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Verde, sempre tendência entre arquitetos e designers

Alternativas ecológicas ganham cada vez mais destaque ao aliar soluções inovadoras com beleza, eficiência e personalidade

Redação Publicado em 21/07/2011, às 16h02 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

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Jardim vertical do restaurante kaá, em são paulo, feita pela empresa quadro vivo, 11 3898-0013 [gicamesiara.com.br]. A técnica embeleza, refresca e deixa o ambiente mais ecológico - Divulgação
Jardim vertical do restaurante kaá, em são paulo, feita pela empresa quadro vivo, 11 3898-0013 [gicamesiara.com.br]. A técnica embeleza, refresca e deixa o ambiente mais ecológico - Divulgação

A palavra do momento é sustentabilidade. Os arquitetos e designers estão cada vez mais atentos à proteção ambiental e inserindo em seus projetos alternativas ‘verdes’. As diversas opções podem ser aplicadas em   projetos de construção, reforma, ou até mesmo pequenas mudanças de hábitos. Aliar a consciência ambiental sem abrir mão do charme é o desafio, mas não faltam opções belas e sustentáveis para transformar a  casa.

As novidades eco-friendly aparecem nos ambientes externos e internos. A sala de uma residência, por exemplo, já pode contar com uma lareira ecológica que não consome madeira e nem produz fumaça no ambiente. “É uma boa alternativa porque funciona com um biofluido especial que gera a chama”, diz Glaucio Gonçalves, arquiteto e especialista em planejamento de empreendimentos sustentáveis. “Além disso, a emissão de  CO2 é baixíssima, menor que o equivalente à nossa respiração. O custo em relação à lareira tradicional praticamente se iguala a curto prazo”, afirma.

Os pisos de madeira ainda são predominantes em projetos residenciais. Mas além da madeira de demolição, uma escolha para quem gosta do estilo e não quer abrir mão da preservação do meio ambiente é o piso de bambu. “Ele possui praticamente as mesmas características dos pisos de madeira em relação à resistência e durabilidade, mas com a diferença de ser um produto sustentável”, diz Fábio Siqueira, diretor executivo da Bamboofloor, que há cinco anos desenvolve esse tipo de piso. “Ainda existe muita desinformação no mercado sobre a questão da regulamentação da matéria-prima. A verdade é que poucas empresas realmente   investem em laudos e certificações de seus produtos”, afirma Siqueira. Segundo o empresário, o ciclo de colheita do bambu varia entre quatro e cinco anos, enquanto o de um ipê, por exemplo, pode chegar a 30 anos.

A economia de água é outra preocupação. Sistemas que diminuem o consumo estão disponíveis no mercado como, por exemplo, a linha W+W da Roca. A pia e a bacia sanitária são integradas. Quando o usuário utiliza a pia, a água é filtrada e vai para o reservatório da bacia. Na hora de acionar a descarga, é possível escolher liberar três ou seis litros da água reciclada.

A iluminação também interfere no meio ambiente. As lâmpadas de LED surgiram no mercado como uma solução para o gasto de energia, mas a escolha requer cuidados. “O sistema dessa lâmpada é bastante eficiente, só que grande parte do LED comercializado é produzida na  China. E sabemos que existem empresas de primeira linha e empresas com produtos de menor qualidade. É preciso tomar cuidado com peças muito baratas”, diz o arquiteto Guinter Parschalk. “Se a lâmpada de LED não for bem feita, ela não terá um bom desempenho e a vida útil será reduzida, obrigando o consumidor a jogá-la fora. Outro aspecto é o calor.As lâmpadas de LED têm um material dissipador, o alumínio, que quando descartado causa um grande problema ambiental”, acrescenta.

A reciclagem de lâmpadas ainda é pequena no Brasil, mas já existem empresas que recebem o material descartado e realizam o processo. “Todos os elementos das lâmpadas são separados durante a reciclagem. Após o processo de descontaminação, cada item é destinado para um local específico da cadeia industrial”, diz Gledson Gomes, coordenador comercial da Tramppo, empresa especializada na reciclagem de lâmpadas. “O  vidro e o pó fosfórico são destinados para indústria de cerâmica, os terminais de alumínio são enviados para uma cooperativa de fundição e o mercúrio vai para fins de pesquisa em um instituto na cidade de São Paulo”, diz. A empresa tem a capacidade de reciclar cerca de quatro milhões de lâmpadas por ano. Eles recebem o material na sede da empresa e cobram R$ 1,50 por cada lâmpada reciclada.

Já para a parte externa da casa, a tendência caminha para a inserção de mais plantas. Mesmo sem ter muito espaço, já é possível fazer jardins até nas paredes. É o caso da empresa Quadro Vivo, que desenvolveu uma técnica própria de plantação vertical. “O jardim vertical reduz a poluição sonora, do ar, além de regular a temperatura do ambiente e interagir totalmente com a arquitetura, a decoração e o desejo do cliente”, diz Gica  Mesiara, diretora da empresa e inventora da técnica.

A irrigação do jardim pode ser feita automaticamente ou com acionamento manual e a conservação das plantas é simples. “Nós podemos fazer esse serviço ou então treinamos o jardineiro, mas a manutenção é basicamente regar, fazer a poda da limpeza e contenção, retirar folhas secas uma vez por mês e colocar adubo e substrato próprio para esse tipo de jardim”, afirma Gica. Mas as plantas também podem, literalmente, subir no telhado. A técnica está se popularizando nos Estados Unidos e Europa, e começa a ser utilizada no Brasil. “O jardim pode ser implantado em qualquer tipo de telhado. O cliente pode escolher a planta que será instalada porque podemos colocar folhagens, flores e até uma horta”, diz João Feijó, diretor da Ecotelhado, especilizada na construção desse tipo de telhado.

Além do reaproveitamento da água da chuva, que acontece através dos reservatórios embutidos na parte de baixo da estrutura, o telhado verde regula a temperatura interna da casa. “Não precisa nem usar    ar-condicionado porque o calor não penetra”, diz Feijó. Outra vantagem dos jardins é ajudar a evitar enchentes. Benedito Abbud, arquiteto e paisagista, aplica em seus projetos um piso permeabilizante, permitindo que toda a água das chuvas desça diretamente para o solo. “O piso é desenvolvido com resíduos de cerâmica e cimento e drena 80% da água das chuvas. Além de residências, é indicado para projetos comerciais,
praças e parques”
, afirma Abbud.

A grande barreira para o uso das alternativas sustentáveis na arquitetura é que as pessoas ainda não buscam soluções eco-friendly por acharem que o custo será maior. “Em um primeiro momento, o projeto  sustentável pode parecer mais trabalhoso e, por vezes, necessita de mais investimento", diz Zoe Gardini, arquiteta, "no entanto, o processo é vantajoso se olharmos a longo prazo”. Porém, uma vantagem da arquitetura é que os projetos precisam ser pensados a longo prazo, já que uma construção existirá por muitos anos. E ninguém duvida que a sustentabilidade terá um papel cada vez maior em nosso futuro.