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Carnaval / Folia

Rainha de bateria, Juliana Alves diz que seu sonho de menina era ser porta-bandeira

Juliana Alves revela que viveu a crise dos 30 e diz que seu relógio biológico está "gritando" para ser mãe. "Mas tenho que cumprir algumas metas, ainda não é hora"

Redação Publicado em 08/02/2013, às 13h07 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Juliana Alves - Selmy Yassuda
Juliana Alves - Selmy Yassuda

Ser rainha de bateria da Unidos da Tijuca tem um peso a mais para Juliana Alves (30). Afinal, a escola campeã é uma das mais aguardadas pelo público que lota as arquibancadas da  Marquês de Sapucaí. Ciente disso, a atriz sabe exatamente qual a sua função na Avenida e promete não decepcionar. “O papel essencial da rainha é apresentar e exaltar a bateria”, diz, transmitindo humildade e simpatia, pontos essenciais para quem ocupa tal posto.

Juliana não segue nenhum ritual e nenhuma dieta mirabolante para fazer bonito diante de seus súditos. No dia do desfile da escola tijucana quer estar tranqüila. “Vou fazer minhas orações, meus exercícios de respiração. Vai ser um dia especial, de cuidado, porque tenho que estar na minha potência máxima, inteira”, avisa.

Há quatro anos e meio namorando o também ator Guilherme Duarte (36), ela contará com a presença do namorado durante o desfile. “Ele vai ali do ladinho, me acompanhando, vai de apoio moral" diz ela, que ainda não pensa em casamento. “Tenho um planejamento de vida, quero dar uma vida bacana para os meus filhos”, diz convicta. Confira a seguir a entrevista que Juliana Alves concedeu à CARAS Online poucos dias antes do carnaval.


- Você já viveu a experiência de ser rainha de bateria, acha que agora será diferente?

- Fui rainha de uma escola do grupo de acesso no Rio e não tive uma experiência como rainha porque me fizeram o convite muito em cima da hora. Apesar de morar na Tijuca, não frequentava a Império da Tijuca, apenas os ensaios de rua. Em São Paulo, substitui uma amiga atriz como madrinha e a  escola já tinha uma rainha da comunidade. Na verdade, fui prestigiar a escola, não era um posto como agora na Tijuca, não tinha essa responsabilidade.

- Ser rainha de bateria de fato era um sonho?

- Sabia que poderia ser legal, mas não tinha isso como um objetivo. Sonho de menina mesmo era ser porta-bandeira. Sempre frequentei quadra de escola de samba, mas a vontade de ser rainha de bateria surgiu depois que comecei a fazer algumas novelas. 

- Mesmo antes de você se tornar rainha da Unidos da Tijuca já se falava que você havia sido convidada para outras agremiações...

- Não aceitei outros convites pra ser rainha porque não me sentiria bem de ter esse posto numa escola que não fosse do meu convívio, que não tivesse uma identificação. Na Tijuca sempre tive uma história, foi lá que desfilei a primeira vez, em 2001. Naquele momento, sabia que não teria condições de corresponder à expectativa por conta do trabalho de atriz.

- Como é sua preparação física para o carnaval?

- Estou fazendo muito treinamento em circuitos, com meu personal Bebeto Cardoso. Já faço esse trabalho com ele há quatro anos, mas em momentos específicos eu intensifico, vou com mais frequência e a gente direciona para o que precisa. Agora, para o carnaval, a gente esta fazendo um circuito que alterna exercício aeróbico, aparelho e exercícios funcionais, durante uma hora, com aumento de carga e outra dinâmica, para melhorar o condicionamento físico e ter mais gasto calórico.  Na verdade, o papel essencial da rainha é apresentar e exaltar a bateria.

- Esse cuidado intenso com o corpo acontece o ano todo?

