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Transparência, conversa e informação são essenciais contra o câncer infantil

Juliana Cazarine Publicado em 08/04/2013, às 11h54 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Hoje, a estimativa de cura do câncer infantil no Brasil é de 70% - Shutterstock
Hoje, a estimativa de cura do câncer infantil no Brasil é de 70% - Shutterstock

Não é fácil para um pai e uma mãe receberem a notícia de que o filho está doente. Ainda mais se o diagnóstico é de câncer infantil. A negação é a primeira reação dos pais e vem acompanhada de tristeza e medo. Sentimentos que não podem - e não devem - ser evitados, mas não têm que dominar as emoções. Hoje, a estimativa de cura do câncer infantil no Brasil é de 70%. Há 40 anos, era de apenas 20% aproximadamente. “É preciso sentir toda essa sensação e, depois, encarar o problema e conversar muito sobre a doença. Quanto mais você conversar, mais informação vai ter e vai assimilar melhor a situação”, afirma Gabriela Rocha Vaz, psicóloga clínica com especialização em psicologia clínica hospitalar.

O primeiro passo após a descoberta da doença é procurar um centro de referência para iniciar o tratamento. “A criança vai precisar de uma equipe multidisciplinar, com oncologista, nutricionista, cardiologista, psicólogo. Enfim, de profissionais que deem suporte para as possíveis alterações que ela possa ter por conta do tratamento”, diz Willian Casagrande, pediatra do Hospital Anchieta. Não pode existir segredo entre médicos e pais. Eles também vão precisar do suporte da equipe para superar o problema. “É importante que a família busque um grupo no qual possa conhecer pessoas que estão enfrentando a mesma situação. Eles vão saber que não estão sozinhos”, afirma Gabriela.

O paciente, por menor que seja, também precisa saber sobre sua situação. A notícia precisa ser dada de forma que ele entenda, mas conversa não vai funcionar com um bebê, por exemplo. “Os pais vão contar da maneira que acharem melhor. Podem dizer: ‘você está ‘dodói’ e vamos precisar ir ao médico com frequência'. Mas, se tiver dúvida de como contar, fale com os médicos dele, com psicólogos e tire todas as dúvidas”, aconselha Gabriela. “E se a criança fizer perguntas, responda”, diz. Assim como seus pais, ela também vai precisar sentir toda a emoção do momento para encarar a doença. “Se ele quiser chorar, deixe. Não diga que não precisa chorar. Diga: 'eu sei que é ruim, doloroso, mas a gente está ao seu lado para você melhorar'”, avalia Gabriela.

De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2013, cerca de 11,5 mil crianças podem ser diagnosticadas com câncer infantil, que pode aparecer em qualquer parte do corpo. As técnicas e tratamentos contra a doença avançaram, mas o diagnóstico precoce é determinante para o sucesso do resultado. Fazendo acompanhamento médico regular, o câncer - e qualquer outra doença - pode ser descoberto ainda no início através de exames de rotina e da percepção do profissional que acompanha a criança. “Até um ano de idade, o bebê precisa ir ao médico uma vez por mês. A consulta precisa ser trimestral até os cinco. E depois, até os dez, as visitas são semestrais”, diz Casagrande.

O médico é o único profissional que pode levantar uma supeita sobre a doença. “É que o câncer pode apresentar sintomas comuns aos de enfermidades recorrentes na infância, mas o profissional que acompanha a criança vai suspeitar de algo se eles não desaparecerem no tempo esperado”, diz Isis Magalhães, oncologista do Centro de Câncer de Brasília.

Mas as visitas ao médico não precisam - e não podem - ser motivo de pânico. Elas são necessárias para acompanhar o desenvolvimento da criança. “De um grupo de pessoas com câncer, cerca de 3% a 5% são crianças. É um índice baixo. A consulta serve para acompanhar o desenvolvimento. Não significa que os pais vão encontrar uma doença”, afirma Isis. Também para o câncer existe um grupo de risco. Mesmo assim, não significa que a criança que está inserida nele vai desenvolver a doença. “Bebês que nasceram com síndromes genéticas, como a Síndrome de Down, têm mais chance de ter câncer e precisam de atenção médica especial”, diz Isis.