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Paciência e orientação médica ajudam mãe na amamentação. Confira as respostas para as principais dúvidas

Camila Carvas Publicado em 01/08/2013, às 17h49 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Hoje comemora-se o Dia Mundial da Amamentação - Shutterstock
Hoje comemora-se o Dia Mundial da Amamentação - Shutterstock

O bebê nem nasceu e a mulher já está imaginando como será a amamentação. E, pode apostar, ela não será como aparece nas propagandas de dia das mães na televisão. Não porque será pior ou melhor, apenas porque se trata de uma experiência única e muito pessoal. É sabido cientificamente que o aleitamento materno é ótimo para as crianças. Estudos mostram que bebês que mamam exclusivamente no peito nos primeiros seis meses têm menor risco de infecções e obesidade, por exemplo. Mas e quando, pelo motivo que for, não dá certo? Chega a ser crueldade, principalmente com as mães de primeira viagem, que elas já comecem essa longa jornada carregando o peso da culpa. Sem querer fazer apologia às fórmulas, muito pelo contrário, a boa notícia é que elas cumprem bem o seu papel. E o nosso objetivo ao dizer isso não é fazer com que as mães corram para as prateleiras diante da primeira dificuldade, mas que se mantenham calmas se vislumbrarem essa possibilidade. Até porque, calmas, elas têm mais chance de conseguir seguir em frente com os seus planos de amamentar no peito. Por isso, nesta Semana Mundial da Amamentação, que começa hoje e vai até dia 7 de agosto, entrevistaremos especialistas e mães com diferentes experiências para ajudar quem quer amamentar com prazer e consciência tranquila. 

Para abrir nossa semana, fizemos dez perguntas clássicas sobre amamentação para a pediatra Ana Gabriela Pires dos Santos, da Clínica Vivid.

Caras Bebê - Até os seis meses de idade, quais vantagens o bebê tem ao tomar apenas o leite materno? E até os dois anos de idade? O bebê que toma leite artificial, exclusivamente ou como complemento, tem algum prejuízo no desenvolvimento?

Ana Gabriela - O leite materno é o alimento mais completo e saudável para o bebê até os seis meses de idade. Ele tem, além da composição de gorduras, carboidratos e proteínas perfeita para os bebês dessa idade, a quantidade adequada de vitaminas, ácidos graxos e anticorpos que ele precisa para crescer saudável e protegido de doenças. Depois dos 6 meses, a necessidade do bebê já não é totalmente coberta pelo leite materno e é necessário introduzir outros alimentos. Mas o aleitamento materno pode ser mantido até os dois anos de idade, já que a criança vai continuar se beneficiando, por exemplo, dos anticorpos (imunoglobulinas), presentes no leite. Outra vantagem da amamentação é que ela proporciona o contato entre a mãe e o bebê e fortalece os laços entre eles. Mas, muitas vezes, a mãe não consegue amamentar o bebê por 6 meses, porque tem algum problema ou porque volta ao trabalho antes. Quando isso acontece, é muito importante que o bebê seja alimentado com leites próprios para menores de um ano. Essas fórmulas são geralmente enriquecidas com vitaminas, ômega 3 e 6, e são preparadas de acordo com as necessidades de um bebê dessa faixa etária, tentando se aproximar da composição do leite materno. Quando alimentado de forma correta com leite artificial, a criança vai se desenvolver normalmente. Só poderá haver prejuízo no desenvolvimento se o bebê for alimentado com leite artificial inadequado como, por exemplo,  leite de vaca integral ou mesmo leite diluído.

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CB  - Quais são os principais erros cometidos pelas mães e que dificultam o aleitamento? A ansiedade e o medo de não conseguir atrapalham? Apesar de ouvirmos que amamentar é algo natural, por que muitas mulheres não conseguem?