- Não sou uma pessoa de academia. Vou umas duas vezes na semana porque não é a atividade que mais amo fazer (risos). Gosto de dançar e só me afastei das aulas de dança porque são em turmas e à noite, horário em que comecei a fazer faculdade de teatro, então não consegui me encaixar nas turmas.

- Algumas rainhas radicalizam na dieta para desfilar. Como é a sua alimentação?

- Não faço nenhuma dieta. Essas coisas de comer clara de ovo,  não faço. Eu procuro seguir uma coisa que vá manter, não adianta fazer uma dieta agora e engordar o resto do ano. Então, intensifiquei essa reeducação alimentar, seguindo mais à risca, comendo alimentos integrais, fibras, folhas escuras pra combater retenção de líquido, uma colherinha de linhaça dourada de manhã, tomando chá verde, comendo de três em três horas.

- Então nunca fez dieta?

- Só se for algo fundamental e necessário para um trabalho. Na época de As Brasileiras, só tomava sopa à noite, meu prato era todo planejadinho, com duas colherinhas disso, daquilo, porque a diretora da série disse que eu estava com um corpo bom, mas precisava ficar mais magra porque a personagem necessitava disso. Aí fiz uma dieta para aquele personagem. Agora, não sei quanto estou pesando, não gosto de me pesar.

- Você está tensa por desfilar numa escola que gera tanta expectativa?

- Pela primeira vez tenho uma responsabilidade como essa: estar no posto de rainha de uma escola campeã do carnaval, a mais esperada da avenida pelas pessoas que amam com o carnaval e pelas que apenas sabem que é campeã. O fato de ser tijucana me conforta e faz com que eu me sinta acolhida. Todo o medinho que sinto acaba quando chego à quadra, tem uma troca tão boa que me fortalece.

- Mas como será seu dia antes do desfile?

- Vou acordar por volta das 10h e ter um dia tranquilo. Vou tentar não me envolver em nenhuma atividade desgastante para que esse dia não seja cansativo. Com certeza vou fazer as minhas orações, meus exercícios de respiração, que muitas vezes acabo não fazendo todos os dias. Vai ser um dia especial, de cuidado, porque tenho que estar na minha potência máxima, inteira.

- Quais são os requisitos fundamentais para uma rainha de bateria?

- Primeiro de tudo tem que ser uma pessoa que ame o samba e respeite a nossa cultura. Tem que ser simpática, humilde, amar a comunidade que representa de verdade. E, uma coisa que eu particularmente valorizo, ter o samba no pé pra fazer jus ao som maravilhoso e poderoso da bateria, que reverbera no nosso corpo inteiro. Não tem como uma bateria passar na frente de uma pessoa e ela não se modificar, a rainha tem a função de mostrar o poder que esse som tem, dançando, o corpo que fala e comunica esse poder todo.

- Você já posou nua. Repetiria a experiência?

Não. Fiz num momento específico e tinha um objetivo específico. Não posei por vaidade, foi para realmente ter uma mudança significativa na minha vida, comprar o imóvel em que moro, ajudar a minha família. Foi isso que fiz, realizei esse desejo. Não é uma coisa que tenha muito a ver comigo. Não me senti mal, mas não fiquei à vontade e confortável.

- E Guilherme tem ciúme de vocë?

- Não tem não, ele é tranquilo, confia muito em mim e me apoia.

- No domingo ele estará desfilando ao seu lado?

- Ele vai ali do ladinho, me acompanhando, vai de apoio moral. Estamos juntos há quatro anos e meio.

- Pensam em casamento ou já se sentem casados?

- Não me sinto casada, a gente está bem namorando, sabe? De repente, quando a gente resolver ter filhos, a gente case e dê mais sentido para esse relacionamento.

- Quer casar na Igreja?

- Não necessariamente numa Igreja, mas com certeza quero uma cerimônia, uma celebração,  acho fundamental pra compartilhar com as pessoas que me amam, me querem bem, faz muita diferença.

- Você completou 30 anos. Alguma crise?

