “É uma tomada de posição da minha marca. De 24 a 29 de outubro vou mostrar gratuitamente os últimos seis dias que antecedem o desfile. Vou levar ao museu da FAAP minha fábrica e lá as pessoas vão ver o trabalho da modelista, da costureira, a escolha do casting, o fitting, a prova de maquiagem, até o momento da roupa pronta”. 

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Essa foi a maneira encontrada por Fause para dar acesso livre ao seu mundo, sem convites ou seguranças. “Chamo essa proposta de ‘Manifesto Entrada Franca’. Faz oito meses que estou pensando nesse projeto. A vontade surgiu ao perceber que a moda deve ser livre e dialogar com o maior número de pessoas possíveis. Quis sair das salas de desfile e levar minha apresentação à cidade. Vai ter quem goste e quem olhe torto. O importante é brincar com inesperado, despertar sensações. O próprio desfile (que acontece no dia 30 às 10h30 em local que será revelado pouco antes de começar) será como um flash mob. Ele ocorre e desaparece em seguida. Coisas inesperadas podem surgir no meio. Pode ser que chova, pode ser que você perca o desfile ou que ele aconteça ao seu lado. Qualquer sensação que isso provocar me interessa. Para mim, o desfile é um momento de beleza, de troca de experiências”.

Fábrica Dr. F

(construção da exposição)

A propósito do desfile de Fause Haten, ele guarda uma particularidade. “Minha roupa não será inverno ou verão. Me incomoda esta coisa de fazer peças em outubro e minha cliente só poder comprar em março. Criei uma estrutura que me permite desenvolver a coleção que logo após ser apresentada já pode ser consumida”.


Sobre a moda brasileira e a chegada dos conglomerados internacionais, Fause reflete. “Há 10 anos achávamos que o Brasil estaria vendendo horrores no exterior. O que vemos é o contrário, somos nós quem consumimos as marcas estrangeiras. O meu diferencial para sobreviver nesse mercado é ter um trabalho autoral. Fause Haten só faz Fause Haten. Não uso tecido Prada, não faço compras na tecelagem X, nem na maison Y, nem uso tecnologia de estamparia. Dos 20 looks que estou criando, todos levam estampas feitas à mão”.


E se o mundo de Fause Haten surgiu como um lugar lúdico, maravilhoso e encantado no início do texto. No final, após adentrar a Fábrica do Dr. F. (nome da exposição), ele deve se tornar real e tátil.