AG - Amamentar não é tão fácil quanto parece, principalmente na primeira vez. Precisamos lembrar que nesses casos, é a primeira vez tanto para a mãe quanto para o bebê. O mais importante para o sucesso da amamentação é que a mãe seja bem orientada. Quando o bebê não mama da forma e na posição corretas, amamentar pode doer muito e até machucar o seio. Geralmente, essas orientações são dadas na maternidade, mas o pediatra deve e pode ajudar. Por isso, é importante que a primeira consulta no pediatra seja realizada cedo, ainda nos primeiros 10 dias, para que todas as dúvidas sejam respondidas. Outras dificuldades são quando as mamas ficam bastante túrgidas ou inchadas, quando o bico do seio não está muito saliente e quando a mama fica inflamada, a chamada mastite. A maior parte dessas situações, no entanto, pode ser resolvida com orientação de especialistas. A ansiedade e o medo podem atrapalhar, mas as mães devem tentar não se cobrar demais! Afinal, qual mãe não tem medo e ansiedade nos primeiros meses do bebê, principalmente no primeiro filho? Existem casos em que a amamentação é um desafio maior, como quando o bebê tem fenda palatina ou a mãe tem o bico do seio invertido. A boa notícia é que, ainda assim, é possível amamentar. Mas é necessário ter calma, paciência, orientação especializada e acreditar! Se a mãe não conseguir amamentar de forma alguma, não deve sentir se culpada. Hoje existem recursos para que um bebê mesmo alimentado com leite artificial cresça saudável.

CB - Todo mundo diz, ou pelo menos toda mãe lê, que não existe leite fraco. Mas, algumas vezes, quando o leite é ordenhado e as fases se separaram, percebe-se uma camada de gordura maior ou menor. Por quê?

AG - O leite materno não é fraco. Mas a composição do leite é diferente no início da mamada , no meio e no final. Ele também muda conforme o bebê vai crescendo. Essas mudanças e variações são fundamentais para que o bebê se alimente da quantidade correta de gordura, carboidratos, proteína e água. Por isso, quando a mãe ordenha o leite e as fases se separam, percebem-se diferenças na quantidade de gordura.

CB - Por que existem mulheres que têm leite, conseguem ordenhar, mas a amamentação não dá certo? O bebê “não pega”, por exemplo.

AG - A primeira coisa que deve ser feita é a análise por uma enfermeira especializada em amamentação ou pediatra para verificar se a posição do bebê para mamar e a “pega” estão corretas. Na maioria das vezes, a amamentação não dá certo porque elas estão erradas.

CB - Cesária ou parto normal influenciam na amamentação?

AG - O tipo de parto, cesárea ou normal, não influencia na amamentação.

CB - Como deve ser feito o desmame?

AG - O desmame, assim como a amamentação, deve ser gradual e orientado por um pediatra. É importante informar, por exemplo, quando você vai voltar a trabalhar, se vai poder continuar amamentando ou não, para que o desmame seja planejado.

CB - Bebês que tomam leite artificial começam a “comer” mais cedo, antes dos seis meses? Por quê?

AG - É verdade e recomendado. Quando a criança é alimentada com leite artificial, a introdução dos alimentos sólidos deve ser feita de forma mais precoce, já que o leite artificial, até as fórmulas próprias para a idade, não tem a mesma composição do leite materno.

CB - Qual é a dieta ideal para uma mulher que está amamentando? Ela sente mesmo mais fome ou é lenda?

AG - A mulher pode, sim, sentir mais fome e, certamente, mais sede. Quanto à dieta, sempre existem aquelas discussões: evitar chocolate, evitar leite, evitar este ou aquele alimento. A verdade é que a mulher que está amamentando deve ter uma dieta saudável, equilibrada.  A dieta deve ter quantidades e proporções adequadas de carboidratos, gorduras e proteínas, variedade de frutas, legumes e verduras frescos. Para garantir a quantidade adequada de ômega 3 e 6 no leite, a mãe também deve ingerir peixes ou ovo três vezes por semana.

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CB - É verdade que os bebês que tomam LA aceitam frutas e papinha mais fácil do que bebês que mamaram LM exclusivo até os seis meses?

AG - Não necessariamente. A aceitação de novos alimentos para os bebês que estão em aleitamento materno ou artificial é bastante semelhante e varia de bebê para bebê.

CB - Alguma dica para as mães que pretendem amamentar seus filhos no peito? Se a mulher não estiver bem alimentada, descansada e também tranquila, as dificuldades serão maiores?

AG - A maternidade é um momento maravilhoso, mas muitas vezes difícil. A mãe se sente insegura, acha que não vai conseguir cuidar do bebê... Ama tanto aquele filho e não sabe como cuidar dele. Meu conselho é: acredite em você e confie na sua intuição!

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