- Tive sim, é um número forte e a gente fica pensando em tudo o que já fez e o tempo que tem para fazer as outras coisas. Dá uma balançada mesmo, mas é uma crise saudável porque quando a gente reflete tende a ter atitudes melhores depois.

- Com os 30 anos o relógio biológico começou a dar sinal?

- Já sim. Desde que minhas sobrinhas nasceram ele está gritando. Não posso ver criança que quero pegar no colo. Mas tenho um planejamento de vida, quero dar uma vida bacana pros meus filhos, tenho que cumprir algumas metas. Ainda não é a hora, mas quando Deus quer, não tem muito planejamento (risos).

- Você é uma pessoa religiosa?

- Não tenho uma religião porque as minhas famílias, por parte de pai e mãe, têm religiões muito diversas e  isso fez uma confusão enorme na minha cabeça. Preferi buscar a minha e peguei um pouco de uma, um pouco de outra, o que fazia sentido pra mim. Acredito muito na energia da natureza e acredito muito em Deus, a fonte de todas essas energias. A gente tem que saber se relacionar e utilizar essas energias para ter um equilíbrio com o meio em que vive. Ao longo dos anos, fui aprendendo formas de estar bem e conseguir atingir objetivos sem ter que entrar em conflito com as pessoas e foi muito bom esse processo. Nos últimos três anos fortaleci e estudei. Algumas ciências ajudam a gente a entender a nós mesmos.

- Você estava cursando psicologia. Concluiu a faculdade?

- Não, parei no quarto período e agora estou fazendo faculdade de teatro.

- Foi beneficiada pelo sistema de cotas. O que pensa sobre isso?

- Enquanto o sistema de educação pública não der condições paras crianças que em maioria são negras, terem oportunidade de disputar de igual pra igual uma vaga, por um erro histórico, a gente tem que ter alguma medida corretiva. E é uma responsabilidade nossa,  não adianta falar que é o governo, nós temos, enquanto cidadãos, uma responsabilidade pelas mudanças que queremos pro país. Lógico que tem muita coisa melhorando, mas a igualdade é favorável para todos os setores. Não acho que seja injusto, incorreto. Pelo contrário, estão procurando equilibrar a concorrência, que é desleal.

- Você terminou  Cheias de Charme e mergulhou no projeto rainha de bateria. Vai tirar férias depois do carnaval?

- Nos últimos anos, nunca ficava mais de um ano sem fazer uma novela. Às vezes, já estava engrenando num projeto de teatro e surgia uma novela, tinha a pré-produção. Agora quero focar em outras coisas que não sejam novela. Estou contratada e claro que se for convocada para trabalhar, vou com o maior prazer, é o que amo fazer. Mas preciso experimentar também outras áreas. Fiz muito mais televisão que teatro, e agora estou com alguns projetos, alguns envolvendo teatro. Amo trabalhar na televisão, mas o teatro é o que me encanta mais e a faculdade de teatro veio nessa busca, de me aprimorar, evoluir. Acabei de fazer um filme também, é minha terceira participação em cinema e essa teve uma importância maior pra mim. O filme se chama “Isolados”, do Tomáz Portela. É um longa de suspense que vai estrear esse ano.

- Em televisão você começou fazendo o Big Brother Brasil. Acha que ainda existe um preconceito da classe?

- Já era artista desde pequenininha, fazia dança, teatro amador. No mesmo ano do BBB tive a primeira oportunidade em uma novela, “Chocolate com Pimenta”. Foi muito inesperado, ainda estava me preparando, não me sentia atriz, fazia parte de um grupo de teatro amador e fazia faculdade junto, era colaboradora de uma ONG. Mas quando veio o convite foquei totalmente na carreira de atriz. Senti um pouco de resistência, mas algo totalmente compreensível, num ambiente em que as pessoas não me conheciam. Com o tempo foram me conhecendo e sinto que hoje têm um respeito, como profissional, de igual para igual.